"O meticuloso exercício da escrita pode
ser a nossa salvação."
Considerada a escritora mais vendida de língua espanhola, Isabel
Allende nasceu na cidade de Lima,
Peru, no dia 2 de agosto de 1942. De ascendência chilena, a carreira de diplomata
do pai (Tomás Allende, primo do presidente Salvador Allende) levou a família a
deslocar-se por vários países. Em 1945 regressaram ao Chile, país onde Isabel
Allende viveu até ao golpe militar que, em setembro de 1973, derrubou o governo
de Salvador Allende e levou Augusto Pinochet ao poder. O clima de terror e de
insegurança instaurado obrigou Isabel Allende, juntamente com o marido, Miguel
Frías, e os seus dois filhos, a abandonar o Chile, refugiando-se em Caracas, na
Venezuela, onde Isabel iniciará a sua produção literária. Em 1988, após o
divórcio, foi viver para a Califórnia, onde se casou com o americano Willie
Gordon, adquirindo a nacionalidade norte-americana.
Em
1982, publicou o primeiro romance, A casa
dos espíritos, baseado numa carta que escreveu para o avô que estava a
morrer e inspirado nas lembranças de infância e juventude passadas no velho
casarão familiar, onde viveu com os avós e tios, rodeada de uma atmosfera
liberal e intelectual que cedo despertaram o seu interesse pela literatura. O
facto de a carta para o avô ter sido escrita no dia 8 de janeiro leva Isabel
Allende a começar todos os livros novos nesse dia, não apenas por uma questão
de superstição, como diz, mas também de disciplina.
Apesar
de ter cerca de trinta títulos publicados, traduzidos em trinta e cinco línguas,
com vendas superiores a mais de 60 milhões de cópias em todo o mundo, a sua
carreira de escritora começou apenas quando tinha quase quarenta anos. Antes,
tinha trabalhado como redatora e colunista para jornais e para a televisão e
escreveu obras para o teatro e contos infantis.
Desde
a publicação de A casa dos espíritos,
e sobretudo após a sua adaptação ao cinema, em 1993, pelo realizador
dinamarquês Bille August, com Jeremy Irons e Meryl Streep nos papéis principais
(com grande parte das filmagens feitas em Lisboa e no Alentejo), Isabel Allende
é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da
década de 1980, com uma obra marcada pela ditadura no Chile, implantada com o
golpe militar que, em 1973, derrubou o governo de Salvador Allende e levou
Augusto Pinochet ao poder.
Questões
como a liberdade, a justiça, a lealdade, a violência, o amor e a morte são
alguns dos temas recorrentes nos seus livros. Isabel Allende é uma autora
consciente do mistério que nos rodeia a todos, por isso também escreve sobre
coincidências, premonições, sonhos, emoções, o poder da natureza e a magia. Os
seus romances estão repletos de mulheres poderosas à procura do amor e do seu
lugar na sociedade.
Obra
publicada
(*)
disponível no catálogo da Biblioteca do ECB
Romances
1982
- A Casa dos Espíritos (*)
1983
- A Lagoa Azul
1984
- De amor e de sombra (*)
1987
- Eva Luna (*)
1991
- O plano infinito (*)
1995
- Paula (*)
1998
– Afrodite (*)
1999
- Filha da fortuna (*)
2000
- Retrato a sépia (*)
2002
- A cidade dos deuses selvagens (*)
2003
- O reino do dragão de ouro (*)
2004
- O bosque dos Pigmeus (*)
2005
- Zorro, começa a lenda (*)
2006
- Inés da minha alma
2007
- A soma dos dias
2009
- A ilha debaixo do mar (*)
2011
- O Caderno de Maya (*)
2014
- O Jogo de Ripper (*)
2015
- O Amante Japonês (*)
2017
- Para além do inverno (*)
Memórias
2003
- O meu país inventado (*)
Contos
1984
- La gorda de porcelana
1989
- Contos de Eva Luna (*)
Teatro
1971 - El
embajador
1973 - La
balada del medio pelo
1974 - Los
siete espejos
2004 - Los
Tomates Del Fábio Cagón
Prémios
e distinções
Premio
Nacional de Literatura de Chile (2010)
Medalha
Presidencial da Liberdade (EUA, 2014), a mais importante distinção civil dos
Estados Unidos da América, atribuída pelo Presidente Barack Obama.
