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segunda-feira, 8 de março de 2021

Sugestão de leitura - Novas Cartas Portuguesas

 


Em 1972, Maria Teresa Horta (1937-), Maria Isabel Barreno (1939-2016) e Maria Velho da Costa (1938-2020) publicaram Novas Cartas Portuguesas, livro que revelou ao mundo a existência de situações discriminatórias agudas em Portugal, relacionadas com a repressão ditatorial e a condição da mulher (casamento, maternidade, sexualidade feminina, trabalho), bem como denunciou as injustiças de uma guerra que Portugal mantinha há mais de 10 anos em África. O livro foi editado pela Estúdios Cor, editora com direção literária de Natália Correia.

Os textos que compõem este livro, inspirado nas Lettres Portugaises (obra francesa publicada anonimamente em Paris, em 1669, composta por cinco cartas supostamente escritas por Mariana Alcoforado, uma freira portuguesa, após ter sido seduzida e abandonada pelo cavaleiro francês Noel Bouton, no Convento da Conceição em Beja), foram considerados “imorais” e “pornográficos”, pois retratavam mulheres que questionavam a sua condição e expressavam o desejo de serem livres.

O regime de Marcelo Caetano, apesar da prometida liberalização e abertura, reagiu, tendo o livro sido proibido pela censura e as “três Marias” (nome por que ficaram conhecidas nacional e internacionalmente as três autoras), juntamente com o seu editor, Romeu de Melo, foram incriminados e levados a tribunal. Apesar de proibido, o livro era já um “best-seller” dentro e fora de Portugal.

O julgamento teve início em julho de 1973 e a leitura da sentença ficou agendada para 18 de Abril de 1974, mas só foi possível realizá-la depois da revolução, a 7 de Maio. Sob o novo regime, as escritoras foram absolvidas.


Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno


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