No
dia 2 de abril, comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional do Livro
Infantil, data escolhida em 1967, por iniciativa do Conselho Internacional
sobre Literatura para os Jovens (IBBY), para assinalar o nascimento de Hans
Christian Andersen, um dos mais conhecidos autores de livros para os mais
pequenos. Esta comemoração tem sido alargada a todas as instituições que chamam
a atenção para a importância da leitura e dos livros para a infância e em
Portugal as iniciativas são da responsabilidade da Direção-Geral do Livro, dos
Arquivos e das Bibliotecas.
Hans
Christian Andersen nasceu no dia 2 de abril de 1805, na cidade de Odense, Dinamarca.
Crescendo
num lar humilde, mas, mesmo sem saber ler e escrever, foi o seu pai que fomentou
no pequeno Hans Christian a imaginação e a criatividade, contando-lhe
histórias, apresentando-lhe obras como As
Mil e Uma Noites e fabricando-lhe um teatrinho de marionetas. Muitas das
histórias que viria a escrever ficaram marcadas pela infância pobre e pelas dificuldades
do quotidiano
Aos
onze anos, a morte do pai obrigou-o a abandonar a escola, começando a trabalhar
como aprendiz de tecelão e, mais tarde, para um alfaiate. Aos catorze anos,
mudou-se para Copenhaga para procurar emprego como ator, começando a trabalhar no
Teatro Real da Dinamarca, até que a sua voz mudou com o avançar da puberdade. Um
colega do teatro aconselhou-o a escrever poesia. Começou a dedicar-se à escrita
e, em 1822, publicou o seu primeiro conto, O
Fantasma da Tumba de Palnatoke, começando uma carreira dedicada à escrita de
contos infantis, que terminaria em 1872, ano em ficou gravemente ferido ao cair
da sua própria cama. Com a saúde cada vez mais debilitada, Hans Christian
Andersen morreu a 4 de agosto de 1875, em Copenhaga.
Apesar
de ter escrito diversos romances para adultos, livros de poesia e relatos de
viagens, foram os contos de fadas que tornaram Hans Christian Andersen famoso,
especialmente numa altura em que eram muito raros livros destinados
especificamente a crianças.
Para
alguns estudiosos, Hans Christian Andersen foi a "primeira voz
autenticamente romântica a contar histórias para as crianças", nas quais
procurava passar padrões de comportamento que deveriam ser adotados pela
sociedade, apontando os confrontos entre "poderosos" e
"desprotegidos", "fortes" e "fracos",
"exploradores" e "explorados", demonstrando a ideia de que
todos os homens deveriam ter direitos iguais.
Foi
graças ao contributo de Hans Christian Andersen para a literatura juvenil que, em
1967, o Conselho Internacional sobre Literatura para os Jovens (IBBY) decretou a
data do seu nascimento como Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil, chamando
a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros
para a infância.
O
mais importante prémio internacional atribuído à literatura infanto-juvenil tem
o seu nome. Criado em 1956, e considerado o “pequeno Nobel” da Literatura, o Prémio
Hans Christian Andersen é concedido de dois em dois anos pela International
Board on Books for Young People (filiada da UNESCO). Desde 1966, o prémio é
também atribuído na categoria de ilustração.
Em
1956, a escritora britânica foi a primeira a receber o Prémio Hans Christian
Andersen, seguida no ano seguinte pela sueca Astrid Lindgren. A título de
curiosidade, em 2010, foi a escritora inglesa J.K. Rowling a merecer esta
distinção.
Em
2020, Jacqueline Woodson, dos Estados Unidos, foi a última escritora a receber
este prémio, enquanto a suiça Albertine Zullo ganhou o prémio de ilustração.
Todos
os anos o IBBY internacional convida um país a dar o mote e a escrever um texto
alusivo à literatura para a infância. Este ano, os Estados Unidos são o país
convidado e o texto é da autoria da escritora cubano-americana Margarita Engle.
A música das palavras
Quando lemos, crescem-nos asas na mente
Quando escrevemos, cantam os dedos.
Palavras são batuques e flautas na página
altos trinados, elefantes bramindo,
rios que correm, águas caindo,
pirueta de borboleta
longe no céu!
As palavras convidam à dança – ritmos, rimas, batidas
das asas, do coração, dos cascos no chão, contos velhos e recentes,
fantasias e verdades.
Quer estejas quentinho em casa
ou a atravessar o mundo para uma terra diferente
e uma língua estranha, as histórias e poemas
pertencem-te.
Quando partilhamos palavras, a nossa voz
torna-se a música do futuro,
alegria, amizade e paz,
a melodia
da esperança.
Margarita Engle
(Tradução
de Ana Castro)
Em
Portugal, e como já é tradição, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das
Bibliotecas (DGLAB) disponibiliza um cartaz para assinalar este dia. Este ano o
cartaz é da autoria do ilustrador Bernardo P. Carvalho (vencedor do Prémio
Nacional de Ilustração em 2020), que se inspirou nos versos do poema de Margarita
Engle, «Quando lemos, crescem-nos asas na
mente». Porque cada livro que uma criança espreita com emoção desperta nela
sensações únicas e traz-lhe «a melodia da
esperança».
Entre
os melhores contos de Hans Christian Andersen destacam-se:
O
Patinho Feio
A
Caixinha de Surpresas
Os
Sapatos Vermelhos
O
Pequeno Cláudio e o Grande Cláudio
O
Soldadinho de Chumbo
A
Pequena Sereia
A
Princesa e a Ervilha
O
Rei Vai Nu
O
Abeto de Natal
O
Rouxinol
A
Vendedora de Fósforos
A
Polegarzinha
A
Rainha da Neve
A
Pastora e o Limpa-chaminés
Na Biblioteca do ECB estão disponíveis várias coletâneas de contos de Hans Christian Andersen.
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