A
obra de Isabel Allende é muitas vezes integrada na corrente do realismo mágico,
da qual fazem parte autores como o cubano Alejo Carpentier, os argentinos Julio
Cortázar e Jorge Luis Borges ou o colombiano Gabriel García Márquez.
O
realismo mágico, escola literária surgida no início do século XX, também é
conhecido como realismo fantástico ou realismo maravilhoso, e é considerado a
resposta latino-americana à literatura fantástica europeia. Esta corrente desenvolveu-se
fortemente nas décadas de 1960 e 1970, como produto de duas visões que
conviviam na América hispânica e também no Brasil: a cultura da tecnologia e a
cultura da superstição. Surgiu também como forma de reação, através da palavra,
contra os regimes ditatoriais que proliferaram na América Latina durante este
período.
Apesar
de aparentemente desatento à realidade, o realismo mágico partilha algumas
características com o realismo épico, como a intenção de dar verossimilhança
interna ao fantástico e ao irreal, diferenciando-se assim da atitude niilista
assumida originalmente pelas vanguardas do início do século XX, como o
surrealismo.
Algumas
características têm sido identificadas, presentes em muitas obras do realismo
mágico:
- Conteúdo de elementos mágicos ou fantásticos percebidos como parte da "normalidade" pelos personagens;
- Presença de elementos mágicos algumas vezes intuitivos, mas nunca explicados;
- Presença do sensorial como parte da perceção da realidade;
- Realidade dos acontecimentos fantásticos, embora alguns não tenham explicação ou sejam improváveis de acontecer;
- Perceção do tempo como cíclico ao invés de linear, seguindo tradições dissociadas da racionalidade moderna;
- Distorção do tempo para que o presente se repita ou se pareça com o passado;
- Transformação do comum e do quotidiano numa vivência que inclui experiências sobrenaturais ou fantásticas;
- Preocupação estilística, partícipe de uma visão estética da vida que não exclui a experiência do real.
Apesar
de considerado um produto da literatura latino-americana, segundo alguns
críticos, o realismo mágico terá influenciado escritores europeus, como o
italiano Italo Calvino, o checo Milan Kundera ou o inglês Salman Rushdie.
Obras disponíveis no catálogo da Biblioteca do ECB
A casa dos espíritos
Nesta
surpreendente obra de estreia, Isabel Allende constrói um universo repleto de
espíritos, de personagens multifacetadas e humanas, entre elas Esteban Trueba,
o patriarca, que vive obcecado pela terra e pela paixão absoluta pela mulher, Clara,
que ele sente sempre estar para lá do seu alcance.
Clara
é a matriarca esquiva e misteriosa, dotada de poderes sobrenaturais, que prediz
as tragédias da família e estabelece o destino da casa e dos Trueba. Blanca, a
sua filha suave e rebelde, nutre um amor pelo filho do capataz do seu pai, o
que provoca o desprezo de Esteban, mesmo quando deste amor nasce a neta que ele
adora: Alba, uma beleza luminosa e uma mulher ardente e voluntariosa.
As
paixões da família Trueba, as suas lutas e segredos desenvolvem-se ao longo de
três gerações e de um século de violentas mudanças. Num contexto de revolução e
contrarrevolução, a autora dá vida a uma família unida por laços de amor e ódio
mais complexos e duradouros que as lealdades políticas que a poderiam separar.
De amor e de sombra
O
segundo romance de Isabel Allende relata a apaixonada relação de duas
personagens dispostas a arriscar tudo em nome da justiça e da verdade, num país
onde as detenções arbitrárias e execuções sumárias são uma prática constante.
