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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

David Mourão-Ferreira - Autor do mês de fevereiro



Considerado um dos maiores poetas portugueses do século XX, David Mourão-Ferreira nasceu em Lisboa, no dia 24 de fevereiro de 1927, e morreu na mesma cidade, a 16 de junho de 1996. Frequentou o Colégio Moderno e, em 1951, licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1958, tornou-se assistente da Faculdade de Letras e, entre 1963 e 1973, foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores.
Colaborou em diversos jornais e revistas, dos quais se destacam o Diário Popular e a revista Seara Nova, para além de ter sido um dos fundadores e diretores da revista literária Távola Redonda, na qual começou a sua atividade poética.
Segundo as suas próprias palavras, tinha “o ofício de escreviver”, expressão que inventou para condensar toda a existência: precisava de viver para escrever e de escrever para viver. Das múltiplas linguagens que experimentou, a poesia foi a que o tornou mais conhecido e reconhecido: apesar de ter explorado outras temáticas como a obsessão da morte e a angústia de existir, ficou o “poeta do amor – e da sensualidade” (tal como lhe chamou Vasco Graça Moura).

Quando alguns dos seus poemas começaram a ser cantados por Amália Rodrigues (poemas como Sombra, Maria Lisboa, Anda o Sol na Minha Rua Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros), não foi de imediato bem aceite, nem pelos puristas do Fado, nem pelos da Literatura: afinal, dois géneros que ainda não se tinham (aparentemente….) encontrado. Mais tarde, esta parceria entre David Mourão-Ferreira e Amália tornou-os aos dois grandes perante o público.

Depois do 25 de Abril de 1974, seria diretor do jornal A Capital e diretor-adjunto de O Dia.
No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (entre 1976 e 1979). Em 1977, assinou o despacho que criou a Companhia Nacional de Bailado.
Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP.
Em 1981, foi condecorado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 1996, recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e foi-lhe atribuído o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.

Poeta, novelista, contista, dramaturgo, ensaísta, cronista, tradutor, crítico literário, apenas em 1986 publicou o primeiro e único romance, Um amor feliz, que rapidamente se transformou num best-seller e com o qual ganhou o Prémio de Narrativa do Pen Clube Português, o Prémio D. Dinis, o Prémio de Ficção Município de Lisboa e o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores.


O romance é construído em volta de dois homens, com um percurso de vida semelhante, gostos comuns e uma estreita cumplicidade: Fernão e David, diferentes e iguais, duplos um do outro. Fernão, escultor de 55 anos (personagem construída no atelier do amigo escultor Francisco Simões, autor de algumas das capas de várias edições do livro), protagonista e ao mesmo tempo narrador da história, evoca a sua relação adúltera com uma jovem de 35 anos, Y, nome-grafismo encontrado por analogia com a postura da amante, nua com os braços estirados para trás; David, professor de literatura, crítico literário, compositor de letras de alguns fados de Amália, o autor, e que vive também uma relação adúltera. Ficção e realidade misturam-se, na busca de um ideal feminino, na ilusão de um amor feliz.
Um dia depois de ter terminado o romance, escrevia assim Mourão-Ferreira: “Um Amor Feliz: um cântico de amor e de paixão erótica; uma sátira política a certa nova sociedade portuguesa; um romance do romance em que se vêem acareados o narrador e o autor; um ajuste de contas comigo mesmo.”

Em 2005 é celebrado um protocolo entre a Universidade de Bari e o Instituto Camões, decidindo abrir naquela cidade o Centro Studi Lusofoni - Cátedra David Mourão-Ferreira que tem como objetivo o estudo da obra de David Mourão-Ferreira, assim como a divulgação da língua portuguesa e das culturas lusófonas. É também este Centro que promove o Prémio Europa David Mourão-Ferreira.
Em 2005, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma avenida no Alto do Lumiar.
Obra

(*) No catálogo da Biblioteca do ECB

Poesia
1950 - A Viagem
1954 - Tempestade de Verão (Prémio Delfim Guimarães)
1958 - Os Quatro Cantos do Tempo
1961 - Maria Lisboa
1962 - In Meae
1962 - ou A Arte de Amar
1966 - Do Tempo ao Coração
1967 - A Arte de Amar (reunião de obras anteriores)
1969 - Lira de Bolso
1971 - Cancioneiro de Natal (Prémio Nacional de Poesia)
1973 - Matura Idade
1974 - Sonetos do Cativo
1976 - As Lições do Fogo (*)
1980 - Obra Poética (inclui À Guitarra e À Viola e Órfico Ofício)
1893 - Antologia Poética (*)
1985 - Os Ramos e os Remos
1988 - Obra Poética, 1948-1988 (*)
1994 - Música de Cama (antologia erótica com um livro inédito)
1954 - letra para Amália Rodrigues " Barco Negro"

Ficção narrativa
1959 - Gaivotas em Terra (*) (Novelas, Prémio Ricardo Malheiros)
1968 - Os Amantes (contos)
1978 - Maria Antónia e Outras Mulheres : contos escolhidos (*)
1980 - As Quatro Estações (Prémio Associação Internacional dos Críticos Literários)
1986 - Um Amor Feliz (Romance)
1987 - Duas Histórias de Lisboa

Outras
1961 - Aspectos da obra de M. Teixeira Gomes
1979 - Portugal a terra e o homem II 1ª série : antologia de textos de escritores do século XX (*)
1988 - O irmão : peça em 2 actos (*)






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