Alexandre
Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa, no dia 28 de Março de 1810, e
morreu na Quinta de Vale de Lobos, Santarém, em 18 de Setembro de 1877. Encontra-se
sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, para onde foi transladado em 6 de Novembro
de 1978.
As
invasões francesas (1807-1811), o consequente domínio inglês e a difusão das
ideias liberais, vindas sobretudo de França e que conduziriam à Revolução de
1820, marcaram a sua infância e juventude, assim como toda a sua vida literária.
Se
hoje é recordado e estudado principlamente como escritor, historiador, ensaísta
e poeta do romantismo português, a sua vida passou também pelo combate
político, destacando-se na luta contra o absolutismo e envolvendo-se nas
guerras que opuseram liberais a miguelistas. Em 1831, participou na revolta de
21 de Agosto protagonizada pelo Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra
o governo de D. Miguel, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta
militar, a exilar-se, primeiro em Inglaterra e, mais tarde em França; em 1832,
de regresso a Portugal, junta-se ao exército liberal e participa na expedição
militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832, na
praia do Mindelo.
Identificando-se
com a ala esquerda do Partido Cartista (defensor da Carta Constitucional de
1826, promulgada por D. Pedro IV), foi eleito deputado às Cortes pelo Partido
Cartista em 1840, mas demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a atividade
parlamentar. Foi preceptor do futuro Rei D. Pedro V e um dos fundadores do
Partido Progressista Histórico, em 1856.
Nomeado
por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí
permaneceu até ter sido convidado a dirigir a revista O Panorama (1837-1868), revista de caráter artístico e científico
de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis,
patrocinada pela própria rainha D. Maria II.
Recebeu
uma formação de índole essencialmente clássica (Latim, Lógica e Retórica) e
literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas
que foram decisivas para a sua obra literária. Com os estudos de Diplomática,
empreendidos aos 18 anos na Torre do Tombo, aprendeu os rudimentos da
investigação histórica. Em 1839, o convite de D. Fernando para dirigir as
bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, permitiu-lhe prosseguir
trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro
volumes da História de Portugal,
publicados entre 1846-1853.
Herculano
foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica
em Portugal, na senda do que haviam feito Walter Scott (1771-1832), poeta e romancista
escocês que escreveu, entre outros, Ivanhoe,
ou o francês Vitor Hugo (1802-1885), autor do romance histórico Nossa Senhora de Paris e que lhe terá
servido também de modelo.
Juntamente
com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo no nosso país,
desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Em
1838, publicou o seu primeiro livro de poesia, A Harpa do Crente, e vê levada à cena, em Lisboa, a peça O Fronteiro de África ou três noites aziagas.
Em
1843 publicou O Bobo e, entre 1844 e
1848, O Monasticon, obra que integra
aquele que é considerado a obra maior do romance histórico em Portugal no século
XIX, Eurico o Presbítero, além de O Monge de Cister.
Em
1846, publica o primeiro volume de uma das suas obras mais notáveis, História de Portugal, obra que introduz
a historiografia científica em Portugal. O prestígio que lhe advém desta
publicação leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efetivo
em 1852 e a encarregá-lo da recolha dos Portugaliae
Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos dispersos pelos
cartórios conventuais do país), projeto que empreende em 1853 e 1854, e que
começará a ser publicado em 1856. Publica ainda História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal,
entre 1854-1859.
Na
obra Lendas e Narrativas, publicada
em 1851 e composta por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar
contos e novelas, Alexandre Herculano abordou vários períodos da história da
Península Ibérica, sendo evidente a sua preferência pela Idade Média, época em
que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa e
escolha comum entre os românticos.
Também
em 1851, publicou O Pároco de Aldeia.
Entre
1836 e 1860, publicou dez Opúsculos,
dedicados ao que chamou Questões Públicas, Controvérsias e Estudos Históricos,
Literatura.
Em
1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, e desiludido com a vida pública,
retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de Baixo,
Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de
recolhimento espiritual. Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a
trabalhar nos Portugaliae Monumenta
Historica, em 1871 interveio contra o encerramento das Conferências do
Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos Opúsculos e manteve correspondência com
várias figuras da vida política e literária
Em
Vale de Lobos viria a morrer de pneumonia, em 13 de Setembro de 1877.
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