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de junho de 1875, nascia em Lübeck, cidade livre no norte do antigo Império
Alemão, o escritor Thomas Mann, considerado
um dos maiores romancistas do século XX e irmão mais novo do também romancista
Heinrich Mann. Morreu em Zurique, a 12 de agosto de 1955.
Oriundo
de uma família burguesa ligada ao comércio e à política, após a morte do pai, em
1892, quando Thomas Mann tinha 17 anos, a mãe mudou-se para Munique,
cidade católica do sul da Alemanha. Em 1893, Thomas Mann começou a escrever alguns
textos em prosa e artigos para a revista Der
Frühlingssturm (“Tempestade de
primavera”) da qual era co-editor. No ano seguinte, 1894, juntou-se à
família em Munique, onde começou um estágio não remunerado numa
sociedade de seguros, atividade que acabou por abandonar em 1895, tornando-se
escritor livre. Entre 1896 e 1898, fez uma longa viagem a Itália, em visita ao
seu irmão Heinrich Mann, e começou a trabalhar no manuscrito de Os Buddenbrook. De volta a Munique,
tornou-se um dos editores do jornal satírico-humorístico Simplicissimus.
Em
1901, quando Thomas Mann tem 26 anos, é publicado é seu primeiro romance, Os Buddenbrook.
Publicado originalmente em dois volumes, as suas
quase 600 páginas tinham levado o editor a sugerir a Mann que encurtasse o
texto. Thomas Mann não concordou e o livro foi publicado na íntegra. Mais tarde,
Thomas Mann dirá que julgava que o livro iria passar despercebido e seria
possivelmente o fim da sua carreira literária. A realidade foi bem diferente:
em 1903 uma segunda edição da obra catapulta Thomas Mann para o sucesso, tornando-se
um dos escritores mais notáveis do século XX. Em 1929, a Academia Sueca
atribuiu-lhe o Prémio Nobel da Literatura e, embora reconhecesse o valor do conjunto
da obra já publicada pelo autor, admitiu que o romance Os Buddenbrook tinha sido a principal razão para a atribuição do
prémio.
Durante
a juventude e inícios da idade adulta, Thomas Mann teve várias paixões e
relações com outros homens. Apesar disso, apaixonou-se por Katharina (Katia)
Pringsheim, com quem casou em 1905. Deste casamento, nasceram seis filhos.
Em
1912, publica a novela Morte em Veneza,
escrita durante uma estadia no Lido de Veneza e considerada a sua obra mais
confessional.
Durante
a Primeira Guerra Mundial, Thomas Mann entra em conflito com o irmão Heinrich
Mann pois defende a entrada da Alemanha na guerra e a política do Kaiser
Guilherme II, enquanto o irmão defende a causa da França. Thomas Mann chegou a
penhorar a casa que possuía em Bad Tölz em 1917 a favor do esforço de guerra. A
perspetiva de Thomas Mann ao longo deste período encontra-se sumariada no
ensaio «Considerações de um Apolítico» (1918) e no romance Montanha Mágica, escrito entre 1912 e 1924.
Em
1922, teve lugar um acontecimento que alguns críticos literários consideram decisivo
para a transformação política de Thomas Mann a favor da democracia e da
República: o assassínio do ministro dos negócios estrangeiros de ascendência
judaica, Walter Rathenau, numa ação desencadeada por elementos radicais
ultra-nacionalistas.
Em 1933, após a
chegada de Hitler ao poder, exilou-se na cidade suíça de Zurique, perdendo a
nacionalidade alemã em 1936. Em 1938 mudou-se para os Estados Unidos, obtendo a
nacionalidade norte-americana em 1944. O período do “mccarthismo” (a cruzada anticomunista
promovida pelo Senador republicano Joseph McCarthy, caracterizada por uma
acentuada perseguição e repressão política dos comunistas, ou suspeitos de o
serem, assim como por uma campanha de medo quanto à sua influência deles nas
instituições norte-americanas, ações também conhecidas como “caça à bruxas”)
levou Thomas Mann a regressar à Suíça, vivendo em Kilchberg, próximo de
Zurique, até à sua morte, em 1955. Encontra-se sepultado no Kilchberg Village
Cemetery, Kilchberg, Zurique, Suíça.
