Autor
do mês de julho – Afonso Cruz
“Em julho de 1971, na Figueira da Foz, era completamente recém-nascido, e
haveria, anos mais tarde, de frequentar lugares como a António Arroio, as
Belas-Artes de Lisboa, o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e
mais de meia centena de países.”
Esta é a apresentação
biográfica que acompanha Afonso Cruz em quase todos os seus livros publicados. Acrescenta-se
que, além de escritor, é realizador de filmes de animação, ilustrador e músico da
banda The Soaked Lamb (para a qual
compõe originais, escreve letras, canta e toca guitarra, banjo, harmónica e
ukulele). Vive num monte alentejano onde mantém uma horta e um pequeno olival e
fabrica cerveja.
The Soaked Lamb
Os seus primeiros trabalhos foram na
área publicidade e do design, começando
depois a trabalhar com o cinema de animação e a ilustrar livros para crianças. Em
2006, começou a escrever.
Trabalhou em cinema de animação, em
vários filmes e séries, tanto de publicidade como de autor, de entre os quais
se destacam a curta-metragem Dois Diários
e um Azulejo, de 2003 (baseada na obra de Mário de Sá Carneiro e realizado
em conjunto com Luís Alvoeiro e Jorge Margarido, que ganhou duas menções
honrosas (Cinanima e Famafest) e um prémio do público), e também O Desalmado e a série Histórias de Molero, de 2003 (uma
adaptação de O que diz Molero, de
Dinis Machado).
Como ilustrador, colaborou com a
imprensa periódica, nomeadamente a revista Rua
Sésamo, manuais escolares, storyboards
e publicidade. Ilustrou cerca de três dezenas de livros para crianças com
textos de José Jorge Letria, António Manuel Couto Viana, Alice Vieira e António
Mota, entre outros.
Em 2008, é publicado o seu primeiro
livro, A Carne de Deus, um thriller
satírico e psicadélico.
Mas o primeiro livro que escreveu
foi a Enciclopédia da Estória Universal,
publicada em 2009 e organizada como uma verdadeira enciclopédia (e publicitada como
uma alternativa à de Diderot e d'Alembert), com uma série de entradas ordenadas
alfabeticamente que remetem para referências bibliográficas (a maior parte
apócrifa) e para uma rede de supostos autores, bizarros e obscuros, que se
citam uns aos outros.
Na sua maioria, os textos da Enciclopédia são ficções curtas, citações,
curiosidades, mitos e anedotas quase sempre escritas num registo solene,
prontamente desarmadilhado pelo recurso à ironia e ao humor, revelando-nos
“toda a História que a História esqueceu ou ignorou”. Considerado um “engenhoso
e divertido exercício borgesiano”, venceu o Grande Prémio de Conto Camilo
Castelo Branco de 2009.
Em 2012, Afonso Cruz e a editora
Alfaguara deram início a um projeto de reedição e alargamento do texto original,
publicando anualmente um dos vários volumes desta Enciclopédia (6 até à data).
Os
Livros que Devoraram o Meu Pai
(publicado em 2010 pela Editorial Caminho), um livro infanto-juvenil que venceu
em 2009 o Prémio Literário Maria Rosa Colaço, tornou-se um sucesso junto dos
leitores mais pequenos (e também dos menos pequenos…). A história da demanda de
Elias Bonfim por seu pai, Vivaldo Bonfim, um escriturário entediado que leva
romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado e que um
dia, enquanto fingia trabalhar, se perdeu na leitura e desapareceu deste mundo.
Elias Bonfim irá então à procura do pai, percorrendo clássicos da literatura
cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de
letras.
Também em 2010, Afonso Cruz publica A Boneca de Kokoschka (Quetzal Editores)
- Prémio de Literatura da União Europeia.
“O
pintor Oskar Kokoschka estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a
relação acabou, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os
pormenores da sua amada. A carta à fabricante de marionetas, que era
acompanhada de vários desenhos com indicações para o seu fabrico, incluía quais
as rugas da pele que ele achava imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a
sua paixão, passeava a boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto
dela, partiu-lhe uma garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o
lixo. Foi a partir daí que ela se tornou fundamental para o destino de várias
pessoas que sobreviveram às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden
durante a Segunda Guerra Mundial.”
