Arthur
Conan Doyle, criador do famoso detetive Sherlock Holmes, nasceu em Edimburgo, no
dia 22 de maio de 1859, e morreu em Crowborough, a 7 de julho de 1930. Médico
de formação, as suas 60 histórias protagonizadas pelo detetive Sherlock Holmes
foram consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. O seu
trabalho literário incluiu também histórias de ficção científica, novelas
históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção.
Educado
numa família tradicionalmente católica, Conan Doyle fez os seus estudos
iniciais no colégio jesuíta da vila de Hodder Place, Stonyhurst (em Lancashire)
e no Colégio Stonyhurst. Em 1875, rejeitou o cristianismo e afirmou-se como
agnóstico, talvez por influência do escritor Thomas Babington Macauley ou do
médico Dr. Bryan Charles Waller, ambos agnósticos e críticos do catolicismo.
Literariamente, foi fortemente marcado por Walter Scott e Edgar Allan Poe, além
do referido Thomas Macauley.
Entre
1876 e 1881, estudou medicina na Universidade de Edimburgo, passando também um
tempo na cidade de Aston e em Sheffield. Em 1878, por exemplo, trabalhou por
três semanas, em troca de casa e comida, como médico aprendiz nos subúrbios de
Sheffield, de cuja experiência relatou em carta: "Esta gente de Sheffield
preferiria ser envenenada por um homem com barba do que ser salva por um homem
imberbe".
Foi
enquanto estudava que começou a escrever pequenas histórias; a sua primeira
obra foi publicada no Chambers’s Edinburgh
Journal, ainda não tinha completado 20 anos. Foi também durante o seu tempo
de estudante de medicina que teve a sua primeira experiência naval, como médico
numa baleeira que navegava no Oceano Ártico, onde ficou sete meses.
Após
a sua formação universitária, serviu como médico de bordo no navio
"Mayumba" em viagem à costa Oeste da África.
Em
1882, Conan Doyle e o seu antigo colega de curso George Budd riaram uma
sociedade numa clínica médica em Plymouth, mas a relação entre os dois
tornou-se difícil, optando Doyle por trabalhar de forma independente, em Portsmouth.
O consultório não teve muito sucesso e, enquanto aguardava por pacientes,
voltou a escrever.
A
sua primeira obra notável foi Um Estudo
em Vermelho, publicada no Beeton’s Christmas Annual de 1887, e foi a
primeira vez que apareceu a personagem Sherlock Holmes, que terá sido parcialmente
inspirado num professor da universidade, Joseph Bell, a quem Conan Doyle
escreveu: "É mais do que certo que é a você que eu devo Sherlock Holmes…
Com base no centro de dedução, na interferência e na observação que o ouvi
inculcar, tentei construir um homem.". Outros autores outras sugerem influências, como o personagem de Edgar Allan Poe, C.
Auguste Dupin.
Em
fevereiro de 1890, Conan Doyle publicou a segunda história com Sherlock Holmes,
intitulada O Sinal dos Quatro,
publicada na revista Lipincott’s Magazine.
O verdadeiro
sucesso dos contos de Arthur Conan Doyle teve início em julho de 1891, quando a
revista Strand Magazine publicou Um
Escândalo na Boémia.
Outra
personagem de grande destaque nas suas histórias é o doutor “Watson”, um médico
leal, porém intelectualmente mais fraco, que acompanha Sherlock e escreve as suas
aventuras.
Em
1893 Arthur Conan Doyle publicou O
Problema Final, quando resolveu matar Sherlock Holmes, juntamente com o
vilão Moriarty, o seu inimigo mortal, no entanto, as manifestações de desagrado
e a pressão dos leitores, fizeram o escritor trazer de volta o detetive na
história A Casa Vazia, com a
explicação de que apenas Moriarty tinha caído nas Cataratas de Reichenbach. O
conto foi publicado no livro O regresso
de Sherlock Holmes (1905), uma coletânea de treze contos originalmente publicados na
revista Strand Magazine, entre 1903 e 1904.
Em
9 de agosto de 1902, Arthur Conan Doyle foi condecorado com o título de Cavaleiro
pela sua participação na Guerra dos Bóeres. Trabalhou na linha da frente da
batalha como cirurgião e foi elogiado pelos compatriotas pela coragem e
determinação na prestação de socorro. Após o regresso a Inglaterra, e tendo em
conta as críticas vindas de todo o mundo por causa da conduta do Reino Unido na
África do Sul, escreveu um livro com o título A Grande Guerra Boer (1900) e também um pequeno panfleto intitulado
“A Guerra na África do Sul: Causa e Conduta”, justificando o papel do Reino
Unido nessa guerra. Este panfleto foi traduzido para vários idiomas e Conan
Doyle acreditava que foi por sua causa que recebeu o título de Cavaleiro e foi indicado
como deputado-tenente de Surrey.
