"Foi então que ouviu o ruído, vindo de cima. Louças e móveis a cair, uma série de estalidos e estrondos... De súbito soou nitidamente um grito, um grito horrível e arrepiante, que se extinguiu num estrangulamento gorgolejante."
Agatha Christie - O Natal de Poirot. Lisboa. Edições Livros do Brasil, s.d. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues. 1ª edição 1938.
O multimilionário Simeon Lee convida os membros da sua família para passar o Natal na sua propriedade. Este convite é visto com desconfiança por vários parentes, porque Simeon nunca deu provas de que se importasse com eles. Foram convidados, inclusive, Harry, uma espécie de ovelha negra da família, e Pilar, uma neta que ninguém conhecia. Na verdade, o objetivo de Simeon é desenvolver um jogo sádico com os seus familiares. Porém, um convidado inesperado bate à porta: a morte.
Na véspera de Natal, a reunião da família Lee é interrompida por um ensurdecedor barulho de mobília a partir-se, seguido de um grito de agonia. No andar de cima, o tirânico Simeon Lee é encontrado morto. Quando Poirot entra em cena percebe que, estranhamente, o ambiente não é de luto, mas de desconfiança mútua, pois a vítima era odiada por todos e qualquer um podia ser o assassino. Cabe ao genial detetive a tarefa de descobrir quem foi capaz de passar das palavras aos atos.
Hercule Poirot, ou simplesmente Poirot, é um grande detetive fictício e protagonista da maioria dos livros de Agatha Christie. De nacionalidade belga (embora muitos o julguem francês), este agente reformado da polícia belga é um detetive brilhante, pomposo e de aparência extremamente extravagante, e nada modesto. Poirot é um grande defensor da ordem e os seus métodos de investigação são únicos e infalíveis e não há mistério que resista às suas famosas “celulazinhas cinzentas”. Poirot usa, como único meio, a psicologia humana e não é um detetive de ação, mas meramente dedutivo.
Possui um grande e belo bigode, que é o que melhor o identifica, está sempre impecavelmente vestido e tem sempre uma aparência elegante e cuidada. O seu nome é deliberadamente absurdo, pois Hercule relembra o herói Hércules da mitologia grega, porém, o detetive é um homem pequeno. O sobrenome Poirot tem origem em poireau, que em francês significa alho-porro ou verruga. O personagem apareceu pela primeira vez em 1920, no romance O misterioso caso de Styles (The mysterious affair of Styles).
Agatha Mary Clarissa Christie nasceu em 15 de setembro de 1890, na cidade de Torquay, no sudoeste de Inglaterra, e morreu a 12 de janeiro de 1976, em Wallingford, cidade localizada no condado de Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, entre Reading e Oxford, nas margens do rio Tamisa.
Nascida Agatha Mary Clarissa Miller, adotou o nome de Agatha Christie após o casamento com o Coronel Archibald Christie, piloto do Corpo Real de Aviadores, em 24 de dezembro de 1914.
Durante a I Guerra Mundial, alistou-se, como voluntária, no Exército da Cruz Vermelha, prestando serviço num hospital, primeiro como enfermeira e depois como funcionária da farmácia e do dispensário. Esta experiência revelar-se-ia fundamental para o conhecimento dos venenos e preparados que figurariam em muitos dos seus livros.
Começou a escrever o seu primeiro
livro, O misterioso caso de Styles, em
1916, que seria publicado após a Guerra, em 1920. Seguiram-se outros títulos, sem grande aceitação inicial por parte do
público. O sucesso chegou em 1926 com a publicação de The Murder of Roger Ackroyd (o Assassinato de
Em 1928, separou-se de Archibald Christie e, em 1930, casou pela segunda vez, com o arqueólogo Max Mallowan, catorze anos mais jovem e com quem viajou por todo o mundo, participando ativamente nas suas expedições arqueológicas, algumas das quais serviram de inspiração para os seus livros, como Um Crime no Expresso do Oriente (1934), Morte na Mesopotâmia (1936), Morte no Nilo (1937), Morte entre as ruínas (1938) ou Intriga em Bagdade (1951).
Autora de cerca de 300 obras (entre romances de mistério, poesia, peças para rádio e teatro, contos, um livro infantil, documentários, duas autobiografias e seis romances publicados sob o pseudónimo de Mary Westmacott), em 1956, Agatha Christie foi distinguida com o título de Commander of the British Empire e, em 1971, foi condecorada pela rainha Elizabeth II com o título de Dama da Ordem do Império Britânico, uma honra equivalente ao masculino Sir.
Hercule Poirot, Miss Marple, o casal Tommy e Tuppence, Parker Pyne ou Ariadne Oliver são alguns dos detetives que protagonizaram os seus livros policiais.
A Ratoeira é a peça que está há mais tempo em cartaz no mundo, desde a sua estreia, em 1952, tendo alcançado, no dia 18 de novembro de 2012, a marca da apresentação número 25 000.
A Rainha do Crime, ou Duquesa da Morte (como ela preferia ser chamada), morreu em 12 de janeiro de 1976. Em 2000, a 31st Bouchercon World Mistery Convention galardoou Agatha Christie com dois prémios: foi considerada a Melhor Autora de Livros Policiais do Século XX e os livros protagonizados por Hercule Poirot a Melhor Série Policial do mesmo século.
Sobre Literatura e Romance Policial, pode consultar neste blogue
https://bibliotecaecb.blogspot.com/2019/05/romance-policial-um-genero-literario.html
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