A propósito
das comemorações do Dia Internacional
das Vítimas do Crime de Genocídio (9 de dezembro) e do Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro), aqui
deixamos a sugestão do filme-documentário Nuit
et Brouillard (Noite e Nevoeiro),
do realizador francês Alain Resnais.
Em
1955, para assinalar os 10 anos da libertação dos campos de concentração e de
extermínio, o Comité Francês de História para a Segunda Guerra Mundial encomenda
a Alain Resnais a realização de um documentário sobre o sistema
concentracionário alemão.
Desta
encomenda nasce o filme Nuit et
Brouillard (Noite e Nevoeiro, em
português), título que alude ao decreto publicado na Alemanha nazi em 7 de
dezembro de 1941, da autoria de Heinrich Himmler e assinado por Hitler, que
obriga à deportação para a Alemanha de todas
as pessoas acusadas de crimes contra o III Reich em territórios ocupados e que
“representassem perigo para a segurança do exército alemão”, como suspeitos
de ações de sabotagem ou de serem membros da resistência, opositores ou
refratários à política nazi. Este
decreto dá origem à operação Nacht und
Nebel (NN), Noite e Nevoeiro.
Alain
Resnais utiliza imagens de arquivo, a maior parte filmada pelos próprios nazis,
acrescentando as que os soviéticos realizaram aquando da libertação dos campos
de concentração e de extermínio, em 1945, e as que ele próprio regista dez anos
depois. A acompanhar as imagens da guerra e do pós-guerra, ouvimos, pela voz do
ator Michel Bouquet, o texto/poema de Jean Cayrol, um dos sobreviventes do
drama e autor do argumento.
A deportação
O campo de concentração (imagem recolhida em 1955)
Numa atividade inserida no Plano Nacional de Cinema, após
a visualização deste documentário numa aula de História A, os alunos do 12º E,
curso científico-humanístico de línguas e humanidades, foram desafiados a produzir
um pequeno texto sobre a temática em questão, escolhendo, quando assim o
entendessem, uma banda sonora para acompanhar o texto.
Publicamos
alguns dos textos elaborados:
Wolgang e Frank são grandes amigos. Os dois rapazes têm
várias coisas em comum: além de terem ambos 12 anos, frequentam a mesma escola
e têm gostos semelhantes. No entanto, há uma diferença, para eles pequena, para
outros gigante, que os irá colocar em lados completamente opostos.
Certo dia, Frank aparece na escola com algo diferente na
sua roupa. Cosida no seu casaco está uma estrela amarela. Quando este se
aproxima dos colegas, todos se afastam. Todos exceto Wolfgang. Ao contrário de
todos os outros rapazes, Wolfgang não conhecia o significado daquela estrela e,
por isso, não via razão para se afastar do amigo.
Achando que o seu companheiro deveria saber a verdade,
Frank conta a Wolfgang a razão pela qual tem de usar a estrela. Apesar de todas
as explicações, Wolfgang recusa afastar-se de Frank. Para ele, nenhuma estrela
amarela cosida num casaco o pode impedir de brincar com o amigo.
Frank passou a usar aquela estrela todos os dias e, por
isso, a sua única companhia era Wolfgang, que continuava a achar que nada o
poderia separar separar do colega. Estava enganado.
Num dia tão normal como todos os outros, os dois meninos
estavam a brincar perto da casa de Frank. A certa altura, alguns militares
entram na casa do rapaz e, pouco depois, voltam a sair trazendo toda a sua
família. Já na rua, os militares veem a estrela no casaco de Frank e este é
obrigado a juntar-se à família.
A última coisa que Wolfgang viu do amigo foi a estrela
amarela. Aquela que, para ele, não tinha qualquer significado, mas que para os
outros foi suficiente para levarem Frank para longe.
Banda sonora:
A música que escolhi para acompanhar o meu texto foi “I won’t complain” de Benjamin
Clementine porque penso que a letra pode retratar aquilo que foi a vida dos que
sofreram com o Holocausto. Após serem levadas para guetos ou campos de
concentração, as pessoas sabiam que os tempos que se aproximavam não seriam, de
todo, melhores que os anteriores, por isso, restava-lhes manter a esperança de
que tudo iria melhorar, não no imediato, mas mais tarde.
(Mariana Lourenço)
Poema
Uma memória triste
De quem já perdi…
Lembranças no sonho, e no olhar
Lembranças de como seria
Se não tivesses partido.
Só queria que tudo tivesse sido um
sonho
Ficaste longe, desde aquele dia…
Ficaste tão longe, como o fim do mar
Quem me dera recordar
Todos os poucos momentos que vivemos
Todos os beijos, abraços e
brincadeiras
Só queria mais uma oportunidade,
para te voltar a dizer
AMO-TE…
(Sobrevivente
que perdeu o pai no campo de concentração de Auschwitz)
(Beatriz Aguiar)
(Auschwitz, 2016)
Poema
Foi
por volta de 1933
que
o horror começou.