Nas
suas causas públicas e políticas, Conan Doyle envolveu-se também na campanha
pela reforma do Estado Livre do Congo, liderada pelo jornalista E. D. Morel e
pelo diplomata Roger Casement. Em 1909, escreveu “O Crime do Congo”, um grande
panfleto no qual denunciava os horrores daquele país. Tornou-se grande amigo de
Morel e Casement e é possível que estes, juntamente como Bertram Fletcher
Robinson, tenham servido de inspiração para vários personagens do livro O Mundo Perdido, publicado em 1912. Rompeu
relações com ambos quando Morel se tornou um dos líderes do movimento pacifista
da Primeira Guerra Mundial, e quando Casement foi acusado de traição contra o
Reino Unido durante a revolta da Páscoa. Conan Doyle tentou, sem sucesso,
salvar Casement da pena de morte, alegando que ele estava louco e não era
responsável por suas ações.
Uma
das facetas mais enigmáticas da personalidade de Arthur Conan Doyle relaciona-se
com o seu envolvimento com o Espiritualismo. No ano de 1887, travou o seu
primeiro contacto com o Espiritualismo, iniciando neste mesmo ano, com o seu
amigo Ball, arquiteto de Portsmouth, sessões mediúnicas que o fizeram rever alguns
dos seus conceitos.
Após
as mortes da primeira mulher (1906), do seu filho Kingsley (1918), do seu irmão
Innes (1919), de dois cunhados e de dois netos, também após a Primeira Guerra
Mundial, Conan Doyle mergulhou num profundo estado de depressão. Terá então
encontrado conforto e consolação no Espiritualismo, e esse envolvimento levou-o
a escrever sobre o assunto, tornando-se um dos seus maiores divulgadores e
defensores. No auge da fama, em 1918, enfrenta todos os céticos e publica
"A Nova Revelação", obra em que manifesta a sua convicção na
explicação espírita para as manifestações paranormais estudadas durante o
século XIX, e inicia uma série de outras, dando também palestras sobre o tema.
Em "A Chegada das Fadas" (1921) reproduziu teorias sobre a natureza e
a existência das fadas e de espíritos. Posteriormente, em "The History of
Spiritualism" (1926), aborda a história do movimento espiritualista
anglo-saxónico e do Espiritismo (codificado pelo pedagogo francês Hippolyte
Léon Denizard Rivail, conhecido pelo pseudónimo Allan Kardec). Além desses
movimentos, Conan Doyle enfatizou igualmente os movimentos espiritualistas
alemão e italiano, com destaque para os fenómenos físicos e as materializações
espirituais produzidas por Eusápia Paladino e Mina "Margery" Crandon.
Este assunto foi retomado em "The Land of Mist" (1926), de natureza
ficcional, com o personagem "Professor Challenger".
Por
algum tempo, Conan Doyle foi amigo do mágico Harry Houdini, que se tornaria um
grande opositor do movimento moderno espiritualista na década de 1920. Embora
Houdini insistisse que os médiuns da época faziam truques de ilusionismo (e expunha
tais médiuns como fraudes), Conan Doyle já estava convencido de que o próprio
Houdini possuía mediunidade ativa. Aparentemente, Houdini não foi capaz de
convencer Conan Doyle de que os seus feitos eram puras ilusões, levando a uma
amarga e pública quebra de relações entre ambos.
A
sua convicção foi ao ponto de rejeitar o título de Par (Peer) do Reino
Britânico, oferecido sob condição de renunciar às suas crenças. Confrontando
todos, permaneceu fiel à fé que abraçara e que acompanhou até aos seus últimos
dias. Foi Presidente Honorário da International Spiritualist Federation,
Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de
Ciência Espírita.
Conan
Doyle morreu de ataque cardíaco aos 71 anos, na sua casa em Crowborough, East
Sussex, no dia 7 de julho de 1930.
A
27 de março de 1990, foi fundado em Londres o Museu Sherlock Holmes, situado na
Baker Street, a mesma rua onde Arthur Conan Doyle fez residir Holmes, no fictício
prédio 221B. Atualmente o museu, que atrai um grande número de visitantes de várias partes do mundo, é gerido pela Sherlock Holmes Society of
England, uma organização privada sem fins lucrativos.
Obras
de Arthur Conan Doyle no catálogo da Biblioteca do ECB:
Um
Estudo em Vermelho / Os sete mistérios
O
Signo dos Quatro
As
Aventuras de Sherlock Holmes
O
Cão de Baskervilles
O
regresso de Sherlock Holmes
O
Vale do Terror / A caixa macabra
As
nódoas de sangue / O último adeus
A
ciclista solitária / A escola do priorado / Pedro Negro
Edições
em inglês:
Sherlock
Holmes: the original ilustrated strand (edição facsimilada)
The return of Sherlock Holmes
Sherlock Holmes: the complete novels and stories
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