É muito curioso como em todas as
coisas há vida. Esta oferece, constantemente, materiais maravilhosos que na
maior parte das vezes um escritor não utiliza. Isso acontece porque todos nos
esquecemos de olhar. Escrever é não se esquecer de olhar.
Jornal Público, 28 Novembro 2018
António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, na freguesia de Benfica,
a 1 de Setembro de 1942. Estudou no Liceu Camões, em Lisboa, e licenciou-se em
Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Destacado
como médico militar durante a guerra colonial entre 1971 e 1973 no leste de
Angola, a experiência como alferes miliciano está bem patente na sua obra,
sendo um tema central de alguns dos seus livros. Por exemplo, as cartas que então
trocou com a sua primeira mulher Maria José Lobo Antunes, quando esta se
encontrava grávida da sua primeira filha, foram posteriormente reunidas pelas
suas filhas Maria José Lobo Antunes e Joana Lobo Antunes no livro D'este viver aqui neste papel descripto,
que veio a originar um filme (“Cartas da Guerra”) realizado por Ivo Ferreira.
Após
regressar a Portugal, em 1973, António Lobo Antunes especializou-se em
psiquiatria, tendo exercido a especialidade durante alguns anos no Hospital
Miguel Bombarda, até a abandonar por completo em favor da literatura.
Em
1979, publicou os seus primeiros livros, Memória
de Elefante e Os Cus de Judas, a
que se seguiram, em 1980, Conhecimento do
Inferno. Estes primeiros livros transformaram-no imediatamente num dos
autores contemporâneos mais lidos e discutidos nacional e internacionalmente. Desde
então, publicou mais de 30 romances e cinco volumes que reúnem as suas crónicas
publicadas semanalmente na revista Visão.
Considerado
por alguns críticos e pelo (seu) público “eterno candidato” ao Prémio Nobel da
Literatura (ao ponto de ser ter tecido uma lendária disputa literária com José
Saramago), toda a obra de António Lobo Antunes tem sido, ao longo dos anos,
objeto dos mais diversos estudos, académicos ou não, e dos mais importantes
prémios, nacionais e internacionais, entre os quais se contam o Prémio Ovidio da
União dos Escritores Romenos, em 2003; o Prémio Jerusalém, em 2005; o Prémio
Camões, em 2007, o prémio de maior prestígio da literatura em português; e o Prémio
Juan Rulfo, em 2008.
A
obra de António Lobo Antunes encontra-se traduzida em inúmeros países e
recentemente foi anunciada a sua publicação na Pléiade, uma prestigiada coleção
francesa pertencente à editora Gallimard.
Está
anunciada, anda durante este mês de setembro de 2019, a publicação de um novo livro
do qual, além do título, A Outra Margem
do Mar, pouco mais se sabe. Também em setembro a editora Dom Quixote
lançará edições comemorativas das obras Memórias
de Elefante e Os Cus de Judas assinalando
os 40 anos do início da carreira literária de António Lobo Antunes.
”O que eu gostava de poder encher os
livros de silêncio, e tender cada vez mais para o silêncio, e que as palavras
estivessem carregadas de silêncio de maneira a que o leitor as pudesse encher
como quisesse.“
Obra literária
(*) – no catálogo da Biblioteca do ECB
Memória
de Elefante (1979) (*)
Os
Cus de Judas (1979) (*)
Conhecimento
do Inferno (1980) (*)
Explicação
dos Pássaros (1981) (*)
Fado
Alexandrino (1983) (*)
Auto
dos Danados (1985) (*)
As
Naus (1988) (*)
Tratado
das Paixões da Alma (1990) (*)
A
Ordem Natural das Coisas (1992) (*)
A
Morte de Carlos Gardel (1994) (*)
A
História do Hidroavião (com ilustrações de Vitorino) (1994)
Manual
dos Inquisidores (1996) (*)
O
Esplendor de Portugal (1997) (*)
Livro
de Crónicas (1998)
Exortação
aos Crocodilos (1999) (*)
Não
Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (2000) (*)
Que
farei quando tudo arde? (2001) (*)
Segundo
Livro de Crónicas (2002) (*)
Letrinhas
das Cantigas (edição limitada) (2002)
Boa
Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003) (*)
Eu
Hei-de Amar Uma Pedra (2004) (*)
D'este
viver aqui neste papel descripto: cartas da guerra ("Cartas da
Guerra") (2005) (*)
Terceiro
Livro de Crónicas (2006) (*)
Ontem
Não Te Vi Em Babilónia (2006) (*)
O
Meu Nome é Legião (2007) (*)
O
Arquipélago da Insónia, (2008)
Que
Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar? (2009) (*)
Sôbolos
Rios Que Vão (2010)
Quarto
Livro de Crónicas (2011)
Comissão
das Lágrimas (2011)
Não
É Meia Noite Quem Quer (2012)
Quinto
Livro de Crónicas (2013)
Caminho
Como Uma Casa Em Chamas (2014)
Da
Natureza dos Deuses (2015)
Para
Aquela que Está Sentada no Escuro à Minha Espera (2016)
Até
Que as Pedras Se Tornem Mais Leves Que a Água (2017)
A
Última Porta antes da Noite (2018)
A outra margem do mar (2019) (*)
Diccionário da linguagem das flores (2020) (*)
Prémios literários
Prémio
Franco-Português, (1987) por Cus de Judas
(Prémio instituído pela embaixada de França em Lisboa e atribuído a obras
traduzidas para a língua francesa nos últimos cinco anos.)
Grande
Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, (1985) por Auto dos Danados
Prémio
Melhor Livro Estrangeiro publicado em França, (1997) por Manual dos Inquisidores
Prémio
Tradução Portugal/Frankfurt, (1997) por Manual
dos Inquisidores
France-Culture
por A Morte de Carlos Gardel
Prémio
de Literatura Europeia do Estado Austríaco, (2000)
Prémio
União Latina, (2003)
Prémio
Ovídio da União dos Escritores Romenos, (2003)
Prémio
Fernando Namora, (2004)
Prémio
Jerusalém, (2005)
Prémio
Camões, (2007)
Prémio
José Donoso, (2008), atribuído pela Universidade de Talca, Chile
Prémio
Terenci Moix (2008)
Prémio
Juan Rulfo, (2008), França
Prémio
Clube Literário do Porto, (2008)
Grande
Prémio de Excelência do Salão do Livro da Transilvânia (2014)
Prémio
literário internacional nonino (2014)
Prémio
Vida e Obra de Autor Nacional - Prémio Autores de 2017
Prémio
Bottari Lattes Grinzane (2018)
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