Esse
maldito ano!
Essa
maldita década!
Esses malditos homens!
Foram
mais de 10 milhões
as
pessoas torturadas.
Uma
gigantesca quantidade de canhões
dispararam sobre
terras devastadas.
Auschwitz,
esse lugar amaldiçoado,
tanto
sangue sobre esse sítio foi derramado.
Nem
das mulheres e das crianças tiveram piedade,
os meninos dos pijamas
às riscas em fornos queimados.
Os
doentes eram aniquilados,
era
assim que Hitler mandava matar os coitados.
Vivia-se
o inferno na terra
e onde estava Deus
nesse momento de guerra?
(Diana Freitas)
(Diana Freitas)
Uma
vítima do Holocausto
Comecei por viver no gueto, bairro Judeu que servia para nos separar dos Arianos, a raça pura, não poderíamos ficar misturados pois isso seria uma vergonha para os arianos, estarem perto de com uma raça tão suja como a nossa.
Vivi cerca de sete meses no gueto, a vida lá era complicada, cada um por si a lutar pela sobrevivência pois cada dia era uma vitória para quem sobrevivia ali. As fontes de alimento cada vez ficavam mais fracas e todos os dias eram levados vários judeus para campos de trabalho, segundo o que corria dentro do gueto. Até ao dia em que chegou a minha vez, tinha vinte e nove anos, acabados de fazer no ano de 1935, eu e a minha irmã mais nova, Suzy, as únicas que restavam da nossa família, fomos levadas para ir para um campo de trabalho. Na altura ela tinha dezassete anos, estava quase a atingir a idade que consideramos “a idade adulta”, mas aos meus olhos ela ainda era uma criança, com uma alma jovem e inocente que de pouco se apercebia do que acontecia à nossa volta, pois sempre fiz questão de a colocar à minha frente e mantê-la afastada de tudo o que pudesse ser considerado “mau”, afinal ela era minha irmã mais nova e eu era como se fosse a mãe dela.
No dia em que me foram buscar. Lembro-me que era já de noite e estava a remendar um vestido que pertencia à Suzy, e que se tinha descosido com o desgaste do uso, não tínhamos grande acesso a roupa e fazíamos os possíveis para andar bem vestidas. Estava sentada numa cadeira de baloiço na sala de estar, quando ouvi um barulho, pareceu-me ser um carro de grande porte e barulhos de soldados e nesse momento só gritei para a Suzy se esconder e apagar as luzes. Tinham já passado cerca de três minutos quando ouvi um estrondo, a porta do pequeno apartamento tinha sido arrombada, instantes se passaram até as luzes se acenderem e pegarem em mim e na minha irmã que estava algures escondida no quarto.
Foi uma longa viagem até chegarmos ao campo de trabalho, íamos num comboio atulhado de judeus como nós e alguns deles não foram capazes de terminar a viagem devido à falta de espaço dentro do comboio que levaria diretamente alguns deles à morte. A primeira coisa que senti quando cheguei foi um forte cheiro a carne assada, pensei que havia alimento à vontade para todos, mas eu nunca tinha estado tão enganada na minha vida.
Quando fomos despejados do comboio fomos diretamente encaminhados para uma sala onde nos era marcado na pele um número, dado um uniforme com riscas verticais azuis e brancas em conjunto com um chapéu e raparam todo o nosso cabelo. Nesse momento esforcei-me o mais que consegui para não verter lágrimas e vi o mesmo no olhar da minha irmã, que ainda se encontrava comigo. Juntamente com as roupas que tínhamos vestidas levaram também os nossos pertences, com o aviso de que seriam bem guardados para que, quando saíssemos de lá, os pudéssemos ter de volta.
Fomos enviadas para os dormitórios femininos, onde se encontravam beliches para mais de uma centena de mulheres. Na madrugada em que chegámos, só me lembro de ter adormecido num canto de um dos beliches enquanto abraçava a minha irmã para enganar o frio que corria pelo nosso corpo. Passaram cerca de 45 minutos até se ouvir o som de um género de campainha, todas nos levantámos e fomos distribuídas por espaços no trabalho no campo. Trabalhei três meses no duro sem praticamente algum tipo de alimento, todos os dias a mesma rotina desde o dia em que tinha chegado, enquanto via a minha irmã morrer sem ser mais capaz de a proteger, por essa altura já tinha entendido bem de mais o que nos estavam a fazer dentro daquele campo, e ao final de umas três semanas descobri o que era o tal cheiro a carne assada, nada mais que o cheiro dos corpos queimados de todos aqueles que eram enviados para as câmaras de gás e morriam, mas o mais importante era fazer de conta que não tinha entendido nada e apenas continuar a trabalhar, porque bastava abrir a boca para passar a carne assada em menos de cinco minutos.