(da sinopse)
Contrariamente ao que nos indica a
sinopse, este não é um livro sobre Oskar Kokoschka nem sobre a boneca. Mas a
cidade de Dresden é o pano de fundo da história de Isaac Dresner, um pequeno
judeu que, durante a II Guerra Mundial, se esconde na cave de uma loja de
pássaros para fugir às perseguições nazis. A teia de relações que se estabelece
a partir daqui entre Isaac e Bonifaz Vogel, o dono da loja de pássaros que se
sentia a viver no meio de metáforas, faz deste livro uma história sobre a
importância do outro, entretecendo várias narrativas (de que a boneca de Kokoschka
acabará por servir de elo de ligação).
Em 2011 publicou o livro O Pintor Debaixo do Lava-Loiças
(Editorial Caminho), inspirado na história real de Sors, um pintor eslovaco que
nasceu no império Austro- Húngaro, no final do século XIX, emigrou para os EUA
e voltou a Bratislava e que, por causa do nazismo, teve de fugir para debaixo
de um lava-loiças (em casa dos avós do autor).
A
liberdade, muitas vezes, acaba por sobreviver graças a espaços tão apertados
quanto o lava-loiças de um fotógrafo.
Para
mim é evidente: o amor aproxima as pessoas e ficamos todos do mesmo tamanho.
Outros livros:
Jesus Cristo bebia cerveja (2012)
“Uma
corda estica até ao seu comprimento, mas pode passar uma vida dobrada sobre si
mesma, enrolada para dentro. Uma corda comprida pode não passar de um pequeno
rolo. A nossa vida também é assim, como uma corda. Por vezes, estende-se sobre
o abismo, por vezes está enrolada na arrecadação. Pode unir dois lugares
distantes ou ficar arrumada, dobrada sobre si mesma.”
Uma pequena aldeia alentejana
transforma-se em Jerusalém graças ao amor de Rosa pela sua avó Antónia, cujo
maior desejo é visitar a Terra Santa. Um professor paralelo a si mesmo, uma
inglesa que dorme dentro de uma baleia, uma rapariga que lê westerns e crê que
a sua mãe foi substituída pela própria Virgem Maria, são algumas das
personagens que compõem uma história comovente e irónica sobre a capacidade de
transformação do ser humano e sobre as coisas fundamentais da vida: o amor, o
sacrifício, e a cerveja.
Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas (2013)
“Para
onde vão os guarda-chuvas? São como as luvas, são como uma das peúgas que
formam um par. Desaparecem e ninguém sabe para onde. Nunca ninguém encontra
guarda-chuvas, mas toda a gente os perde. Para onde vão as nossas memórias, a
nossa infância, os nossos guarda-chuvas?”
"O
pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado, baseado no que pensamos que
foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente, com tudo o que esse Oriente
tem de mágico, de diferente e de perverso. Conta a história de um homem que ambiciona
ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher
que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de
um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos
fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo
inteiro dentro da boca.
Um
magnífico romance que abre com uma história ilustrada para crianças que já não
acreditam no Pai Natal e se desdobra numa sublime tapeçaria de vidas, tecida
com os fios e as cores das coisas que encontramos, perdemos e esperamos
reencontrar."
(apresentação do livro em https://www.wook.pt/livro/para-onde-vao-os-guarda-chuvas-afonso-cruz/15248888)
Nem todas as baleias voam (2016)
Em plena Guerra Fria, a CIA engendrou um plano, baptizado Jazz Ambassadors, para cativar a juventude de Leste para a causa americana. É neste pano de fundo que conhecemos Erik Gould, pianista exímio, apaixonado, capaz de visualizar sons e de pintar retratos nas teclas do piano. A música está-lhe tão entranhada no corpo como o amor pela única mulher da sua vida, que desapareceu de um dia para o outro. Será o filho de ambos, Tristan, cansado de procurar a mãe entre as páginas de um atlas, que encontrará dentro de uma caixa de sapatos um caminho para recuperar a alegria.
Jalan Jalan (2017)
Jalan significa "rua", em indonésio. Também significa "andar". Jalan jalam, a repetição da palavra que muitas vezes forma o plural, significa passear. Passear é andar duas vezes. Este livro "é uma reunião de textos filosóficos, poéticos e pensamentos sobre a sociedade, acompanhados por fotografias do autor, que pretende ser uma etapa de descoberta, mais do que uma viagem física pelo mundo", segundo a editora, Companhia das Letras.
"Viajar é uma forma de loucura, é sair do seu lugar, prescindir do conforto e entregar-se ao desconhecido. [...] A
viagem pertence ao domínio do invisível, do inimaginável. É um espaço que está
para lá da nossa visão no momento, o que ainda não vimos, mas desejamos ver.
Quando começamos a caminhar tornamos o visível e o inimaginável tangível. Tal
como quando temos uma ideia e a executamos. Um passo fora de casa e começamos a
desenhar o mapa do mundo."