A
jornalista Irene Beltrán provém de uma família burguesa, mas isso não impede
Francisco Leal, um jovem fotógrafo e membro da resistência, de se apaixonar por
ela. A partir de uma reportagem rotineira, um mundo estranho, oculto pelo
discurso oficial, é-lhes revelado, fazendo-os sentir-se responsáveis perante os
factos cruéis que se sucedem. É nas sombras do poder, do abuso e das injustiças
que o amor de Irene e Francisco se aprofunda.
Eva Luna
Em Eva Luna, obra marcada por um profundo
humanismo, Isabel Allende recupera o seu país através da memória e da
imaginação. Eva, a cativante protagonista da narrativa, constitui um nostálgico
alter ego da autora, pois também ela acredita que radica nas histórias o
segredo da vida e do mundo. Filha da selva, do analfabetismo e da pobreza, Eva
luta tenazmente por conquistar o seu espaço no mundo, sem nunca perder o
encanto feminino.
Contos de Eva Luna
Se em
Eva Luna Isabel Allende narra a vida
aventureira de uma jovem latino-americana que encontra a amizade, o amor e o
sucesso no mundo graças às suas qualidades como contadora de histórias, em Contos de Eva Luna, a autora volta a
presentear-nos com um valioso tesouro. Nesta memorável coletânea de histórias,
reencontramos várias das personagens já conhecidas dos leitores, como Rolf
Carlé, o fotógrafo marcado pelos horrores da guerra, Riad Halabí, o árabe de
coração compassivo, a professora Inês ou o Benfeitor.
Narrados
com prodigiosa imaginação e ternura, estes contos confirmaram Isabel Allende
como uma das escritoras mais admiradas em todo o mundo.
O plano infinito
Explorando
pela primeira vez uma realidade distante do mundo sul-americano que lhe é tão
familiar, Isabel Allende conduz-nos até à Califórnia da segunda metade do
século XX, seguindo os passos de duas famílias: a do pregador Reeves que
percorre o Oeste num velho camião, anunciando um Plano Infinito que justifica a
existência humana; e a dos Morales, imigrantes mexicanos que vivem num bairro
hispânico marcado pela violência.
Gregory
Reeves, a personagem central do livro, cresce à sombra da pobreza e da
negligência. Quando decide que o futuro só pode estar longe do bairro hispânico
onde vive, e onde não passa de um “gringo”, parte em busca de algo melhor. O
plano de que o seu pai tanto falava parece ser mais real do que Gregory
gostaria de acreditar, e tudo acontece como se o destino estivesse traçado, sem
que ele consiga evitar a sucessão de más decisões que afetam a sua vida.
Depois
de um casamento falhado, da guerra do Vietname, da dor de perder um amigo e ver
morrer tanta gente, Gregory regressa ao seu passado, sem aprender nada com os
erros cometidos. Só mais tarde, quando é obrigado a enfrentar a realidade,
começa a perceber que o seu destino depende apenas de si mesmo, e que o Plano
Infinito pode afinal ainda estar em aberto.
Paula
Escrito
para a sua filha que estava em coma devido a um ataque de porfiria. Como não
sabia se a sua memória voltaria após a saída do coma, Isabel Allende resolveu
contar a sua história para auxiliar a filha a lembrar-se dos factos. Paula passou por isso a ser considerado também
um retrato autobiográfico da autora. Foi após a morte da filha que criou uma
fundação que apoia mulheres no mundo todo, a Fundação Isabel Allende.
Afrodite
Um
passeio deslumbrante por receitas, histórias, e dissertações que aliam
gastronomia e sensualidade, onde os pratos, assim como o preparo dos mesmos,
adquirem todo um contexto afrodisíaco.
Em Afrodite, Isabel Allende presenteia-nos
com receitas que primam pela leveza e pelo equilíbrio entre aromas, sabores e
texturas, como prefácio incisivo e determinante de um ritual de sedução. Mas
mais do que isso, ou numa sintonia paralela, a autora conta-nos histórias, mostra-nos
poemas, faz citações, compilando tudo num relato poético e bem-humorado, que
nos contagia e nos desperta para a consciência da capacidade que possuímos em
exacerbar toda a sensualidade que nos é latente, bastando para isso que, em
nome do amor, saibamos recorrer às ferramentas que a conduzem.
