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terça-feira, 9 de maio de 2017

Dia da Europa


A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura dos perigos que a ameaçam.
Robert Schuman, 9 de maio de 1950
O Dia da Europa ou Dia da União Europeia é uma data comemorativa celebrada anualmente na Europa no dia 9 de Maio. A data escolhida reflete o dia em que o então ministro francês dos Negócios Estrangeiros Robert Schuman avançou com a proposta de criação de uma entidade europeia supranacional incumbida de gerir as matérias-primas que nessa altura constituíam a base do poderio militar, o carvão e o aço, e que traria consigo os valores de paz, solidariedade, desenvolvimento económico e social, equilíbrio ambiental e regional, particularmente entre a França e a Alemanha Ocidental. Essa proposta ficou conhecida como a “Declaração Schuman” e é considerada o embrião da atual União Europeia.


Robert Schuman

Em 1950, cinco anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, as nações europeias continuavam a braços com a devastação causada pelo conflito e receosas de que a guerra regressasse ao continente europeu.
A “Declaração Schuman”, partindo do pressuposto de que a colocação em comum da produção de carvão e de aço iria tornar a guerra entre a França e Alemanha, países historicamente rivais, «não só impensável, mas materialmente impossível», e que a fusão dos interesses económicos contribuiria para melhorar o nível de vida e constituiria o primeiro passo para uma Europa mais unida, levará, em 1952, à fundação da CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), juntando-se a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo, a Itália, a França e a Alemanha Ocidental. A Comunidade estabelecia a livre circulação de carvão, ferro e aço entre os países-membros, e defendia políticas para a instalação de indústrias siderúrgicas.
Esta organização abriu o caminho para a CEE, fundada em 1957, pelo Tratado de Roma, e, mais tarde, para a União Europeia, em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht.
Por se considerar que esse dia foi o marco inicial da União Europeia, os Chefes de Estado e de Governo, na Cimeira de Milão de 1985, decidiram consagrar o dia 9 de maio como "Dia da Europa", comemorando-se a paz e unidade na Europa e assinalando o aniversário da “Declaração Schuman”.
O Dia da Europa é, juntamente com a bandeira, o hino, a divisa (Unida Na Diversidade) e o euro, um dos símbolos da identidade comum da União Europeia.
Para conhecer a Declaração Schuman, clique em


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho


O dia 8 de maio é comemorado internacionalmente como o Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Neste dia, realizam-se atividades que enaltecem a importância e o valor da ajuda humanitária, assim como se planeiam as melhores respostas em caso de emergência e catástrofe.
A escolha da data deve-se ao facto de o dia 8 de maio ser a data de nascimento de Henry Dunant, o suíço que, em 1863, fundou a Cruz Vermelha, a maior organização humanitária do mundo.
Henri Dunant nasceu em Genebra, em 1828, oriundo de uma família próspera, respeitada e preocupada com os problemas sociais e o bem-estar da comunidade. Em 1853, iniciou a sua carreira profissional como banqueiro.
Em 1859, necessitando de autorização de direitos de utilização de água para o seu projeto de produção de farinha na Argélia, resolve falar diretamente com o Imperador Napoleão III e expor-lhe o seu negócio. O Imperador encontrava-se com as suas tropas no campo de batalha no norte de Itália e Dunant parte ao seu encontro, deparando-se com uma das mais sangrentas batalhas do século XIX, a Batalha de Solferino.
Horrorizado com a carnificina a que assistiu (cerca de 40 mil soldados morreram ou ficaram feridos e foram largados à mercê do seu destino), rapidamente reúne mulheres das aldeias vizinhas para prestar assistência aos feridos de ambos os lados, sem distinção pelo uniforme ou nacionalidade, com o intuito apenas de ajudar homens que precisavam de socorro.
De regresso a Genebra, Henry Dunant passa a escrito as memórias da experiência que viveu, publicando Recordação de Solferino, em 1862, lançando duas ideias no livro:
  • A criação de sociedades voluntárias de socorro para prestarem assistência aos feridos em tempo de guerra.
  • A formulação de um acordo internacional que assegurasse a proteção dos soldados feridos e do pessoal médico no campo de batalha.

O sucesso do livro levou Dunant a viajar pela Europa para obter o maior número de apoios para as suas propostas.
Em 1863, com o apoio de quatro cidadãos de Genebra, fundou o Comité Internacional de Socorro aos Militares Feridos em Tempo de Guerra (desde 1875, designado por Comité Internacional da Cruz Vermelha). Nesta altura é, também, adoptada como emblema uma Cruz Vermelha em fundo branco (inverso da bandeira da Suíça).
Sendo a maior organização humanitária do mundo, conta com cerca de 97 milhões de voluntários, em 190 países, e tem como missão prestar assistência humanitária e social, em especial aos mais vulneráveis.
É uma instituição universal, no seio da qual todas as sociedades nacionais têm direitos iguais e o dever da entre-ajuda.
Os 7 princípios da Cruz Vermelha são: Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade, Universalidade.

