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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Fernando Namora - autor do mês de abril



No mês em que se comemora o centenário do seu nascimento, prestamos homenagem a um dos grandes nomes da literatura portuguesa.

Romancista, ensaísta, poeta, pintor e também médico, Fernando Namora nasceu em Condeixa-a-Nova, no dia 15 de abril de 1919, e morreu em Lisboa, a 31 de Janeiro de 1989.
Fez a escola primária em Condeixa, iniciou o liceu em Coimbra, terminado depois em Lisboa, no Liceu Camões, a Coimbra voltaria para ingressar no curso de Medicina.
O seu volume de estreia foi Relevos, livro de poesia, a que se seguiu o romance As Sete Partidas do Mundo, ambos publicados em 1938, ainda estudante de Medicina na Universidade de Coimbra (curso que terminaria em 1942). Com As Sete Partidas do Mundo viria a ser receber o Prémio Almeida Garrett, no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura.
Ainda estudante e com outros companheiros de tertúlia em Coimbra, fundou a revista Altitude e envolveu-se no projeto do Novo Cancioneiro, coleção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra (1941), assinalando o advento do neorrealismo, ponto de viragem na literatura portuguesa.
Em 1943, o romance Fogo na Noite Escura é publicado na coleção dos Novos Prosadores, pela Coimbra Editora, coleção que reunirá romances como Casa na Duna, de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo, de Vergílio Ferreira, Nevoeiro, de Mário Braga ou O Dia Cinzento, de Mário Dionísio, entre outros.
O exercício da profissão médica, primeiro na sua terra natal, depois na Beira Baixa (em Tinalhas, concelho de Castelo Branco, e Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova) e no Alentejo (Pavia), e, a partir de 1951, em Lisboa, como médico assistente do Instituto Português de Oncologia, reflete-se em muitos dos textos que escreveu: com uma grande capacidade de análise social e psicológica, Fernando Namora apresenta-nos retratos com aspetos de picaresco, observações naturalistas e existencialistas.

A sua obra pode ser dividida e sistematizada em fases distintas de criação literária:
(1) o ciclo de juventude, principalmente enquanto estudante em Coimbra, coincidente com o livro-poema Terra e o romance Fogo na Noite Escura;
(2) o ciclo rural, entre 1943 e 1950, representado pelas novelas Casa da Malta e Minas de San Francisco, ou pelos romances A Noite e a Madrugada, O Trigo e o Joio e ainda Retalhos da Vida de um Médico;
(3) o ciclo urbano, coincidente com a sua vinda para Lisboa, marcado pela solidão e vivências do quotidiano, e que se terá refletido nos romances O Homem Disfarçado, Cidade Solitária ou Domingo à Tarde;
(4) o ciclo cosmopolita, entre finais dos anos 60 e durante a década de 70, explicado pelas muitas viagens que fez;
(5) o ciclo final, entre a ficção contemporânea, onde se inserem os romances O Rio Triste ou Resposta a Matilde, e as reflexões íntimas de Jornal sem Data.

Várias das obras de Fernando Namora foram adaptadas ao cinema ou para televisão, tais como Retalhos da Vida de um Médico, talvez uma das suas obras mais conhecidas e a primeira a ser adaptada ao cinema, pelo realizador Jorge Brum do Canto (em 1962), seguindo-se a série televisiva, dirigida por Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980). O Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965, por Manuel Guimarães. Domingo à Tarde foi realizado por António de Macedo em 1965 e contou com atores como Isabel de Castro, Ruy de Carvalho e Isabel Ruth. Em 1975, surge Fernando Namora – Vida e Obra, realizado por Sérgio Ferreira. A Noite e a Madrugada deve a sua realização a Artur Ramos, em 1985. Resposta a Matilde, de 1986, foi adaptado a televisão por Dinis Machado e Artur Ramos, com a participação de Raúl Solnado e Rogério Paulo. Em 1990, Vítor Silva realiza a curta-metragem O Rapaz do Tambor.

Fernando Namora morreu em Lisboa, no dia 31 de Janeiro de 1989. Foi sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Obras
(*) incluídas no catálogo da Biblioteca do ECB

As Sete Partidas do Mundo, romance, 1938 (*)
Terra, romance, 1941
Fogo na Noite Escura, romance, 1943 (*)
Casa da Malta, romance, 1945 (*)
Minas de San Francisco, romance, 1946 (*)
Retalhos da Vida de um Médico, narrativas / primeira série, 1949 (*)
A Noite e a Madrugada, romance, 1950 (*)
Deuses e Demónios da Medicina, biografias romanceadas, 1952 (*)
O Trigo e o Joio, romance, 1954 (*)
O Homem Disfarçado, romance, 1957 (*)
Cidade Solitária, narrativas1959 (*)
As Frias Madrugadas, poesia / antologia1959 (*)
Domingo à Tarde, romance1961 (*)
Retalhos da Vida de um Médico, narrativas / segunda série1963 (*)
Diálogo em Setembro, crónica romanceada1966 (*)
Um Sino na Montanha, cadernos de um escritor1968 (*)
Marketing, poesia1969 (*)
Os Adoradores do Sol, cadernos de um escritor1971 (*)
Os Clandestinos, romance1972 (*)
Estamos no Vento, narrativa literário-sociológica1974 (*)
A Nave de Pedra, cadernos de um escritor1975 (*)
Cavalgada Cinzenta, narrativa1977 (*)
Encontros, entrevistas1979 (*)
Resposta a Matilde, divertimento1980 (*)
O Rio Triste, romance1982 
Nome para uma Casa, poesia1984
URSS mal amada, bem amada, crónica1986
Sentados na Relva, cadernos de um escritor1986
Jornal sem Data, cadernos de um escritor1988

Prémios e honras
Prémio Ricardo Malheiros (1953)
Medalha de Ouro da "Societé d'Encouragement au Progrés" (1979)
Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1979)
Prémio D. Dinis (1982)
Casa-Museu de Fernando Namora, em Condeixa



A casa-museu de Fernando Namora, em Condeixa (a casa onde nasceu, inaugurada em 1990), sublinha as três facetas de Namora: o escritor, simbolizado no seu escritório, a sua poltrona de pele, a secretária e a máquina de escrever, ídolos e amigos na parede (Jorge Amado) e prémios literários, condecorações, primeiras edições e dedicatórias. Mas também o médico e o pintor







Em Monsanto, a casa onde exerceu atividade como médico municipal




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