No 11º ano, estudamos Os Maias,
esse esplêndido romance – do melhor que se produziu na prosa narrativa do
século XIX – que tantas dores de cabeça causa aos alunos. Mas alguns atrevem-se
a ir além da ideia preconcebida, vão entrando no romance. E quase sempre a
reação é de surpresa e até de deslumbramento.
Não sei se é o caso da Catarina Henriques, do 11º A, que escreveu o texto
que partilhamos aqui. Gosto de pensar que sim.
Foi-lhe pedido, como tarefa a realizar em aula assíncrona de Português,
que escrevesse uma pequena exposição, mostrando que certos espaços do romance, no
seu conjunto, contam a história do protagonista, Carlos da Maia. Foi este o texto que ela enviou.
Soledade Santos, professora
de Português
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A ação d’ Os
Maias passa-se na segunda metade do século XIX e apresenta-nos a história
de três gerações da família Maia. Carlos Eduardo da Maia, um belo homem, física
e intelectualmente, é a personagem principal do romance.
Assim sendo, todos
os espaços estão relacionados com esta personagem, desde Santa Olávia até Coimbra,
a Lisboa, ao seu consultório e a outros locais que frequenta, passando por
Sintra e terminando em Paris, onde passa a residir no final da narrativa.
A infância de
Carlos decorre em Santa Olávia, um espaço conotado muito positivamente. É o
símbolo da vida e o refúgio em momentos difíceis. Já Coimbra é o local dos
estudos de Carlos, do seu contacto com as novas ideias filosóficas e
científicas, e o símbolo da boémia estudantil e da amizade. Sintra, por sua
vez, onde procura a amada, representa a beleza paradisíaca e os encontros
amorosos, mais ou menos clandestinos, da alta burguesia da época.
A vida profissional
e social de Carlos passa-se em Lisboa. A cidade representa então a idade adulta
e o convívio, sendo o palco dos seus amores e da desgraça da sua família. O Ramalhete,
a casa onde reside com o avô, representa as expetativas, os sonhos, os sucessos,
mas também a catástrofe que precipita a decadência familiar. Por sua vez, o consultório
é o símbolo do diletantismo de Carlos e da sua geração. Representa os seus projetos
e o posterior falhanço profissional.
É na Toca, uma
quinta discreta nos Olivais, que Carlos vive a sua curta história de amor com
Maria Eduarda, sendo a sensualidade de ambos simbolizada por este espaço. É
também aqui, ao nível da descrição do espaço, que se encontram várias
evidências que pressagiam o destino trágico do casal.
Por fim, ao
longo de toda a obra, o estrangeiro surge como símbolo de cultura, de requinte
e da educação superior de Carlos, mas também como um recurso para fugir aos
problemas e complicações. Assim, depois do incesto e da morte do avô, é em
Paris que Carlos da Maia se refugia.
Concluindo,
podemos afirmar que o espaço é uma categoria central neste romance.
Catarina Henriques, nº5, 11ºA
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