O
Prémio Camões, o mais prestigiante dos prémios atribuídos a escritores
lusófonos, foi hoje, 18 de outubro de 2021, atribuído à escritora moçambicana
Paulina Chiziane, a primeira mulher a publicar um romance no seu país (em 1990).
O Prémio
Camões foi instituído pelos governos de Portugal e do Brasil em 1988 com o
objetivo de distinguir autores que contribuem para a projeção, reconhecimento
e enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.
Depois
de José Craveirinha, em 1991, e Mia Couto, em 2013, é a terceira vez que o Prémio
Camões é atribuído a um autor moçambicano.
Paulina
Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955, e cresceu nos subúrbios da
cidade de Maputo, à época colonial denominada Lourenço Marques. Na sua
juventude, participou ativamente na luta política moçambicana como membro da
Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), deixando mais tarde de se
envolver na atividade partidária e política ativa para se dedicar exclusivamente
à escrita e publicação das suas obras.
Paulina
Chiziane iniciou a sua carreira literária em 1984, com contos publicados na
imprensa moçambicana, estando a temática social e as tradições num
país em busca pela paz sempre presentes.
Quando
em 1990 publicou o primeiro livro em Moçambique, Balada de Amor ao Vento, tornou-se a primeira mulher romancista a
publicar no país. Recusa, contudo, ser considerada como romancista, pois afirma-se
acima de tudo uma contadora de histórias que, através da ficção, narra criticamente
a história e os traumas do seu país.
No
momento da divulgação do Prémio, o júri destacou a importância que a autora
dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, numa obra
em que toda a cultura, os hábitos e o passado do continente e do país são
vistos e pensados criticamente. Traumas históricos, como a guerra civil
moçambicana, o colonialismo e o racismo, práticas culturais como o
curandeirismo e o sistema poligâmico e o tratamento dado à mulher em Moçambique
e em África, são os fios condutores da sua obra.
Em
2014, Paulina Chiziane foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande
Oficial da Ordem Infante D. Henrique.
Em
Portugal, as suas obras estão publicadas sob a chancela da Editorial Caminho.
Livros
de paulina Chiziana na Biblioteca do ECB:
Prémios Camões atribuídos:
Ano |
Premiado |
País |
1989 |
Miguel
Torga |
Portugal |
1990 |
João
Cabral de Melo Neto |
Brasil |
1991 |
Craveirinha |
Moçambique |
1992 |
Vergílio
Ferreira |
Portugal |
1993 |
Rachel
de Queiroz |
Brasil |
1994 |
Jorge
Amado |
Brasil |
1995 |
José
Saramago |
Portugal |
1996 |
Eduardo
Lourenço |
Portugal |
1997 |
Pepetela |
Angola |
1998 |
António
Cândido |
Brasil |
1999 |
Sophia
de Mello Breyner Andresen |
Portugal |
2000 |
Autran
Dourado |
Brasil |
2001 |
Eugénio
de Andrade |
Portugal |
2002 |
Maria
Velho da Costa |
Portugal |
2003 |
Ruben
Fonseca |
Brasil |
2004 |
Agustina
Bessa-Luís |
Portugal |
2005 |
Lygia
Fagundes Telles |
Brasil |
2006 |
José
Luandino Vieira |
Portugal/Angola |
2007 |
António
Lobo Antunes |
Portugal |
2008 |
João
Ubaldo Ribeiro |
Brasil |
2009 |
Arménio
Vieira |
Cabo
Verde |
2010 |
Ferreira
Gullar |
Brasil |
2011 |
Manuel
António Pina |
Portugal |
2012 |
Dalton
Trevisan |
Brasil |
2013 |
Mia
Couto |
Moçambique |
2014 |
Alberto
da Costa e Silva |
Brasil |
2015 |
Hélia
Correia |
Portugal |
2016 |
Raduan
Nassar |
Brasil |
2017 |
Manuel
Alegre |
Portugal |
2018 |
Germano
Almeida |
Cabo
Verde |
2019 |
Chico
Buarque |
Brasil |
2020 |
Vítor
Manuel de Aguiar e Silva |
Portugal |
2021 |
Paulina
Chiziane |
Moçambique |
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