Alguns deles nem tinham a oportunidade de saber o que era o cheiro a carne assada, e eram diretamente levados para as câmaras de gás, começando com gritos de socorro e terminando nove minutos depois com puro silêncio e depois apenas o cheiro incessante a carne assada.
Era impossível fazer amigos dentro dos campos, pois cada vez que fazia amigos dias depois nunca mais ouvia falar deles e isso era emocionalmente impossível de aguentar, então a melhor opção eram dar-me bem com todos, mas nunca criar ligações com ninguém porque perder a minha irmã e os meus amigos já tinha sido o suficiente para mim.
Mudei de posto de trabalho algumas vezes, através de alguns contactos dentro do campo, trabalhar nas latrinas era o melhor sítio porque, apesar do cheiro imundo, não tínhamos os nazis atrás de nós a bater e mandar trabalhar mais rapidamente. Trabalhei também no “Canada” nome dado ao armazém onde iam parar todos os nossos pertences, casacos cheios de dinheiro nos forros, pinceis de barbear que pertenciam aos homens, relógios de bolso, todo o tipo de pertences, e foi a partir do “Canada” que consegui ser evacuada com a ajuda de alguns conhecidos dentro do campo.
Mas a verdade é que tudo o que passei lá dentro foi pior que um filme de terror e o trauma que isso deixou em mim nunca me vai largar e nunca mais vou conseguir ter a mesma ligação e confiança que tinha com os seres humanos.
Comecei por viver no gueto, bairro Judeu que servia para nos separar dos Arianos, a raça pura, não poderíamos ficar misturados pois isso seria uma vergonha para os arianos, estarem perto de com uma raça tão suja como a nossa.
Vivi cerca de sete meses no gueto, a vida lá era complicada, cada um por si a lutar pela sobrevivência pois cada dia era uma vitória para quem sobrevivia ali. As fontes de alimento cada vez ficavam mais fracas e todos os dias eram levados vários judeus para campos de trabalho, segundo o que corria dentro do gueto. Até ao dia em que chegou a minha vez, tinha vinte e nove anos, acabados de fazer no ano de 1935, eu e a minha irmã mais nova, Suzy, as únicas que restavam da nossa família, fomos levadas para ir para um campo de trabalho. Na altura ela tinha dezassete anos, estava quase a atingir a idade que consideramos “a idade adulta”, mas aos meus olhos ela ainda era uma criança, com uma alma jovem e inocente que de pouco se apercebia do que acontecia à nossa volta, pois sempre fiz questão de a colocar à minha frente e mantê-la afastada de tudo o que pudesse ser considerado “mau”, afinal ela era minha irmã mais nova e eu era como se fosse a mãe dela.
No dia em que me foram buscar. Lembro-me que era já de noite e estava a remendar um vestido que pertencia à Suzy, e que se tinha descosido com o desgaste do uso, não tínhamos grande acesso a roupa e fazíamos os possíveis para andar bem vestidas. Estava sentada numa cadeira de baloiço na sala de estar, quando ouvi um barulho, pareceu-me ser um carro de grande porte e barulhos de soldados e nesse momento só gritei para a Suzy se esconder e apagar as luzes. Tinham já passado cerca de três minutos quando ouvi um estrondo, a porta do pequeno apartamento tinha sido arrombada, instantes se passaram até as luzes se acenderem e pegarem em mim e na minha irmã que estava algures escondida no quarto.
Foi uma longa viagem até chegarmos ao campo de trabalho, íamos num comboio atulhado de judeus como nós e alguns deles não foram capazes de terminar a viagem devido à falta de espaço dentro do comboio que levaria diretamente alguns deles à morte. A primeira coisa que senti quando cheguei foi um forte cheiro a carne assada, pensei que havia alimento à vontade para todos, mas eu nunca tinha estado tão enganada na minha vida.
Quando fomos despejados do comboio fomos diretamente encaminhados para uma sala onde nos era marcado na pele um número, dado um uniforme com riscas verticais azuis e brancas em conjunto com um chapéu e raparam todo o nosso cabelo. Nesse momento esforcei-me o mais que consegui para não verter lágrimas e vi o mesmo no olhar da minha irmã, que ainda se encontrava comigo. Juntamente com as roupas que tínhamos vestidas levaram também os nossos pertences, com o aviso de que seriam bem guardados para que, quando saíssemos de lá, os pudéssemos ter de volta.