Como
a própria autora propõe: “apetite e sexo são os grandes motores da história,
preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam
religiões, lei e arte. (...) Gula e luxúria, que tantas loucuras nos fazem
cometer, têm a mesma origem: o instinto de sobrevivência”.
Filha da Fortuna
Eliza
Sommers é uma jovem chilena que vive em Valparaíso em 1849, ano em que se
descobre ouro na Califórnia. O seu amante, Joaquin Andieta, parte para o Norte
decidido a fazer fortuna e ela decide segui-lo. A viagem infernal, escondida no
porão de um veleiro, e a procura do amante numa terra de homens sós e de
prostitutas, atraídos pela febre do ouro, transformam a jovem inocente numa
mulher fora do comum. Eliza recebe ajuda e afeto de Tao Chi’en, um médico
chinês que a amparará ao longo de uma viagem inesquecível pelos mistérios e
contradições da condição humana.
Filha da Fortuna é o retrato palpitante de uma época
marcada pela violência e pela cobiça, onde os protagonistas redescobrem o amor,
a amizade, a compaixão e a coragem. Num romance ambicioso, Isabel Allende
descobre um universo fascinante, povoado de estranhas personagens que, como
tantas outras da autora, ficarão para sempre na memória e no coração dos
leitores.
Retrato a sépia
Um
romance histórico ambientado no Chile de finais de século XIX, Retrato a sépia é uma saga familiar onde
reencontramos algumas das personagens de Filha
da fortuna e de A casa dos espíritos.
Aurora
del Valle sofre um trauma brutal que determina o seu caráter e apaga da sua
mente os primeiros cinco anos de vida. Criada pela sua avó, Paulina del Valle,
Aurora cresce num ambiente privilegiado, livre das limitações que oprimem as
mulheres da sua época, mas atormentada por pesadelos horríveis. Quando tem de
enfrentar a traição do homem que ama e a solidão, decide explorar o mistério do
seu passado.
Obra
de uma dimensão humana extraordinária, Retrato
a sépia eleva a narrativa da autora ao auge da perfeição literária.
Trilogia As Memórias da Águia e do
Jaguar
A Cidade dos Deuses Selvagens
Depois
de a sua mãe adoecer, o jovem Alexander Cold parte com a extravagante avó Kate
numa expedição da International Geographic à selva amazónica, em busca de um
estranho animal que muito pouca gente viu e a que os indígenas chamam «a
besta». Os outros membros da expedição dirigida por um petulante antropólogo
são dois fotógrafos, uma bela médica, um guia brasileiro e a sua surpreendente
filha Nadia, com quem Alexander trava uma amizade especial. Entre as missões da
expedição está também a de vacinar os escorregadios índios, conhecidos como «o
povo do nevoeiro».
Uma
história emocionante, que alerta para os problemas ecológicos e para o drama
terrível da extinção das tribos índias da região do Amazonas como consequência
direta da exploração desenfreada e irresponsável praticada pelos brancos. A Cidade dos Deuses Selvagens é uma
viagem repleta de perigos, maravilhosas experiências e espetaculares surpresas.
O Reino do Dragão de Ouro
A
estátua do Dragão de Ouro permanece oculta num pequeno e misterioso reino
encravado na Cordilheira dos Himalaias. Segundo reza a lenda, este magnífico
objeto, um poderoso instrumento de adivinhação incrustado de pedras preciosas,
guarda a paz destas terras. Uma paz que agora, devido à cobiça na alma dos
homens, pode vir a ser perturbada.
Em O Reino do Dragão de Ouro, Isabel
Allende convida-nos a entrar numa dupla aventura. Alexander Cold, a sua avó
Kate e Nadia Santos, os protagonistas de A
Cidade dos Deuses Selvagens, voltam a reunir-se. O leitor viverá com eles
as suas peripécias e vicissitudes, na beleza nua e límpida das montanhas e
vales dos Himalaias, agora na companhia de novos amigos.
