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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Dia 2 do Advento - A sombra do vento

 


“Ainda me lembro daquele amanhecer em que o meu pai me levou pela primeira vez a visitar o Cemitério dos Livros Esquecidos. Desfiavam-se os primeiros dias do verão de 1945 e caminhávamos pelas ruas de uma Barcelona apanhada sob céus de cinza e um sol de vapor que se derramava sobre a Rambla de Santa Mónica numa grinalda de cobre líquido.”

Carlos Ruiz Zafón. A Sombra do Vento. Lisboa: D. Quixote, 2004. Tradução de J. Teixeira de Aguilar.

Poucos foram os leitores que não se deixaram fascinar pelas primeiras linhas deste romance fantástico publicado em 2001 pelo escritor catalão Carlos Ruiz Zafón.

Barcelona, 1945. Daniel Sempere acorda na noite do seu décimo primeiro aniversário e percebe que já não se lembra do rosto da falecida mãe. Para consolá-lo, o pai decide dar-lhe um presente e, de madrugada, leva-o pela primeira vez ao Cemitério dos Livros Esquecidos, um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha, uma biblioteca secreta e labiríntica que guarda obras abandonadas pelo mundo, à espera de alguém que as descubra. É aqui que Daniel encontra A sombra do vento, um romance escrito por Julián Carax, livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.

Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, A Sombra do Vento é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra, passando pela Guerra Civil Espanhola e a ditadura franquista, mas é também uma trágica história de amor cujo eco se projeta através do tempo, um inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros. A “Barcelona literária e tenebrosa”, a “Barcelona gótica”, é, como afirmou o próprio autor, uma personagem, mais do que um cenário.

A sombra do vento é o primeiro livro da série “O Cemitério dos Livros Esquecidos”, a que se seguiram O Jogo do Anjo (2008), O Prisioneiro do Céu (2011) e O Labirinto dos espíritos (2016). Esta tetralogia, que não precisa de ser lida pela ordem de publicação, tem como ponto comum o Cemitério dos Livros Esquecidos e os mistérios que envolvem três gerações da família Sempere.


Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona, a 25 de setembro de 1964. Iniciou a sua carreira literária em 1993 com a publicação de O Príncipe da Névoa, primeiro livro da série infanto-juvenil “Trilogia da Névoa”, a que se seguiram O Palácio da Meia-Noite (1994) e As luzes de Setembro (1995). Em 1999 publicou Marina e em 2001 surge A Sombra do Vento, cujas vendas em todo o mundo já ultrapassaram a marca dos quinze milhões de exemplares, considerada por isso a obra de ficção em língua espanhola mais popular a seguir a Dom Quixote.

Entre os vários prémios que recebeu pela sua obra, conta-se o Prémio Literário Casino da Póvoa, que foi atribuído em 2016 durante o festival literário Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim.

Em junho de 2020, Carlos Ruiz Zafón voltou a surpreender o mundo com a sua morte precoce em Los Angeles, cidade onde residia desde os anos 90 do século XX.

Em 2020, foi publicada A Cidade de Vapor, obra póstuma que reúne, pela primeira vez, 11 contos inéditos de Carlos Ruiz Zafón.

Nas estantes da biblioteca do ECB encontram-se também os romances






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