Fomos enviadas para os dormitórios femininos, onde se encontravam beliches para mais de uma centena de mulheres. Na madrugada em que chegámos, só me lembro de ter adormecido num canto de um dos beliches enquanto abraçava a minha irmã para enganar o frio que corria pelo nosso corpo. Passaram cerca de 45 minutos até se ouvir o som de um género de campainha, todas nos levantámos e fomos distribuídas por espaços no trabalho no campo. Trabalhei três meses no duro sem praticamente algum tipo de alimento, todos os dias a mesma rotina desde o dia em que tinha chegado, enquanto via a minha irmã morrer sem ser mais capaz de a proteger, por essa altura já tinha entendido bem de mais o que nos estavam a fazer dentro daquele campo, e ao final de umas três semanas descobri o que era o tal cheiro a carne assada, nada mais que o cheiro dos corpos queimados de todos aqueles que eram enviados para as câmaras de gás e morriam, mas o mais importante era fazer de conta que não tinha entendido nada e apenas continuar a trabalhar, porque bastava abrir a boca para passar a carne assada em menos de cinco minutos.
Alguns deles nem tinham a oportunidade de saber o que era o cheiro a carne assada, e eram diretamente levados para as câmaras de gás, começando com gritos de socorro e terminando nove minutos depois com puro silêncio e depois apenas o cheiro incessante a carne assada.
Era impossível fazer amigos dentro dos campos, pois cada vez que fazia amigos dias depois nunca mais ouvia falar deles e isso era emocionalmente impossível de aguentar, então a melhor opção eram dar-me bem com todos, mas nunca criar ligações com ninguém porque perder a minha irmã e os meus amigos já tinha sido o suficiente para mim.
Mudei de posto de trabalho algumas vezes, através de alguns contactos dentro do campo, trabalhar nas latrinas era o melhor sítio porque, apesar do cheiro imundo, não tínhamos os nazis atrás de nós a bater e mandar trabalhar mais rapidamente. Trabalhei também no “Canada” nome dado ao armazém onde iam parar todos os nossos pertences, casacos cheios de dinheiro nos forros, pinceis de barbear que pertenciam aos homens, relógios de bolso, todo o tipo de pertences, e foi a partir do “Canada” que consegui ser evacuada com a ajuda de alguns conhecidos dentro do campo.
Mas a verdade é que tudo o que passei lá dentro foi pior que um filme de terror e o trauma que isso deixou em mim nunca me vai largar e nunca mais vou conseguir ter a mesma ligação e confiança que tinha com os seres humanos.
(Bárbara Ferreira Costa)
Memórias de um sobrevivente do
Holocausto
Cheguei
de madrugada a Auschwitz. Fazia muito frio, graus negativos, não percebi bem o
porquê de estar ali. Os nazis tinham-me ido buscar a casa e levaram-me para
aquele sítio que parecia assustador. Passaram-se dias, meses e as mesmas coisas
todos os dias aconteciam ali de igual forma, percebi que maioritariamente
éramos todos judeus, havia também ciganos e homossexuais, todos os dias os soldados
batiam-nos porque não fazíamos rapidamente o nosso trabalho, éramos colocados
em grupos e todos estavam doentes, com penumonia, outros morreram até. E eu
estava fraco a cada dia que passava, não havia comida suficiente, não havia
remédios, não havia condições de vida naquele lugar, éramos brutalmente
agredidos, vivíamos com medo.
Vi
muitos mortos, lembro-me de ver montes de pessoas mortas, todas empilhadas umas
em cima das outras. Para além desta visão assustadora, todos os dias havia algo
que me despertava a atenção: a fumaça que saía dos chuveiros para onde mandavam
os prisioneiros ir em grandes grupos.
Hoje sei o que aquilo
era, câmaras de gás onde se pretendia a destruição em massa dos judeus, ou
seja, a “solução final”. Passou a ser uma questão de sobreviver naquele lugar e
foi então que o grande milagre aconteceu. Numa manhã, de repente, aparecem no
ar aviões e os soldados nazis tiveram de fugir. Os aviões foram o símbolo da
nossa liberdade, o terror teria acabado ali...
Um sobrevivente (anónimo)
Banda sonora:
A música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi “A day of sun”, de Alexander Search
A música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi “A day of sun”, de Alexander Search
https://youtu.be/CiUX-zd90ks
(Bárbara Santos)
Um poema
O fim desejado
Nesta fila interminável
sente-se os sonhos a desaparecer.
A nossa individualidade incopiável
é destruída num novo terrível amanhecer.
Acordar.
Trabalhar.
Tentar adormecer.
Um ciclo interminável
sem condições, sem comida.
A única "recompensa" poderá ser
O fim da nossa vida.
Uma recompensa desejada por muitos
neste espaço sem esperança, desconhecido por todos
os que se distraem com batalhas.
No que parece um momento de descanso,
encontra-se a nossa salvação disfarçada.
Um simples "duche" dá-nos a paz
já há muito desejada.
(Ana Sofia Ferreira)
A carta que nunca será lida
Olá,
sou o Stefan. Pelo menos era esse o meu nome, agora já só me chamam “tu aí” ou
“judeu nojento”, nem nome tenho, sou denominado “NN”, embora não saiba o que
significa, e não gosto de ser tratado assim.
Estou
em Belzec, na Polónia, há cerca de duas semanas. Vim com o meu pai para cá.