Obras
(*disponíveis na Biblioteca do ECB)
- Der kleine Herr Friedemann (1898)
- Os Buddenbrook (1901) (Buddenbrooks - Verfall einer Familie) *
- Tonio Kröger (1903)
- Sua Alteza Real (1909) (Königliche Hoheit)
- A Morte em Veneza (1912) (Der Tod in Venedig) *
- Betrachtungen eines Unpolitischen (Considerações de um apolítico) (1918)
- The German Republic (1922) (Von deutscher Republik)
- Montanha Mágica (1924) (Der Zauberberg) *
- Unordnung und frühes Leid (1926)
- Mário e o Mágico (1930)
- José e os seus Irmãos (1933-1943) (Joseph und seine Brüder) *
- As Histórias de Jacó (1933)
- O Jovem José (1934)
- José no Egito (1936)
- José, o Provedor (1943)
- Das Problem der Freiheit (1937)
- Lotte in Weimar or The Beloved Returns (1939)
- As Cabeças Trocadas (1940) (Die vertauschten Köpfe - Eine indische Legende) *
- Doutor Fausto (1947) (Doktor Faustus) *
- Der Erwählte (1951)
- As Confissões do Félix Krull, Cavalheiro de Indústria (1922/1954) (Bekenntnisse des Hochstaplers Felix Krull. Der Memoiren erster Teil, não terminado)
- O Cisne Negro (1954) (Die Betrogene: Erzählung) *
Os Buddenbrook
O romance
Os Buddenbrook, publicado em 1901, é uma
saga familiar de proporções épicas na qual começou a trabalhar em 1887 e que
retrata, ao longo de quatro gerações, a progressiva decadência de uma família
abastada protestante de comerciantes de cereais de Lübeck, ao mesmo tempo que
lança um olhar penetrante e crítico sobre a burguesia alemã do século XIX.
Thomas
Mann é considerado um romancista analítico, que descreve como poucos a tensão
entre o caráter nórdico, protestante, frio e ascético (características típicas
da sua Lübeck natal) e as personagens mais rústicas, simples, bonacheironas,
das regiões católicas do sul, de onde se destaca o senhor
"Permaneder", o paradigma do bávaro de Munique, em Os Buddenbrook. Thomas Mann viveu entre
estes dois mundos: por um lado, a origem familiar e o ambiente da ética protestante
de Lübeck, por outro, a voz interior e a influência da mãe, que o faziam
interessar-se menos pelos negócios e mais pela literatura, influência que
acabou por ser a dominante.
Thomas
Mann via nos Buddenbrook um exemplo de uma família em decadência, em que os
descendentes não saberiam levar avante o negócio que herdaram. Fortemente
inspirado na história da sua própria família, o romance foi lido com especial
interesse pelos habitantes de Lübeck que ali descobriram muitos traços de
personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma
reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o
próprio ninho".
Mais
do que a crónica em torno da vida e dos costumes dos seus personagens, Os Buddenbrook é a metáfora exemplar das
contradições e dilemas de uma classe, cujo poder e domínio se constroem sobre a
fraude, a hipocrisia e a alienação. Ao mesmo tempo, como posteriormente
acontecerá noutros romances, Thomas Mann propõe e desenvolve o tema da arte
como a instância privilegiada em que o homem pode refletir sobre si, a sua
época e o seu meio.
Sendo de uma leitura
mais acessível do que grande parte da sua obra mais tardia (Montanha Mágica ou Doutor Fausto), Os
Buddenbrook são já um exemplo das obsessões de Mann ao nível da escrita: a
narrativa imaculada, um subtil tom irónico e as detalhadas descrições das
personagens, num cruzamento entre a tradição realista do século XIX e o
simbolismo do início do século XX.
