A
6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, uma cidade portuária no oeste do Japão
e uma importante base militar japonesa, acordou para o horror com o lançamento da
primeira bomba atómica sobre alvos civis: a bomba atómica de urânio, apelidada
de “Little Boy”, saída do bombardeiro B-29 norte-americano “Enola Gay” (nome que
prestava homenagem à mãe do piloto do avião).
A
9 de agosto, a aviação norteamericana lançou uma segunda bomba nuclear, desta
vez de plutónio (“Fat Man”), sobre a cidade de Nagasaki, também no Japão.
[Nagasaki
foi fundada por navegadores portugueses em 1570. No local onde havia uma
pequena vila de pescadores, os portugueses criaram um centro comercial que
durante muitos anos foi a porta do Japão para o mundo, um porto comercial para
os ingleses, holandeses, coreanos e chineses. Apesar de, em 1637, devido a uma
grande reação interna, os portugueses terem sido expulsos, a cidade manteve-se como
um centro de influência portuguesa e durante várias décadas foi considerada a
capital do catolicismo no Japão. Em 2007, as igrejas e outros sítios cristãos
da cidade foram inscritos na lista de candidatos a Património Mundial da UNESCO.
Em 2016, o realizador norteamericano Martin Scorsese dirigiu a adaptação
cinematográfica do livro Silêncio, do
escritor japonês Shusaku Endo, que acompanha o drama vivido pelos jesuítas
portugueses que, no século XVII, enfrentam a violência e perseguição do governo
japonês que deseja expurgar o país de todas as influências externas e os obriga
à apostasia.]
Os
efeitos das explosões mataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e entre
60 mil e 80 mil em Nagasaki; cerca de metade destas mortes em cada cidade
ocorreu no primeiro dia. Durante os meses seguintes, várias pessoas morreram de
queimaduras, envenenamento radioativo ou em consequência de outras lesões, que
foram agravadas pelos efeitos da radiação. Em ambas as cidades, a maioria dos
mortos era civil.
Dos
90 000 edifícios de Hiroshima, restaram 28 000. De 200 médicos na cidade, só 20
sobreviveram.
Os
bombardeamentos atómicos destas cidades japonesas foram realizados pelos
Estados Unidos contra o Império do Japão na fase final da Segunda Guerra
Mundial. A guerra na Europa terminara em 8 de maio de 1945, quando a Alemanha
assinou o acordo de rendição, mas a Guerra do Pacífico continuou. Juntamente
com o Reino Unido e a China, os Estados Unidos pediram a rendição incondicional
das forças armadas japonesas na Declaração de Potsdam, em 26 de julho de 1945,
ameaçando uma "destruição rápida e total".
Em
15 de agosto, o Japão anunciou a sua rendição aos Aliados, o que viria a acontecer
em 2 de setembro, com a assinatura do acordo de rendição pelo governo japonês,
encerrando a Segunda Guerra Mundial.
O
papel dos bombardeamentos na rendição do Japão e a sua justificação ética ainda
hoje são pontos debatidos entre políticos e académicos e pela opinião pública
internacional. Para muitos, o facto de a Guerra estar nos seus momentos finais
e, sobretudo, o facto de os Aliados estarem já reunidos na Conferência de Paz
de Potsdam, na Alemanha, retira qualquer justificação política ou mesmo militar
para esta “agressão” norteamericana.
Não
esqueçamos, contudo, que o fim da Segunda Guerra Mundial anunciava já o período
que viria a ser conhecido por “Guerra Fria”, período marcado pela oposição
político-ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética e pelos
afrontamentos militares entre estas duas superpotências e os respetivos
aliados, o que leva alguns historiadores a interpretarem o lançamento das duas
bombas atómicas sobre o Japão como uma demonstração da força nuclear
norteamericana perante os soviéticos.
Todos
os anos, no dia 6 de agosto, a população de Hiroshima recorda as vítimas e os
sobreviventes da bomba nuclear. Os sinos da cidade tocam às 8h15 (hora do
lançamento de “Little Boy”) e a população faz silêncio em memória das vítimas.
Também são lançados pombas, símbolos da paz, e são contados relatos de
sobreviventes, entre outras iniciativas.
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