Princípio de Karenina (2018)
“Eu seria muito infeliz num mundo
feliz. Ela seria feliz em qualquer mundo”. Assim começa o romance, numa espécie
de diálogo com o início do magistral Ana Karenina, de Tolstoi, que arrancava
com a famosa frase: “Todas as famílias felizes se parecem, todas as infelizes
são infelizes à sua maneira”.
Em Princípio de Karenina, Afonso Cruz conta-nos a história de um pai que se dirige à filha e lhe
conta a sua história, que é a história de ambos, revelando distâncias e
aproximando-se por causa disso, numa entrega sincera e emocional.
Uma viagem até aos confins do mundo,
até ao Vietname e Camboja, até ao território que antigamente se designava como
Cochinchina, para encontrar e perceber aquilo que está mais perto de nós,
aquilo que nos habita. Um pai que ergue muros de silêncio, uma mãe que faz
arco-íris de música, uma criada quase tão velha como o Mundo, um amigo que
veste roupas de mulher, uma amante que carrega sabores e perfumes proibidos.
São estas algumas das inesquecíveis personagens que rodeiam este homem que se
dirige à filha, que testemunham - ou dificultam - essa procura do amor mais
incondicional.
"Quando erguemos muros, ficamos parados num espaço. As pessoas imaginam que é para impedir os outros de chegar até nós, mas os muros acima de tudo impedem que cheguemos aos outros, que possamos sair deles também. Erguer muros não é uma forma de segurança, é uma prisão."
Uma busca que nos leva a todos a
chegar tão longe, para lá de longe, para nos depararmos connosco, com as nossas
relações mais próximas, com os nossos erros, com as nossas paixões, com as
nossas dores e, ao somar tudo isto, entre sofrimento e júbilo, encontrar talvez
felicidade.
Em maio de 2019, Afonso Cruz
publicou na coleção Retratos da Fundação Francisco Manuel dos Santos o ensaio O macaco bêbado foi à ópera, retrato
inusitado da civilização acumuladora, gananciosa e um tanto louca na qual
desembocámos.
No
início… houve um macaco espertalhão que desceu da árvore para comer frutos
caídos no chão, mais maduros, logo, mais doces, logo, mais fermentados, isto é,
com um leve cheirinho a álcool. Outros macacos se lhe seguiram e, com o aumento
das calorias consumidas, foi um passo até que lhes crescesse o cérebro, a
coluna se endireitasse e as mãos se libertassem. Mais um passo… e estávamos a
ir à ópera.
Partindo da teoria que
coloca o álcool na origem da evolução humana e que justifica a nossa
insaciabilidade milenar, do macaco original à criação da cerveja, que
impulsionou a sedentarização e cativou Jesus Cristo, assistimos ao desenrolar
das consequências do consumo de álcool. Da embriaguez à civilização, a nossa
história nunca foi contada assim.
Uma das particularidades dos livros de Afonso Cruz é o cuidado gráfico que acompanha cada edição: ilustrações (a maior parte do próprio autor), tamanhos e tipos de letra que refletem estados de espírito ou tempos-espaços diferentes, aliados a um estilo pautado pela erudição e ironia, fazem deste escritor um dos mais geniais e originais da sua geração.
Obras de Afonso Cruz
(*) Disponíveis no catálogo a Biblioteca do ECB
Ficção:
A Carne de Deus (2008)
Enciclopédia da Estória Universal
(2009)
Os Livros que Devoraram o Meu Pai
(2010) (*)
A Boneca de Kokoschka (2010) (*)
A Contradição Humana (2010)
Jesus Cristo Bebia Cerveja (2012)
Enciclopédia da Estória Universal –
Recolha de Alexandria (2012)
Assim, Mas Sem Ser Assim (2013)
O Livro do Ano (2013)
O Cultivo de Flores de Plástico
(teatro, 2013)
Para Onde Vão os Guarda-Chuvas
(2013)
Enciclopédia da Estória Universal –
Arquivos de Dresner (2013)
Os Pássaros (dos Poemas Voam Mais
Alto) (2014)
À Velocidade do Pensamento (2014)
Capital (2014)
Enciclopédia da Estória Universal –
Mar (2014)
Flores (2015)
Barafunda (livro infantil, em
conjunto com Marta Bernardes e José Cardoso) (2015)
Vaga (2015)
Cruzada das Crianças - Vamos Mudar o
Mundo (2015)
Enciclopédia da Estória Universal – As
reencarnações de Pitágoras (2015)
Vamos Comprar Um Poeta (2016)
Nem Todas As Baleias Voam (2016)
Enciclopédia da Estória Universal –
Mil anos de esquecimento (2016)
Jalan Jalan (2017)
Princípio de Karenina (2018)
Enciclopédia da Estória Universal –
Biblioteca de Brasov (2018)
Como Cozinhar uma Criança (2019)
O macaco bêbado foi à ópera (2019) (*)
Ilustração:
O Dia, Oficina do Livro (2009)
Alfabeto dos Países, Oficina do
Livro (2009)
A Minha Primeira República, D.
