John
Steinbeck, um dos mais importantes escritores norteamericanos do século XX,
nasceu em Salinas, na Califórnia, em 1902, e faleceu em Nova Iorque, a 20 de
dezembro de 1968, vítima de ataque cardíaco.
Oriundo de uma família com poucos recursos, embora o pai fosse um político influente, tesoureiro público, e a mãe professora, a economia agrícola da região onde nasceu e a crise social provocada pela Grande Depressão dos anos 30 marcaram a sua escrita, impregnada de uma forte consciência social, destacando, sobretudo, os problemas dos trabalhadores rurais.
Ainda
muito jovem, por influência dos pais, leu Dostoievski, Milton, Flaubert e
George Eliot. Em 1919 terminou o curso secundário em Salinas, ingressando no
ano seguinte na Universidade de Stanford, situada em Palo Alto, Califórnia. Exerceu
várias profissões para custear os estudos, mas não chegou a concluir nenhuma
licenciatura. Começou a escrever ainda jovem e, em 1925, iniciava uma carreira como repórter no
New York Journal American.
Estreou-se na literatura com a publicação de A Taça de Ouro (1929), biografia romanceada do corsário galês Henry Morgan, notabilizado pelos saques realizados no mar espanhol das Caraíbas, durante o século XVII. O pouco sucesso alcançado por esta primeira obra leva-o a regressar à Califórnia.
Apenas em 1935 alcançou o seu primeiro êxito, com O Milagre de São Francisco (Tortilla Flat, na edição original), um retrato das gentes de origem mexicana nos Estados Unidos da América, permitindo-lhe a popularidade deste romance consagrar-se em exclusivo à atividade da escrita.
O êxito
seria confirmado, em 1937, com Ratos e
Homens, uma novela sobre a amizade, sobre dignidade e sacrifício, mas
também uma parábola implacável sobre o ruir do sonho americano, narrando a
história de George e Lennie, dois amigos que vagueiam de herdade em herdade na
Califórnia da Grande Depressão, numa sobrevivência sustentada por trabalhos
precários.
Em
1939, publicaria aquela que, por muitos, é considerada a sua obra-prima, As Vinhas da Ira (The grapes of wrath, no original), um fresco notável sobre os
efeitos da Grande Depressão dos anos 30 na vida das famílias de agricultores
forçados a entregar as suas terras aos bancos e a partir à procura de outra
vida. Em As Vinhas da Ira,
acompanhamos a família Joad na sua longa migração de Oklahoma para a Califórnia.
Como
já havia feito em Ratos e Homens, Steinbeck
concebeu As Vinhas da Ira como uma
forma de protesto social, criticando a exploração que percebeu no coração da
economia agrícola americana. O livro venderia cerca de 10 000 exemplares por
semana, ganhou o Prémio Pulitzer e foi adaptado ao cinema em 1940, pelo
realizador John Ford e com Henry Fonda no papel principal.
Durante
a Segunda Guerra Mundial foi correspondente na Grã-Bretanha e Mediterrâneo para
o New York Herald Tribune. Os artigos
que escreveu entre junho e dezembro de 1943, a partir de diferentes campos de
batalha, foram depois publicados no livro Correspondente de Guerra, em 1958: dos
navios de tropas em Inglaterra ao blitz de Londres, das lutas no Norte de
África ao desembarque nas praias italianas, são relatos de um repórter com os
pés e o coração no palco da ação, que come e bebe com os soldados atrás das linhas
inimigas, que conversa com eles, que se lhes junta quando a luta eclode.
Entre
as obras de John Steinbeck, destaca-se ainda o romance A Leste do Paraíso (1952), que nos apresenta algumas das suas
personagens mais cativantes e reflete a sua visão da história da formação dos
Estados Unidos, onde os solos férteis do vale de Salinas, a sua terra natal,
são o cenário de um grande fresco histórico que acompanha os destinos de duas
famílias, os Trask e os Hamilton, desde os dias da Guerra Civil Americana ao
pós-Primeira Guerra Mundial.
O livro explora os temas da depravação, benevolência, amor, ódio e a luta para a aceitação, a grandeza e a capacidade de autodestruição. Aborda também o tema da culpa e da liberdade, entrelaçados com referências bíblicas e paralelos com o Livro do Génesis, em especial com a história da rivalidade destrutiva entre Caim e Abel (recriados nos irmãos Caleb e Aron Trask). O romance foi adaptado ao cinema por Elia Kazan, em 1955, contando com o mítico James Dean no seu primeiro papel de relevo, o de Cal Trask.
Em
1961, John Steinbeck publicou o seu último grande romance, O Inverno do Nosso Descontentamento, e decidiu empreender, com
quase sessenta anos de idade, uma viagem de três meses por quarenta estados
norte-americanos, numa autocaravana, acompanhado do seu cão Charley. Em 1962, publicou
Viagens com o Charley (Travels With Charley in Search of America,
no original), recebendo nesse ano o Prémio Nobel da Literatura.
Obras de John Steinbeck no catálogo
da Biblioteca do ECB:
Edições
traduzidas
A
taça de ouro (1929)
Pastagens
do céu (1932)
A
um deus desconhecido (1933)
O
potro vermelho (1933)
O
milagre de San Francisco (1935)
Batalha
incerta (1936)
Ratos
e homens (1937)
As
vinhas da ira (1939)
A
pérola (1947)
Chama
devoradora (1950)
A
leste do paraíso (1952)
O
breve reinado de Pepino IV (1957)
Correspondente
de Guerra (1958)
O
inverno do nosso descontentamento (1961)
Viagens
com o Charley (1962)
Edições
originais
Tortilla
flat (1935)
Of
mice and men (1937)
The
grapes of wrath (1939)
Cannery
row (1945)
The
pearl (1947)
Sweet
Thursday (1954)
Travels
with Charley (1962)
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