Mas
a escrita mágica da autora também desvela o valor e a simplicidade dos
ensinamentos budistas através do lama Tensing, mestre e guia espiritual de Dil
Bahadur, o jovem herdeiro do reino, a quem dá a conhecer os valores da compaixão,
do respeito pela Natureza, da vida e da paz.
O Bosque dos Pigmeus
Depois
da Amazónia e dos Himalaias - cenários dos primeiros livros da trilogia -,
desta vez a aventura decorre em África, onde Nadia e Alexander acompanham a avó
Kate em mais uma expedição da International Geographic. Uma série de peripécias
e os ciúmes de um elefante vão animar a semana que o grupo passa num safari.
Mas o aparecimento de um padre espanhol vai alterar completamente os planos de
terminar a reportagem e voltar para a capital, arrastando todo o grupo para um
bosque misterioso habitado por pigmeus. Aí, e seguindo o rasto de dois
missionários desaparecidos, instalam-se numa aldeia governada pelo rei Kosongo,
pelo comandante Mbembelé e pelo bruxo Sombe, um triunvirato assustador que
escraviza os pigmeus e o seu próprio povo para enriquecer com o contrabando.
Em O Bosque dos Pigmeus, o livro que
encerra a trilogia As Memórias da Águia e
do Jaguar, Isabel Allende faz-nos descobrir novamente um mundo mágico e
misterioso.
O meu país inventado
O amor pelo Chile e uma grande nostalgia são a origem deste livro. A presença contínua do passado, o sentimento de ver-se ausente da pátria, a melancolia por essa perda, a consciência de ter sido peregrina e forasteira: em O Meu País Inventado, Isabel Allende recolhe toda a emoção causada pelo seu afastamento e transmite-a com inteligência e humor. Analisado pelo olhar e pelas recordações da autora, o Chile torna-se um país real e simultaneamente fantástico, uma terra estoica e hospitaleira, de homens machistas e mulheres fortes, apegadas à terra. Mas, essencialmente, é o cenário da sua infância que aparece retratado: evocados com graça, aqui ganham vida de novo a sua original família, a casa dos avós, o cerimonial dos almoços, as histórias entrelaçadas, a do seu país e a sua própria, num tom intimista, de poética confissão autobiográfica.
Zorro, começa a lenda
Califórnia,
ano de 1790: tem início uma aventura numa época fascinante e turbulenta, com
personagens cativantes e de espírito indômito, e um homem de coração romântico
e temperamento firme chamado... o Zorro. Isabel Allende lança mão de seu
talento literário para narrar a história do maior e mais famoso herói de todos
os tempos. Zorro: Começa a lenda é
uma aventura sem igual, para leitores de todas as gerações. A autora resgata a
figura do cavaleiro mascarado e, com ironia e sensibilidade, cria um personagem
superior à própria lenda. Aventureiro, apaixonado, intrépido e brincalhão. É a
trajetória do Zorro. E esta é a crónica de uma vida extraordinária em tempos
excecionais: a de um nobre despojado da sua máscara. Um relato que começa no
ano de 1790, em terras da Alta Califórnia, quando um jovem capitão espanhol se
apaixona por uma índia de alma rebelde. Zorro
é o retrato de personagens de carne e osso, com virtudes e fraquezas, sensíveis
e impetuosas, que nos arrastam em suas aventuras através de uma época vibrante.
Com a sua habitual maestria, Isabel Allende revela-nos a vida simples das
missões espanholas na Califórnia no início do século XIX e a agitação nas ruas
de uma Barcelona ocupada pelas tropas napoleónicas em plena Guerra da
Independência; os ritos de iniciação das tribos indígenas e os mistérios para o
acesso a uma sociedade secreta europeia; a espiritualidade de um código de
honra sem fronteiras e as contradições da alma humana... Zorro: Começa a lenda, de Isabel Allende, é uma aventura como as de
antigamente.
A ilha debaixo do mar
Zarité
foi vendida aos 9 anos a um rico fazendeiro de Saint-Domingue. No entanto, não
conheceu o esgotamento das plantações de cana nem a asfixia e o sofrimento dos
moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. A sua bondade natural, força
de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a
espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e conhecer as
misérias dos amos, os brancos. Isabel Allende dá voz a uma mulher lutadora que
singrará na vida, apesar das partidas do destino. Zarité é uma heroína que,
contra todas as adversidades, conseguirá abrir caminho para alcançar a
liberdade.