Morte em Veneza
O romance
Morte em Veneza foi escrito entre julho
de 1911 e julho de 1912 e inicialmente publicado nos números de Outubro e
Novembro de 1912 da revista alemã Die
Neue Rundschau. Sob a forma de livro, é publicado em Fevereiro de 1913. Nesta
obra, Thomas Mann apresenta uma escrita complexa e profunda, onde quase cada
parágrafo pode ter várias leituras. Em contraponto, o enredo é praticamente
inexistente: um homem de meia-idade, Gustav Aschenbach, viaja até Veneza,
apaixona-se platonicamente por um jovem rapaz polaco, extremamente atraente, Tadzio,e
morre sem sequer ter trocado uma palavra com ele.
Se, a uma primeira
leitura, a homossexualidade se torna evidente, à medida que a narrativa
prossegue, essa questão mostra-se secundária à análise da obra. Não foi esta a
preocupação central do autor, visto que nem sequer houve contacto físico entre
as personagens, estando o amor de Aschenbach por Tadzio no âmbito da idealização:
a verdadeira atração mostra-se ser pela beleza e perfeição do rapaz, reflexo
temporal da beleza eterna, como se Aschenbach buscasse na arte a forma física e
a perfeição que gostaria de ter.
“Era
mais belo do que é possível descrever-se e Aschenbach sentiu dolorosamente,
como tantas vezes antes, que a palavra só pode enaltecer a beleza, não consegue
reproduzi-la. [...] E recostado, com os braços pendentes, subjugado e percorrido
por frequentes calafrios, murmurou num sussurro a fórmula eterna do desejo –
impossível aqui, absurda, abjeta, ridícula e, contudo, sagrada e, apesar de
tudo, venerável: "Amo-te!"
Montanha Mágica
Em
1924, Thomas Mann publica aquele que é considerado um dos romances mais influentes
da literatura mundial do século XX, Montanha Mágica (no original em alemão Der Zauberberg). É um exemplo clássico
da literatura que os alemães classificam como Bildungsroman (romance de desenvolvimento ou de formação).
A
obra narra a visita que Hans Castorp, um jovem engenheiro naval alemão, de
Hamburgo, faz ao primo Joachim Ziemssen que se encontra internado num sanatório
destinado ao tratamento de doenças respiratórias localizado em Davos, nos Alpes
suíços, pouco antes do começo da Primeira Guerra Mundial. Apesar de se dirigir
ao sanatório apenas para a visita e para tratar uma anemia, Hans Castorp vai
aos poucos mostrando sinais de que tem tuberculose pulmonar e acaba por prolongar
a sua estadia por meses e anos, pois a sua saída vai sendo adiada por causa da
doença.
Nesse
período, Castorp, pouco a pouco, afasta-se da vida "na planície" e
conquista o que chama” liberdade da vida normal”. Desliga-se do tempo, da
carreira e da família e é atraído pela doença, pela introspeção e pela morte.
Ao mesmo tempo, amadurece e trava contacto mais profundo com a política, a
arte, a cultura, a religião, a filosofia, a fragilidade humana (incluindo a
morte e o suicídio), o caráter subjetivo do tempo (um dos temas mais
importantes da obra) e o amor.
O
sanatório forma um microcosmo europeu. Os numerosos personagens do livro,
muitos com descrições e reflexões detalhadas, são representações de tendências
e pensamentos que predominavam na Europa antes da Primeira Guerra Mundial,
conhecido como o período da Belle Epoque.
Em particular os personagens Lodovico Settembrini (humanista e enciclopedista)
e Leo Naphta (um jesuíta totalitário) representam, respetivamente, o contraste
entre ideias liberais e conservadoras. Também se destacam o hedonista Mynheer
Peeperkorn e Madame Clawdia Chauchat, por quem Castorp desenvolve um interesse
romântico e sensual.
