O Prémio
Leya 2017, o maior para uma obra inédita escrita em Língua Portuguesa, foi hoje
atribuído ao escritor João Pinto Coelho
com o romance Os loucos da rua Mazur.
João
Pinto Coelho, que nasceu em Londres, em 1967, já tinha sido finalista do Prémio
Leya, em 2014, com o romance Perguntem a
Sarah Gross.
Licenciado
em Arquitetura, este escritor viveu a maior parte da sua vida em Lisboa. Passou
várias temporadas nos Estados Unidos da América, onde chegou a trabalhar num
teatro profissional, perto de Nova Iorque.
Em
2009 e 2011, integrou duas ações do Conselho da Europa que tiveram lugar em
Oświęcim, onde ficava o campo de concentração de Auschwitz, trabalhando de
perto com diversos investigadores do Holocausto. Foi durante este período na
Polónia que concebeu e implementou o projeto “Auschwitz in 1st Person/A Letter
to Meir Berkovich” e que surgiu a ideia para o seu romance de estreia, Perguntem a Sarah Gross, sobre uma
mulher carismática e misteriosa que dirige o colégio mais elitista da Nova
Inglaterra, nos Estados Unidos da América. “Perguntem
a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se
tornou o mais famoso campo de extermínio da História”, refere a sinopse
disponível no sítio da Leya.
Com
o romance agora premiado Os loucos da rua
Mazur, João Pinto Coelho regressa à Polónia, em dois tempos distintos: a
Segunda Guerra Mundial e a atualidade.
O
Presidente do Júri do Prémio Leya, Manuel Alegre, salientou que “Os loucos da
rua Mazur” foi premiado «pela sua qualidade literária e também pela sua
singularidade», uma vez que retrata a violência cometida numa «pequena
comunidade da Polónia». Ao contrário de outras obras sobre a Segunda Guerra
Mundial, o romance de João Pinto Coelho aborda a «crueldade cometida pela
comunidade sobre a própria comunidade. [...] É uma das comunidades que
extermina outra, não se passa em Auschwitz».
Ainda
segundo Manuel Alegre, este é «um livro muito bem escrito, com muita força»,
que aborda a temática do extermínio dos judeus, acrescentando que o romance tem
«personagens fortíssimas» e cujas «qualidades de efabulação e verosimilhança em
episódios de violência brutal com motivações ideológico-políticas e
étnico-religiosas, emergindo de uma convivência comunitária multissecular»
foram as mais apreciadas pelos jurados. «De igual modo, o júri valorizou a
criação de personagens com densa singularidade existencial, no triângulo
perturbador de amizade e conflito amoroso dos protagonistas, tal como de
figuras secundárias com valor simbólico». Para o júri, é ainda «de salientar a
força humana de um protagonista, o velho livreiro cego, que irá ficar como uma
figura inesquecível da nossa ficção mais recente».
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