O
Dia Mundial do Cinema comemora-se anualmente a 5 de novembro.
O
cinema, conhecido como a “sétima arte”, é considerado por muitos a arte mais
mágica, pelo poder que exerce sobre as emoções humanas. O cinema inspira, faz
sonhar, rir, chorar, gritar de medo.
A
palavra Cinema vem do grego κίνημα – kinema, que significa
"movimento". Cinema é assim a técnica (e a arte) de fixar e de
reproduzir imagens que suscitam a impressão de movimento.
Os
filmes são produzidos através da gravação de imagens com câmara, ou da sua
criação utilizando técnicas de animação ou efeitos visuais específicos. Os
filmes são constituídos por fotogramas, uma série de imagens impressas em
determinado suporte e alinhadas em sequência. Quando essas imagens são projetadas
de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de observar movimento. A
cintilação entre os fotogramas não é percebida devido a um efeito conhecido
como persistência da visão ou persistência retiniana: o olho humano
retém uma imagem durante uma fração de segundo após a sua fonte ter saído do
campo da visão, criando-se assim no espectador a ilusão de movimento. No entanto, a perceção do movimento acontece
a nível neurológico, já posterior à fase da retina no processo de percepção
visual.
O
Cinema é conhecido como a “sétima arte”, termo usado pela primeira vez pelo teórico
e crítico de cinema Ricciotto Canudo, ligado
ao futurismo italiano,
no "Manifesto das Sete Artes", escrito em 1912 e publicado apenas em
1923. Canudo pretendia aproximar e integrar o cinema na categoria das Belas
Artes, como a música, a pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia e a dança,
para não ser visto apenas como um espectáculo para as massas. O ideal de Canudo seria ainda
demonstrar que o Cinema é uma arte “síntese”, uma arte total, que concilia
todas as outras artes.
As origens do cinema
O
cinema existe graças à invenção do cinematógrafo
pelos Irmãos Louis e August Lumière, nos finais do
século XIX: um aparelho portátil que era, ao mesmo tempo, uma máquina de
filmar, de revelar e projetar.
Vários
“jogos óticos” inventados anteriormente, dos quais se podem destacar o thaumatrópio (inventado entre 1820 e
1825 por William Fitton), o fenacistoscópio
(inventado em 1829 por Joseph-Antoine Ferdinand Plateau), o zootropo (em 1834 por Will George
Horner) e o praxinoscópio (inventado em
1877, por Émilie Reynaud, que, em 1888, melhorou esta invenção e começou
projetar imagens no Musée Grévin durante 10 anos), estão na origem do conceito
de cinematógrafo.
Na
sua origem estão também as invenções de William Kennedy Laurie Dickson (chefe
engenheiro da Edison Laboratories, que inventou uma película de celuloide que
continha uma sequência de imagens que seria a base para a fotografia e a projeção
de imagens em movimento) e de Thomas Edison que, em 1891, inventou o
cinetógrafo e posteriormente o cinetoscópio. O último era uma caixa movida a
eletricidade que continha a película inventada por Dickson, mas com funções
limitadas: o cinetoscópio não projetava o filme.
O cinematógrafo,
instrumento capaz de capturar e reproduzir imagem em movimento, foi
desenvolvido a partir de um conceito desenvolvido por León Bouley, em 1892. No entanto,
foram os irmãos Lumière que, comprando a patente, aperfeiçoaram a máquina e, em
1895, apresentaram o seu próprio aparelho.
Louis e August Lumière
Em
28 de dezembro de 1895, na cave do Grand Café, em Paris, realizaram a primeira
exibição pública da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40
a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros
de comprimento).
Os
filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se Le Sortie de l'usine Lumière à Lyon (A saída dos operários da Fábrica Lumière)
e A chegada do comboio à Estação Ciotat (A
chegada do comboio à Estação de Ciotat).
Em
Le Sortie de l'usine Lumière à Lyon,
uma câmara aponta para as portas da fábrica Lumière, situada nos arredores de
Lyon, as portas abrem-se, os operários – principalmente mulheres – saem para a
rua, como se tivessem acabado um dia de trabalho. As portas voltam a fechar. O
filme acaba. Foi o primeiro audiovisual exibido na história, dirigido e produzido
por Louis Lumière.