Todos
os dias acordo quando o sol nasce, como o que os guardas me dão, que tanto pode
ser um pouco de pão duro como uma mão cheia de nada. Vou trabalhar ainda
esgotado do dia anterior. No trabalho não faço pausas nem para respirar e quem
o tentar fazer é espancado pelos guardas sem dó nem piedade. O pior de tudo
isto, o mais horrível, é ver pessoas, amigos, familiares, a serem mortos a
sangue frio, mesmo ao meu lado.
Vivo
todos os dias com medo que um dia seja eu, agora já nem tenho o abraço do meu
pai para me confortar, desde que há dois dias foi levado por um guarda para
tomar banho nunca mais o vi.
Sempre
que me deito pergunto-me por que é que fomos nós os escolhidos para todo este
sofrimento, que mal é que nós fizemos no passado para merecer semelhante
castigo e, antes de adormecer, penso ainda no que será pior: acordar na manhá
seguinte ou morrer.
Quando
acordo, penso que tudo isto não passou de um pesadelo, mas não é, continuo
fechado neste local de tortura e sacrifício do meu povo.
Não posso escrever
mais, o papel está a acabar. Talvez mais tarde consiga encontrar outro pedaço
de papel caído do bolso de um soldado e continue a contar como são passados os
dias neste inferno.
(Ricardo Costa)
Campo
de concentração
Passa-se pelo campo de
concentração
Como se faz uma
viagem.
Entra-se num comboio
com tudo na mão
Mas sai-se com o horror como
paisagem.
Somos as máquinas deles.
Todos os dias nos
ligam.
Até à noite temos que
trabalhar.
No nosso corpo, só
ossos e peles
Só nos dão pão duro e sopa para
manjar.
Aqui não tomamos banho
Isso significaria a
morte.
E até medo disso eu
tenho.
Até à noite cuidado há
que ter.
Eles não gostam de nós.
No meio do nevoeiro,
uma flor,
Poderia ficar
Como fica a cor
Numa pequena tela.
Mas vou me deitar,
E apagar a vela.
Eles vêm aí!
(Sara Félix)
Uma carta
18 novembro 1942
Auschwitz-Birkenau
Querido alguém,
Esta é a história de um judeu, enviado para um campo de
concentração por não ser “puro”, ariano, e sujeito a todos os tipos de tortura,
física e psicologicamente, com praticamente nada para comer, camas duras,
obrigado a trabalhar desde o amanhecer até ao anoitecer.
Em 1935, alemães de origem judaica foram privados da
nacionalidade, do casamento, relações sexuais e outros tipos de relacionamento
entre arianos e judeus. Sendo judeu, privaram-me de viver livremente, pois
sempre fui julgado por ser quem sou. Mas, com todas estas leis, o amor falou
mais alto e apaixonei-me por Beate, uma mulher ariana, pior ainda foi ela
também se apaixonar por mim. Apesar de ninguém se ter apercebido deste relacionamento,
como já percebeste, não me livrei da “morte”, do campo de concentração. Sim,
Morte. Ao entrar no campo de concentração percebi que não iria sair daqui vivo
ou morto. Fui reconhecido como judeu devido à minha aparência, acabando por ser
trazido para aqui.
No meio de toda esta desgraça, o que mais me custa ver
são as crianças, famintas, impedidas de serem crianças, já não podem brincar,
aprender, e isto é algo que ninguém merece, principalmente crianças indefesas,
agora também utilizadas para trabalhar e em experiências médicas.
Enquanto escrevo esta carta, aqui, já não tenho forças
para trabalhar, e não sei como ainda tenho forças para escrever. Espero que
ninguém tenha de passar por o que estas pessoas, inocentes, e eu estamos a
passar.
Se, por algum motivo, estás a ler esta carta, foi
porque não sobrevivi e espero que, quem nos fez isto, pague pelos crimes que
cometeu contra a humanidade.
(Miguel Luís)
Linha do destino
Nesta linha caminho
Sem conhecer o meu vizinho
À minha frente vai um miudinho
Com
medo do destino, anda devagarinho.
Nesta linha caminho
Pensando no glorioso passado,
Que ainda é tão presente
E o futuro que ficou limitado,
Mas
com que sonho frequentemente.
Se é possível sonhar neste lugar?
É a única coisa que não podem roubar,
E dá-nos o poder de imaginar,
Uma vida fora deste lugar peculiar
Onde
a liberdade possamos recuperar.
Caminhamos sem identidade,
Sem diferenciação de idade,
Tendo de encarar a dura realidade
De
que a morte é pura fatalidade.
O destino que se aproxima
É algo que a todos intimida,
Um destino que a dor subestima
Só
desejamos que seja mínima.
Aquele que caminha à minha frente
Talvez seja bom homem, inteligente,
Seria homem de família, afortunado
Que
agora pela religião é discriminado.
