No
mês em que se comemora o Dia Mundial da Ciência, em homenagem a Charles Darwin
e à data da primeira edição do livro A
Origem das Espécies, 24 de novembro de 1859, prestamos tributo a Rómulo de
Carvalho, o professor de Ciências Físico-Químicas que para muitos será sempre
conhecido e reconhecido como o poeta António Gedeão.
Cientista,
poeta, investigador, historiador, escritor, fotógrafo, pintor e ilustrador, Rómulo
de Carvalho nasceu em Lisboa, num outro 24 de novembro, mas de 1906, e faleceu
em Lisboa, a 19 de fevereiro de 1997, com 90 anos. Além de professor de
ciências e de poeta, juntando na mesma pessoa duas sensibilidades diferentes, destacou-se
também como divulgador e historiador da ciência, da pedagogia e, em geral, da
cultura portuguesa.
Em
1996, foi instituído em Portugal o dia 24 de novembro como Dia Nacional da
Cultura Científica, escolhido precisamente para comemorar o nascimento de
Rómulo de Carvalho, um dos grandes responsáveis pela promoção do ensino de
ciência e da cultura científica em Portugal.
Licenciado
em Ciências Físico-Químicas pela Universidade do Porto em 1931, Rómulo de
Carvalho formou-se um ano depois em Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras
da mesma Universidade, iniciando a que foi a sua atividade principal durante 40
anos: professor e pedagogo.
Para
Rómulo de Carvalho, ensinar era uma paixão, uma dedicação. Durante muitos anos,
concentrou os seus esforços no ensino, dedicando-se, também, à elaboração de manuais
escolares, inovadores pelo grafismo e pela forma de abordar matérias tão
complexas como a física e a química. Assinou com o seu nome numerosos volumes
de divulgação da cultura científica, publicados, entre os anos 50 e 70 do
século XX, na coleção "Ciência para gente nova" e nos "Cadernos
de iniciação científica”. Desenvolveu ainda trabalhos de investigação sobre a
história da ciência e do ensino em Portugal.
Na
Universidade de Coimbra, o seu nome continua a inspirar cientistas e estudantes
através do RÓMULO Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, inaugurado a
24 de Novembro de 2008, Dia Nacional da Cultura Científica e dia do seu
nascimento, e dirigido atualmente pelo professor Carlos Fiolhais.
Apesar
da intensa atividade científica, Rómulo de Carvalho dedicou-se também à poesia.
Em 1956, aos 50 anos, publicou o primeiro livro de poemas, Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido
escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de
Carvalho, permanece no anonimato. O livro é bem recebido pela crítica e António
Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro,
no ensaio e na ficção.
A
obra de Gedeão, que parece não se enquadrar claramente em qualquer movimento
literário, revela as suas preocupações com os problemas comuns da sociedade
portuguesa.
Vários
dos seus poemas foram divulgados através das músicas compostas por José Niza, compiladas
no álbum "Fala do Homem Nascido", como Calçada de Carriche (para a voz de Carlos Mendes), Fala do Homem Nascido (cantado por Adriano
Correia de Oliveira) ou Lágrima de Preta,
simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, além do intemporal Pedra Filosofal, hino à liberdade e ao
sonho que Manuel Freire musicou e cantou.
Aos
83 anos, em 1990, Rómulo de Carvalho assumiu a direção do Museu Maynense da
Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio
correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhou até ao fim dos
seus dias.
Rómulo
de Carvalho deu origem a uma família de cientistas e escritores: o filho,
Frederico de Carvalho, é físico nuclear; a filha, Cristina Carvalho, é escritora;
a neta, Margarida Gama Carvalho, é bióloga no Instituto de Medicina Molecular
da Universidade de Lisboa.
Jaz
no Jazigo dos Escritores Portugueses, no Talhão dos Artistas do Cemitério dos
Prazeres, em Lisboa, junto de outros notáveis da literatura portuguesa, como
José Cardoso Pires ou Fernando Namora.
Obras
de Rómulo de Carvalho na Biblioteca do ECB
- História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra: desde a fundação (1772) até ao jubileu do professor italiano Giovanni Antonio Dalla Bella (1790)
- História do ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano
- História dos balões
- O texto poético como documento social
- As origens de Portugal: história contada a uma criança
- A composição do ar (Cadernos de iniciação científica)
- As reacções químicas (Cadernos de iniciação científica)
- Moléculas, átomos e iões (Cadernos de iniciação científica)
- A estrutura cristalina (Cadernos de iniciação científica)
- A energia (Cadernos de iniciação científica)
- A descoberta do mundo físico (Cadernos de iniciação científica)
Obras
de António Gedeão na Biblioteca do ECB
- Poesias completas: (1956-1967)
- Poesias escolhidas: antologia organizada pelo autor
- História Breve da Lua
Para
conhecer melhor a vida e a obra de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, sugerimos
os sítios:
António
é meu nome. Biblioteca Nacional
http://purl.pt/12157/1/#ant#rec#rec
Sítio
desenvolvido por Ana Carolina Cassoni © 2007
http://www.romulodecarvalho.net/content/view/1/2/
RÓMULO
Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra
Rómulo
de Carvalho, Alquimista, pelo professor Carlos Fiolhais
https://www.uc.pt/iii/romuloccv/romulo
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