A chegada do comboio à Estação de Ciotat, sem nenhum movimento de câmara
aparente intencional, é um filme mudo com 50 minutos de duração, composto por
um disparo contínuo em tempo real, que
apresenta a entrada de um comboio
puxado por uma locomotiva a vapor numa estação de caminho de ferro na cidade
costeira francesa de La Ciotat. No dia 6 de janeiro de 1896, foi exibido no Salão Indiano (uma saleta nos fundos de
um café em Paris), naquela que entrou para a história como a primeira exibição
pública comercial de um filme. O bilhete custou 1 franco.
Apesar
de também existirem notícias de projeções um pouco anteriores de outros
inventores, a sessão dos Lumière é considerada pela maioria da literatura
cinematográfica como o marco inicial da nova arte.
Na
mesma época, o mágico ilusionista francês o Georges Méliès, dono de um teatro nas vizinhanças do local da
primeira exibição dos Lumière, à qual assistira, quis comprar-lhes um
cinematógrafo para o utilizar nos seus espetáculos. Os Lumière não quiseram
vender-lhe o aparelho: o pai dos irmãos inventores argumentava que o
cinematógrafo tinha unicamente finalidade científica e que o mágico teria, por
certo, prejuízo se gastasse dinheiro com a máquina para fazer entretenimento.
Frustrado, Méliès conseguiu, no entanto, adquirir um aparelho semelhante em
Inglaterra, fabricado por Robert William Paul, tornando-se o primeiro grande
produtor de filmes de ficção, destinados ao grande público, criando os
primeiros efeitos especiais da história do cinema.
Georges Méliès
Méliès
começou a exibir filmes em 1896, quando adquiriu uma máquina de filmar,
tornando-se com o filme "Le Voyage dans la Lune", pioneiro em alguns
efeitos especiais. Foi ele o criador da fantasia na produção e realização de
filmes.
Em
suma, os irmãos Lumière e Meliès deram origem a dois géneros fundamentais de
cinema: o cinema documental e o cinema de ficção.
Em
Portugal, o primeiro cineasta português, Aurélio
Paz dos Reis, produziu e realizou uma réplica do primeiro filme dos Irmãos
Lumière, em 1896, Saída do Pessoal
Operário da Fábrica Confiança, gravado na cidade do Porto, e que viria a
ser considerado o primeiro filme português. É um filme de curta-metragem, mudo
e a preto e branco, com uma duração total de aproximadamente um minuto.
Aurélio da Paz dos Reis
Os
primeiros filmes não tinham ainda som. Desde o início, inventores e produtores
tentaram conjugar a imagem com um som sincronizado e amplificado. No entanto,
nenhuma técnica teve sucesso até à década de 20 do século XX: durante 30 anos
os filmes eram praticamente silenciosos, sendo acompanhados muitas vezes de
música ao vivo, outras vezes de efeitos especiais e narração e diálogos escritos
presentes entre cenas.
Em
1926, a Warner Brothers introduziu o sistema de som Vitaphone (gravação de som
sobre um disco). Em 1927, foi esta produtora que lançou o filme The Jazz Singer, um musical que pela
primeira vez na história do cinema tinha alguns diálogos e canções
sincronizados, aliados a partes totalmente sem som; em 1928 o filme The Lights of New York, também da
Warner, tornar-se-á o primeiro filme com som totalmente sincronizado.
O Beijo, lançado em 1929 e protagonizado
pela atriz sueca Greta Garbo, foi o último filme mudo da MGM e da
história de Hollywood, com exceção de dois filmes de Charles Chaplin, considerado
uma das figuras mais importantes no cinema mudo: Luzes da Cidade e Tempos
Modernos.
Se
durante os primórdios do cinema este foi, acima de tudo, uma produção europeia,
destacando-se o cinema francês e italiano, com a Primeira Guerra Mundial também a
indústria europeia de cinema foi arrasada. Os EUA começaram então a destacar-se
no mundo do cinema, fazendo e importando diversos filmes. Thomas Edison tentou
tomar o controle dos direitos sobre a exploração do cinematógrafo. Alguns
produtores independentes emigraram de Nova Iorque para a costa oeste, para um pequeno
povoado chamado Hollywoodland. Lá encontraram condições ideais para filmar: dias
de sol quase todo o ano e diferentes paisagens que puderam servir como cenário.
Assim nasceu a chamada "Meca do Cinema": Hollywood transformou-se no
mais importante centro da indústria cinematográfica do mundo e empresas como a 20th
Century Fox, a Universal, a Paramount, a Metro Goldwyn Meyer ou a Warner
Brothers tornam-se as grandes produtoras do cinema norte-americano.
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