O
escritor Mário Costa Martins de Carvalho nasceu em Lisboa, no dia 25
de Setembro de 1944, e tem publicada uma vasta obra que integra romances, contos,
peças de teatro, ensaios e argumentos para cinema. Licenciou-se em Direito pela
Universidade de Lisboa e, paralelamente à escrita, dedicou-se a uma advocacia
de causas, nomeadamente sindicais e de inquilinato, manifestando desde sempre
um grande envolvimento com uma cidadania ativa e interventiva politicamente. Ainda
estudante universitário, participou nas greves estudantis de 1961-1962 e, já
nos inícios da década de 70 do século XX, na resistência clandestina
antifascista, tendo sido preso nas cadeias políticas de Caxias e Peniche. Em 1973
saiu ilegalmente de Portugal e exilou-se na Suécia, regressando ao país após a
Revolução de Abril.
Publicou
o seu primeiro livro em 1981, Contos da
Sétima Esfera, conquistando de imediato os leitores pelo inesperado da
abordagem ficcional e pelas peculiares atmosferas em que decorrem os contos,
entre o maravilhoso e o fantástico.
Ainda
na década de 80, publicou Os Casos do
Beco das Sardinheiras (1981), O Livro
Grande de Tebas, Navio e Mariana (1982), A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho (1983), Fabulário (1984), A Paixão do Conde de Fróis (1986) e Os Alferes (1989), entre outros.
Em
1991, publica a peça de teatro Água em
pena de pato.
Em
1994, surge o seu livro mais reeditado, traduzido e premiado, o romance Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde (1994),
cuja ação se situa no século II d. C., em Tarcisis, cidade romana da Lusitânia.
O magistrado Lúcio Valério Quíncio, recebendo notícias de uma invasão bárbara iminente,
proveniente do Norte de África, vê-se obrigado a tomar medidas drásticas,
enquanto, no interior das muralhas da cidade, uma nova seita, a Congregação do
Peixe, põe em causa os valores da romanidade, evocando os ensinamentos de um
obscuro crucificado. No plano íntimo, a paixão devastadora por uma mulher,
Iunia, perturba-o e confunde-o, mas sem o afastar do cumprimento do dever. Neste
romance em que a ficção se sobrepõe à História, Mário de Carvalho (que garante,
numa epígrafe provocatória, não se tratar de um romance histórico) reconstitui
as características culturais, políticas e quotidianas do Império Romano, sem
nunca esquecer a «intercessão de certo deus que, nos primórdios, ao que parece,
passeava num jardim pela brisa da tarde...».
Com
este romance, Mário de Carvalho obteve sucessivos prémios, entre os quais o Prémio
Pégaso de Literatura, o Prémio Fernando Namora, o Prémio de Romance e Novela da
APE e o Prémio Literário Giuseppe Arcebi. Estando traduzido para inglês,
francês, alemão, italiano e outras línguas, em capa dura e edições de bolso, é
ainda um livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Antes
do final da década de 90, publicou Era
Bom que Trocássemos Umas Ideias sobre o Assunto (1995) e Se Perguntarem por Mim, não Estou seguido de
Haja Harmonia (1999). Já nos inícios do século XXI, surgem Contos Vagabundos (2000), Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina
(2003), A Sala Magenta (2008), A Arte de Morrer Longe (2010), O Homem do Turbante Verde (2011), Quando o Diabo Reza (2011), O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel
(2012), A Liberdade De Pátio (2013), Quem disser o contrário é porque tem razão
(2014), Novelas Extravagantes (2015).
A Ronda das Mil Belas em Frol, publicado
em 2016, é o seu mais recente romance.
Com
um estilo muito versátil, percorrendo vários registos, desde temas históricos a
narrativas da atualidade, numa escrita sempre pontuada por uma sátira viva e
certeira, Mário de Carvalho é, sem dúvida, um autor a conhecer e a apreciar!
Obras de Mário de Carvalho na
Biblioteca do ECB:
- Contos da Sétima Esfera (1981)
- A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
(1983)
- Fabulário (1984)
- A Paixão do Conde de Fróis (1986)
- Os Alferes (1989)
- Água em Pena de Pato (1991)
- Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde
(1994)
- Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o
Assunto (1995)
- Contos Vagabundos (2000)
- A Sala Magenta (2008)
- Quem disser o
contrário é porque tem razão (2014)
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