Nesta linha caminho
Em trajes riscados de azul-marinho,
Caminho sozinho,
Sem
conhecer o meu vizinho.
Nesta linha caminho
Sentido o cheiro a morte,
Sigo para norte,
Rumo
a um destino de pouca sorte.
(Rafaela
Boita)
Um
poema
Ambíguo de verdade
Ambíguo de verdade
Ambíguo de verdade
Ambíguo de verdade
Ambíguo
de verdade
que
asqueroso és,
vede
o que fez à Humanidade
(conheço-o
com a palma dos meus pés):
assim
que viu oportunidade,
como
a hiena que persegue a rês,
pela
vontade de matar,
ataca
de surpresa e o Mundo
desfez.
desfez.
Ambíguo de verdade
que
gatuno rezingão,
vede
o que fez à Humanidade
(atitude
sem perdão):
assim
que viu oportunidade,
como
coelhos que comem a sua espécie sem razão,
pela
vontade de matar,
ataca
de surpresa e o Mundo
desfez.
desfez.
Ambíguo de verdade
que
caótico aleivoso,
vede
o que fez à Humanidade
(que
preconceituoso és):
assim
que viu oportunidade,
como
a abelha que pica sabendo que vai para o fosso,
pela
vontade de matar,
ataca
de surpresa e o Mundo
desfez.
desfez.
Banda sonora:
A
música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi "Baba
Yetu", composta por Christopher Tin, sendo a letra uma tradução em swahili
da oração "Pai Nosso".
Escolhi
esta música porque, considerando que a prática da ideologia nazi devastou o
Mundo, sobretudo no plano humanitário, onde o terror e o desrespeito pelos
direitos humanos foram uma constante, e perdoar as pessoas que estiveram por
detrás de todo esse massacre me parece impossível, vejo esta música, uma
tradução em swahili do "Pai Nosso", como uma prece a uma força
superior, divina, para que perdoe aquelas pessoas (se tal for possível), pois
só mesmo uma divindade o poderá fazer, uma vez que nós, enquanto sociedade, não
o conseguimos.
(Beatriz Lopes)
Testemunho
Já
sem cabelo e sem barba, o que me resta é trabalhar, porque o trabalho liberta,
como está escrito no cimo do "portão da morte", ao qual cheguei num
comboio com carruagens muito desproporcionais à quantidade de pessoas que
levavam, e onde muitas acabaram por morrer. Irónico, não é? Mesmo que
trabalhemos muito, o nosso fim é sempre o mesmo, e não é a liberdade, e não o
podemos contestar, a nossa vida está nas mãos dos nazis e eles podem acabar com
ela quando bem entenderem.
Olho
à minha volta e o que vejo são "cadáveres vivos" sedentos de um
simples pedaço de pão, arrastando-se pela lama e submetidos a trabalhos
forçados, muitos vão resistindo ao fim inevitável.
A
vida é como a chama de uma vela, frágil e efémera.
Aqui,
as pessoas deixam de ser pessoas e passam a ser apenas números que se vão
apagando à medida que vão desistindo daquilo a que nem se pode chamar vida. E o
mais triste é ver crianças de tenra idade a conhecerem a faceta negra e cruel
do ser humano, simples inocentes a quem é tirada uma vida cheia de sonhos por
concretizar, e todas elas separadas da família que provavelmente nunca mais
voltarão a abraçar.
Aqui
os gritos de dor vindos das câmaras de gás são difíceis de esquecer e ecoam no
ouvido como recordações do maior genocídio alguma vez cometido.
Dor
é o sentimento que define este campo, com o chão coberto de cadáveres, tudo
aqui chora por dentro e faz um luto doloroso por todas as pessoas aqui
assassinadas.
No
fim disto, somos apenas "animais", homens sem dignidade.
Banda sonora:
A
música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi "Theme from
Schindler's List", de John Williams, interpretado por Itzhak Perlman e
pela Orquestra Sinfónica de Boston, e que faz parte da banda sonora do filme
"The Schindler's List" (1993).
Escolhi
esta música porque mesmo sendo instrumental, sem ninguém a cantar, o sentimento
das pessoas que estiveram no campo de concentração é-nos transmitido através da
harmonia entre todos os instrumentos e faz com que ninguém fique indiferente à
dor das vítimas do Holocausto.
(Sofia Gonçalves)
Cobaias humanas
Durante a visualização do filme "A Noite e
o Nevoeiro", vimos alguns dos horrores feitos às pessoas trazidas para os
campos de concentração, incluindo as experiências realizadas com seres humanos.
Decidi investigar sobre isto e encontrei a história das gémeas Eva e Miriam
Mozes, que sobreviveram a Joseph Mengele, o "Anjo da Morte".