O Caderno de Maya
"Sou
Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de
oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com
passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo.
Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos
meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya
significa feitiço, ilusão, sonho, o que não tem nada a ver com o meu caráter.
Átila teria sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a
crescer."
Maya
Vidal, americana de 19 anos, filha de um chileno e de uma dinamarquesa, criada
com muito amor pelos avós paternos, Nini e Popo, num casarão em Berkeley. Com a
morte do avô, a avó caiu numa depressão e Maya revoltou-se. Más companhias levam-na
a cometer atos delinquentes, a conhecer as drogas e a promiscuidade, acabando
num centro para menores. Fugiu desse centro em Oregon, foi para Las Vegas, onde
acabou a trabalhar para um traficante de droga e falsificador de dinheiro, logo
assassinado por dois dos seus “colaboradores”, Maya teve que fugir. Sua avó enviou-a
para a ilha de Chiloé no Chile, para fugir dos traficantes. Na casa de Manuel
Arias, descobriu-se a si mesma, o amor e o desamor, o misticismo do povo
chileno, a história da sua família, além da história da ditadura no Chile,
comandada pelo general Pinochet.
O Jogo de Ripper
Indiana
e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não
poderiam ser mais diferentes. Indiana, terapeuta holística, valoriza a bondade
e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a
comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan,
membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático
ex-navyseal marcado pelos horrores da guerra.
Enquanto
a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado
obscuro da natureza humana. Brilhante e introvertida, a jovem é uma
investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de
mistério online em que participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo
e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade.
Quando
uma série de crimes ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram
terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da
polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana
desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tentará deslindar o mistério
antes que seja demasiado tarde.
O Amante Japonês
Em
1939, quando a Polónia capitula sob o jugo dos nazis, os pais da jovem Alma
Belasco enviam-na para casa dos tios, uma opulenta mansão em São Francisco. Aí,
Alma conhece Ichimei Fukuda, o filho do jardineiro japonês da casa. Entre os
dois nasce um romance ingénuo, mas os jovens amantes são forçados a separar-se
quando, na sequência do ataque a Pearl Harbor, Ichimei e a família - como
milhares de outros nipo-americanos - são declarados inimigos e enviados para
campos de internamento. Alma e Ichimei voltarão a encontrar-se ao longo dos anos,
mas o seu amor permanece condenado aos olhos do mundo.
Décadas
mais tarde, Alma prepara-se para se despedir de uma vida emocionante.
Instala-se na Lark House, um excêntrico lar de idosos, onde conhece Irina
Bazili, uma jovem funcionária com um passado igualmente turbulento. Irina
torna-se amiga do neto de Alma, Seth, e juntos irão descobrir a verdade sobre
uma paixão extraordinária que perdurou por quase setenta anos.
Em O amante japonês, Isabel Allende
regressa ao estilo que tanto entusiasma o seu público, relatando de forma
soberba uma história de amor que sobrevive às rugas do tempo e atravessa
gerações e continentes.
Para lá do inverno
«No meio do inverno, aprendi por fim
que havia em mim um verão invencível.»
Isabel
Allende parte desta frase de Albert Camus para nos apresentar um conjunto de
personagens próprios da América contemporânea que se encontram «no mais profundo
inverno das suas vidas»: uma mulher chilena, uma jovem imigrante ilegal
guatemalteca e um cauteloso professor universitário.
Os
três sobrevivem a uma terrível tempestade de neve que se abate sobre Nova
Iorque e acabam por perceber que para lá do inverno há espaço para o amor e
para o verão invencível que a vida nos oferece quando menos se espera.
Para lá do inverno é um dos romances mais pessoais da
autora: uma obra absolutamente atual que aborda a realidade da migração e a
identidade da América de hoje através de personagens que encontram a esperança
no amor e nas segundas oportunidades.
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