A
subjetividade da passagem do tempo abordada por Mann reflete-se na estrutura do
livro. A narrativa é ordenada cronologicamente, mas acelera ao longo do
romance. Desse modo, os primeiros cinco capítulos relatam apenas o primeiro dos
anos de Castorp no sanatório, em grande detalhe. Os restantes seis anos,
marcados pela monotonia e pela rotina, são descritos nos últimos dois
capítulos. Essa assimetria corresponde à própria perceção distorcida de Castorp
quanto à passagem do tempo.
O
final da narrativa coincide com o deflagrar da Grande Guerra e Castorp une-se
às fileiras do exército. Apesar de assistirmos ao processo de amadurecimento do
personagem ao longo do romance, não fica claro, no final, se ele conseguiu
formar uma sólida individualidade: a sua última aparição será a de um soldado
anónimo, entre milhares, num qualquer campo de batalha da Primeira Guerra
Mundial.
Thomas
Mann iniciou a escrita de Montanha Mágica
em 1912, o mesmo ano em que a mulher, Katharina Mann, foi internada num
sanatório de Davos, na Suíça, para se curar de uma tuberculose. O livro teria
sido inspirado nesse episódio.
Em
1915, Thomas Mann interrompeu o trabalho no manuscrito, indeciso sobre o fim a
dar ao romance. É deste período o conflito com o irmão Heinrich Mann, um
apoiante da França e dos aliados, que desprezava o espírito filisteu,
provinciano, totalitário, acrítico dos alemães e do Kaiser Guilherme II. Thomas
Mann continuou a escrever Montanha Mágica em 1919, já depois da guerra. Terminaria o romance apenas em 1924,
ano da publicação, influenciado também pela experiência da Alemanha durante a
República de Weimar.
José e seus irmãos
José e seus irmãos (Joseph und seine Brüder) é um romance em quatro partes, escrito ao
longo de cerca de 16 anos. Mann reelabora as histórias familiares do Génesis,
de Jacob a José (capítulos 27-50), enquadrando-as no contexto histórico do
Período Amarna. A tetralogia consiste em:
- A história de Jacob, escrita entre dezembro de 1926 e outubro de 1930 (Genesis 27–36);
- O jovem José, escrita entre janeiro de 1931 e Junho de 1932 (Genesis 37);
- José no Egipto, escrita entre julho de 1932 e agosto de 1936 (Genesis 38–40);
- José, o Provedor, escrita entre agosto de 1940 e janeiro de 1943 (Genesis 41–50).
Mann
considerou-a a sua maior obra. Situou a história no século XIV a.C. e atribuiu
ao faraó Akhenaton a designação de José como seu vice-regente.
Um
tema dominante do romance é a exploração por Mann da posição da mitologia e da
sua representação na mentalidade do final da Idade do Bronze no que se refere a
verdades míticas e ao surgimento do monoteísmo. Os acontecimentos da história
do Génesis são frequentemente associados e identificados com outros temas
míticos.
Na obra, é nuclear a
noção de mundo inferior e a mítica descida ao mundo inferior. A estada de Jacob
na Mesopotâmia (escondendo-se da ira de Esaú) está em paralelo com a vida de
José no Egito (exilado pelo ciúme dos seus irmãos) e, em menor escala, com o
seu cativeiro no poço; estes são a seguir comparados à "descida ao
inferno" de Inanna-Ishtar-Demeter, ao Mito de Tammuz da Mesopotâmia, ao
cativeiro judaico na Babilónia, bem como à descida ao inferno de Jesus Cristo.
Doutor Fausto
A escrita
do romance Doutor Fausto: A vida do
compositor alemão Adrian Leverkühn, contada por um Amigo foi iniciada em
1943 e a obra publicada em 1947.