Eva e Miriam Mozes nasceram a 31 de janeiro de 1934, na Roménia. Quando tinham 10
anos, juntamente com os seus pais e as duas irmãs mais velhas foram levadas para
Auschwitz. Assim que lá chegaram, foram separadas da família e não tiveram tempo de dizer
adeus a ninguém.
Sendo gémeas, foram objeto de experiências, foram medidas e
comparadas, tiraram-lhes sangue e deram-lhes injeções de líquidos que não se
sabe o que eram até aos dias de hoje. Uma destas injeções fez com que Eva
ganhasse uma febre altíssima e foi enviada para o hospital do campo para
morrer. Os seus braços e pernas incharam e doíam-lhe demasiado para conseguir
andar. Ela recorda-se de rastejar para chegar ao lavatório que havia no fim do
corredor para beber água. Os nazis acharam que ela ia morrer, mas em duas
semanas Eva recuperou e foi juntar-se à sua gémea.
Qunado, em janeiro de 1945, os soviéticos libertaram o campo, elas eram as únicas sobreviventes da família e foram viver com uma tia. Nunca mais falaram de Auschwitz até que Miriam teve
filhos.
Na sua primeira gravidez, Miriam teve muitos problemas; na
segunda, descobriu-se que os seus rins não tinham crescido desde que ela tinha
10 anos. Miriam tinha tido problemas nos rins na altura em que Eva esteve no
hospital em Auschwitz. Quando os seus rins falharam, Eva ainda fez uma doação
de um dos seus, mas Miriam acabou por morrer devido a uma forma rara de cancro
no sangue.
Eva teve dois filhos, Alex e Rina Kor, depois de sofrer vários
abortos espontâneos.
Eva veio a escrever um livro, fundou com o marido, Michael Kor (também um sobrevivente do Holocausto), o CANDLES Holocaust Museum (CANDLES é um acrónimo para "Children of Auschwitz
Nazi Deadly Lab Experiments Survivors"), através do qual conseguiram encontrar muitos sobreviventes, e
tem dado muitas entrevistas, algumas das quais deram origem a documentários. Conseguiu uma prova assinada pelo Dr. Much, um
nazi, de que o Holocausto aconteceu.
Eva Mozes Kor diz que perdoou a Joseph Mengele, o que considera
libertador e terapêutico, mesmo que outras vítimas não concordem.
(Mariana Encarnação)
(Eva Mozes Kor, em Auschwitz)
Um poema
Luta Jazida
Enterrei o machado
Jaz, agora, do outro lado
Junto dos que antes o seguravam
Esperaram, resistiram, lutaram.
Agora tenho medo.
De morrer? Não!
Há muito que não sei o que é viver
Nunca o irei reaprender.
Tenho medo de estalar um só dedo.
Assusta-me que se quebre todo o corpo
Como se quebrou outrora a alma.
Se ao menos estivesse morto
Saberia de novo calma.
Os fumos apagaram todas as razões.
Despiram-me de emoções
Cobriram de cinza o meu olhar
Nu, baço e só, desisti
Já não quero mais lutar
Pois todo o tempo sinto que menti.
Enterrei o machado
Com ele vou apodrecer
Faz parte de um passado armado
Mas nada mais posso fazer.
(Inês Justino)
Páginas de um diário
17 de novembro de 1943
Eu não consigo aguentar durante muito mais tempo, a fome aperta e a escassa comida que nos dão diariamente não chega para repor as energias que gastamos a trabalhar. Mais vale morrer.
3 de dezembro de 1943
Hoje a Beate morreu, houve uma "limpeza" na camarata dela. Era judia como eu. Foi a minha primeira amiga. E morreu.
31 de janeiro de 1944
Tenho saudades do meu pai. Gostava de saber do seu paradeiro. Será que ainda está entre nós? Será que não? Espero bem que não. Não quero que ele sofra sozinho.
17 de março de 1944
Desisti, vou deixar de tentar fazer amigos. Faço-o para tentar tornar esta tortura mais tolerável. Desisto. Eles vão-se todos embora e eu fico. Porquê?
25 de abril de 1944
Hoje sonhei! Ah, como eu já não sonhava há tanto tempo! Sonhei que estava reunida com a minha família a jantar. Tenho saudades desse tempo. Será que significa algo?
18 de julho de 1944
Limpeza. Hoje houve uma limpeza na nossa camarata. Os guardas juntavam-se à nossa volta, rodeando-nos, quem ficasse dentro do círculo ia-se embora. Eu fiquei, mas consegui fugir por entre os guardas para junto da minha mãe. Não posso deixar a minha mãe sozinha.
23 de outubro de 1944
Quando é que isto vai acabar?
26 de dezembro de 1944
Está tanto frio, mas nem por isso nos dão mais cobertores.
13 de janeiro de 1945
Será que as pessoas lá fora sabem o que está a acontecer? Elas têm de saber, não?
28 de fevereiro de 1945
Gostava de poder pensar que vem aí alguém para nos salvar, mas agora só peço por uma morte rápida.