Quixote (2009)
Dom Mínimo, o Anão Enorme e Outras
Histórias, Texto (2009)
O Dia em Que o Meu Bairro Ficou de
Pantanas, Texto (2009)
Chamem-lhes Nomes!, Texto (2009)
Rimas Perfeitas, Imperfeitas e
Mais-que-perfeitas, Texto (2009)
O Flautista de Hamelin, Zero a Oito
(2009)
Henriqueta, a Tartaruga de Darwin,
Texto (2009)
Galileu – À Luz de Uma Estrela,
Texto (2009) - Prémio Ler/Booktailors 2011 (Melhor Ilustração Original)
Machado Santos – O Herói da Rotunda,
Texto (2009)
O Alfabeto do Corpo Humano, Oficina
do Livro (2009)
Tratamento – O Que Acontece a
Seguir?, Associação Acreditar (2010)
O Domínio do Dominó e Outras
Histórias, Texto (2010)
As Consultas do Dr. Serafim e a
Bronquite da Senhora Adriana, Texto (2010)
Esdrúxulas, Graves e Agudas,
Magrinhas e Barrigudas, Texto (2010)
Max e Achebiche – Uma História Muito
Fixe, Texto (2010)
Infante D. Henrique – O Navegador
dos Sonhos, Texto (2010)
A Contradição Humana, Caminho (2010)
- Prémio Autores 2011 SPA/RTP; selecção White Ravens 2011; Menção especial do
Prémio Nacional de Ilustração; Lista de Honra do IBBY (International Board on
Books for Young People); Prémio Ler/Booktailors 2012 (Melhor Ilustração
Original)
Era uma Vez um Rei Que Abraçou o
Mar, Oficina do Livro (2011)
Colectivos de Animais e Outros Mais,
Texto (2011)
Capital, Pato Lógico (2014) - Prémio
Nacional de Ilustração (2014)
Colaborações:
Almanaque do Dr. Thackery T.
Lambshead de Doenças Excêntricas e Desacreditadas, Saída de Emergência (2010)
Prazer da Leitura, FNAC/Teodolito
(2011)
O Caso do Cadáver Esquisito, Prado
(2011)
Vollüspa - Antologia de Contos de
Literatura Fantástica, HMEditora (2012)
Isto Não É um Conto, Associação Link
(2012)
O Grande Prémio do Conto Camilo
Castelo Branco (1991-2009), Roma Editora (2012)
21 Cartas de Amor, Abraço (2013)
A Misteriosa Mulher da Ópera, Casa
das Letras (2013)
Granta - Eu, Tinta da China (2013)
Microenciclopédia de
Micro-Organismos, Microcoisas, Nanocenas e Seus Amigos de A a Z, Prado (2013)
Abril - 40 Anos, Âncora Editora -
APE (2014)
MotelX - Histórias de Terror,
Escritório Editora (2015)
O Lado de Dentro do Lado de Dentro,
Cultiv - Associação de Ideias para a Cultura e Cidadania (2015)
Contos Imperfeitos, Arquivo (2015)
A Inocência das Facas, Tcharan
(2015)
Uma Terra Prometida, IN (2016)
Guia Ler e Ver - Lisboa, Prado -
EGEAC (2016)
Alguns
dos títulos de obras de Afonso Cruz mereceram-lhe prémios como o Grande
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010, Prémio Literário Maria Rosa Colaço
2009, Prémio da União Europeia para a Literatura 2012, Prémio Autores 2011
SPA/RTP; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011; Lista de Honra
do IBBY – Internacional Board on Books for Young People; Prémio Ler/Booktailors
– Melhor Ilustração Original e Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração
2011; Prémio da União Europeia para a Literatura 2012; Melhor Livro do Ano da
Time Out 2012; Prémio Sociedade Portuguesa de Autores 2013; Prémio Autores para
Melhor Ficção Narrativa, atribuído pela SPA em 2014; Prémio Nacional de
Ilustração 2014; Prémio Fernando Namora 2015.
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