O
romance retoma a lenda de Fausto no contexto da primeira metade do século XX e
da convulsão da Alemanha naquele período. A história é centrada na vida e obra
do compositor fictício Adrian Leverkühn. O narrador é Serenus Zeitblom, seu amigo
de infância. Leverkühn escreve na Alemanha entre 1943 e 1946 (no contexto do
ambiente cultural e político que levou à ascensão e queda dos nazis) e a sua ambição,
apesar de uma inteligência e criatividade extraordinárias, leva-o a fazer um pacto
faustiano para atingir o génio criativo: intencionalmente contrai a sífilis
para aprofundar a sua inspiração artística. Posteriormente, é visitado por um
ser mefistofélico que diz, com efeito, "que apenas tu me possas ver porque
estás louco, não significa que eu realmente não existo", e, renunciando ao
amor, negoceia a sua alma em troca de vinte e quatro anos de génio. A sua
loucura – a sua inspiração demoníaca – leva-o a uma extraordinária criatividade
musical.
Os
últimos anos criativos de Leverkühn são cada vez mais assombrados pela sua
obsessão com o Apocalipse e o Juízo Final. Sente o progresso inexorável da sua
loucura de neuro-sifilítico que conduzirá à derrocada total. Como em algumas
das lendas de Fausto, reúne os amigos mais próximos para que testemunhem o
seu colapso final. Ao som da sua cantata, "A lamentação de Doutor
Fausto", ele confessa enraivecido o seu pacto demoníaco, antes de se
tornar incoerente. A sua loucura leva-o a um estado infantil, em que vive sob
os cuidados dos seus parentes por mais de dez anos.
Podem
encontrar-se nesta obra influências de grandes nomes da literatura alemã, como Johann
Wolfgang von Goethe (1749-1832, ele próprio autor do drama trágico Fausto, publicado em fragmento em 1790,
depois numa primeira parte definitiva em 1808 e, por fim, numa segunda parte,
em 1832, ano da sua morte) e Friedrich Nietzsche (desde a sua suposta contração
de sífilis até ao seu colapso mental em 1889, proclamando o Anti-Cristo, e a
sua morte em 1900, a vida de Nietzsche apresenta um exemplo célebre imitado em
Leverkühn).
Para
preparar este romance, Mann estudou musicologia e biografias dos grandes
compositores (Mozart, Beethoven, Hector Berlioz, Hugo Wolf, Franz Schreker, Alban
Berg) e entrou em contacto com compositores contemporâneos, incluindo Igor
Stravinsky, Arnold Schoenberg e Hanns Eisler.
Através da
reelaboração do mito de Fausto, Thomas Mann reflete as suas preocupações com
temas como o orgulho, a tentação, o custo de ser grande, a perda de humanismo.
Outra preocupação é a queda intelectual da Alemanha na época que antecedeu a Segunda
Guerra Mundial. O estado de espírito e a ideologia do próprio Leverkühn imitam
a mudança do humanismo para o niilismo irracional que se encontra na vida
intelectual da Alemanha na década de 1930.
O cisne negro
Publicado
pela primeira vez em 1953, O Cisne Negro
é a última “longa novela” escrita por Thomas Mann. Conta a história de uma
mulher viúva, Rosália von Tummler, que se apaixona por um jovem americano de
vinte e quatro anos, Ken Keaton, professor de inglês dos filhos de Rosália, Ana
e Eduardo. Thomas Mann retoma assim, em termos inovadores, o tema recorrente da
mulher que se apaixona por alguém muito mais novo que ela, o drama de Jocasta e
Fedra.
A
cidade de Dusseldorf, nas margens do Rio Reno, serviu como cenário para a
dramática história de uma viúva na pós-menopausa a quem é diagnosticado um tumor
nos ovários e que toma por um regresso da juventude os sintomas do mal que a
afeta. Em determinado momento do romance, a protagonista percebe sinais de
rejuvenescimento em si mesma, notados através do retorno da menstruação, o que
a faz acreditar no reaparecimento de sua mocidade lamentavelmente perdida:
Voltei a ser mulher, um ser
completo, uma mulher que reencontrou as suas aptidões. É-me permitido,
portanto, sentir-me digna da juventude viril que me enfeitiçou e perante ela já
não tenho que baixar os olhos com um sentimento de impotência!
Em todo este drama, sobressai
também a personagem Ana, filha de Rosália e que, por uma singularidade inversão
de papéis, desempenha junto da mãe a função de conselheira e confidente.
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