25 de março de 1945
Tu consegues. Não a podes abandonar!
(...) abril de 1945
Estamos Livres! Eu e a minha mãe sobrevivemos, mas o meu pai não. O que é que nos vai acontecer agora?
(Gisela Felizardo)
A
questão judaica e a solução final
No
fim da Primeira Guerra Mundial, a nação alemã estava humilhada e mais ficou a
seguir às medidas impostas pelo Tratado de Versalhes. Hitler, ao subir ao poder
em 1933, deu à população alemã o bode expiatório de que esta precisava para
culpar os judeus que integravam o exército alemão pela derrota na Guerra e pela
crise que se lhe seguiu. Hitler dizia que os judeus eram parasitas e que
"poluíam" a raça ariana. Se antes os judeus eram tratados de igual
maneira, agora vão ser perseguidos, vão ser proibidos de se envolver com
alemães, vivendo nos guetos e, numa fase posterior, levados para campos de
concentração, para servirem de mão de obra e depois morrerem de muitas
maneiras, mas principalmente nas câmaras de gás.
Banda
sonora:
A
música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi "Sleep
Forever", de Portugal. The Man
(Francisco Pedro)
Momentos da vida de um soldado
contra o nazismo
25 de março de 1943
Parece que a guerra
nunca mais acaba, a quantidade de pessoas inocentes que já morreram! Pergunto-me o que irá na cabeça de todos os soldados nazis ou daqueles que
apoiam Hitler, apesar de ter visto o que esta guerra faz às pessoas que seguem
Hitler com tudo o que têm, continuo chocado com o que se passa no mundo em que
vivo. Lembro-me como se fosse ontem quando perseguimos um soldado nazi na
esperança de lhe conseguir retirar informação que nos pudesse ser útil na luta
contra o nazismo. Perseguimo-lo até ao topo de um edifício
abandonado, durante a perseguição ele conseguiu agarrar numa criança e fez dela
refém. Ele estava à borda do edifício, ainda com uma arma apontada à cabeça da
criança quando disse:
"Salvação. O que fizemos,
fazemos e fazeremos, é tudo em nome da salvação do mundo e da purificação da
raça. A única maneira de nos vermos livres dos animais que se consideram nossos
iguais. Acham que nos irão conseguir parar? Isto é só o inicio, o melhor ainda
está para vir e não há nada que vocês possam fazer para nos deter. Nós limparemos
a Terra, o Führer e senhor todo poderoso irão sentir orgulho, pois nós estamos
a salvar os puros de animais que nos roubaram oportunidades de emprego,
mulheres, dinheiro e muito mais. A vida deles não vale nada, eles só ocupam
espaço, um desperdício de ar. Queriam retirar-me informação? Eu dou-vos a
informação de que precisam, mas não será aquela que vocês querem. Eu não vos
vou dar informação sobre o nosso armamento, se era isso que queriam, nem
torturado vos ia dizer alguma coisa. O que vos vou dizer é que não me arrependo
do que fiz, nem um pouco. Tudo o que fizemos a esses animais aos quais chamam
humanos e judeus foi merecido, eles são pecadores e nós demos-lhes a punição
merecida, se querem saber, na minha opinião, eu tinha-os feito sofrer mais se
soubesse que ia acabar assim. Todas as judaicas com quem tive relações sexuais,
todos os judeus que matei, de todas as idades, grávidas e idosos incluídos,
mereceram o que lhes fiz. Não sinto nem uma pinga de remorso, apenas sinto
prazer, tal como senti quando os matei, senti um prazer imenso, melhor até que
o prazer dado por um orgasmo. Acharam mesmo que vos ia contar o que planeamos
fazer? Acham que não sabemos o que estamos a fazer? Fomos treinados para todo o
tipo de acontecimentos, o que havíamos de dizer caso fossemos capturados, como
punir os prisioneiros, o que fazer caso o local onde estávamos destacados fosse
atacado. Nós estamos sempre três passos à frente. Não era o que estavam à
espera, pois não? O melhor ainda está para vir."
E, com estas últimas palavras, deu um tiro na sua própria cabeça, deixando o
seu corpo cair do edifício, felizmente sem levar a criança com ele.
Este
dia assombra-me, o olhar dele tinha um brilho quando falava do que tinha feito,
fez-me lembrar o brilho que o meu melhor amigo tinha nos olhos quando falava da
sua esposa, o olhar daquele soldado assombra-me nos sonhos. Foi nesse dia que
percebi que ainda temos muito que lutar se queremos parar o movimento nazi e
Adolf Hitler.
Banda sonora:
A música que escolhi para acompanhar a leitura deste texto foi Rienzi Ouverture, de Richard
Wagner.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=25&v=URIwWtwn6qA
(Natacha Veríssimo)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=25&v=URIwWtwn6qA
(Natacha Veríssimo)
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