Em 1929 surgiu oficialmente o Movimento Internacional do Crescente Vermelho, depois de a Turquia ter solicitado a utilização do símbolo do crescente vermelho pelos países muçulmanos. No entanto, este havia sido já utilizado anteriormente pelos voluntários internacionais da Cruz Vermelha, no conflito armado ocorrido de 1876 a 1878 entre a Turquia e a Rússia . Mais de três dezenas de nações muçulmanas adotaram este símbolo, que continua a ser em vermelho sobre fundo branco, substituindo apenas a cruz por um crescente lunar.
Esta organização humanitária não governamental federou-se com a Cruz Vermelha Internacional, surgindo, em 1983, a Liga das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e, em 1991, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, nome que subsistiu desde então.
Os princípios fundamentais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho são a imparcialidade (ajuda a pessoas de qualquer religião, raça, orientação política ou condição social), a independência do movimento (autonomia para atuar de acordo com os princípios do movimento), o serviço voluntário (não remunerado), a unidade (existência de uma só entidade central do movimento em cada país, que é acessível a todas as pessoas), a humanidade (com o objetivo principal de prevenir e aliviar o sofrimento de todas as pessoas em qualquer circunstância), a universalidade (todas as sociedades têm os mesmos direitos e o dever de se ajudar mutuamente) e a neutralidade (não toma partido político, ideológico, racial e religioso).

Em 1997 fez-se em Sevilha um acordo sobre a Organização das Atividades Internacionais dos Componentes do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Desde 8 de dezembro de 2005 o Cristal ou Diamante Vermelho (em forma de losângulo) juntou-se como símbolo oficial à Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho.

Cruz Vermelha Portuguesa
A Cruz Vermelha Portuguesa foi criada em 11 de Fevereiro de 1865, sob a designação de “Comissão Provisória para Socorros e Feridos e Doentes em Tempo de Guerra”, pelo médico militar José António Marques que, no ano anterior, tinha representado o rei D. Luís I na conferência internacional que deu origem à I Convenção de Genebra.
Desde então, a Cruz Vermelha Portuguesa tem prestado auxílio em todas as guerras e grandes catástrofes em que Portugal esteve envolvido, bem como em situações de catástrofes e guerras no estrangeiro.
A sede nacional da Cruz Vermelha Portuguesa está instalada no Palácio da Rocha do Conde D'Óbidos, em Lisboa.

Para saber mais,




segunda-feira, 1 de maio de 2017

Dia do Trabalhador


“Oito horas de trabalho, oito horas de lazer e oito horas de repouso!”: foi em nome destas reivindicações que, no dia 1 de maio de 1886, milhares de trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, se manifestaram nas ruas da cidade e iniciaram uma greve geral que se estendeu a todo o país.
No século XIX, o horário laboral podia estender-se até às 18 horas por dia, os sindicatos eram proibidos e não existia qualquer noção de respeito pelos direitos laborais, pelo que muitos dos manifestantes e grevistas acabaram por sucumbir às mãos das forças policiais que violentamente agiram contra eles.
Em 1889, a Segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de continuar a luta pelas 8 horas de trabalho diário, escolhendo o primeiro dia de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago.
Apesar de até hoje nos Estados Unidos não se reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores norteamericanos conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
A pouco e pouco, os direitos dos trabalhadores foram sendo colocados na agenda política de diversos governos. Por exemplo, no dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, acompanhando a realização internacional. Inicialmente, as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Durante a I República, a luta operária transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas. Em 1919, após muitas manifestações da luta do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Ao longo do Estado Novo, apesar das limitações à liberdade individual e associativa, apesar das proibições e da repressão, que impediram as comemorações do dia 1 de maio, houve manifestações, como, por exemplo, em 1962, as dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF, ou as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo.
Apenas após o 25 de abril de 1974 se retomaram as comemorações do dia do Trabalhador e o dia 1 de Maio passou a ser feriado nacional. Na memória de muitos ficaram as imagens e o significado do primeiro 1º de maio.






Autor do mês de maio - Mário de Sá-Carneiro



Mário de Sá-Carneiro, poeta, contista e ficcionista português, um dos expoentes do Modernismo em Portugal, nasceu em Lisboa, no dia 19 de Maio de 1890, e morreu em Paris, a 26 de Abril de 1916.
Depois de, aos 21 anos, ter ido para Coimbra estudar Direito, não concluindo o primeiro ano, segue para Paris a fim de prosseguir os estudos superiores na Sorbonne. No entanto, também aqui deixou de frequentar as aulas, dedicando-se a uma vida boémia, na companhia de escritores e artistas, entre os quais o português Guilherme de Santa-Rita (Santa-Rita Pintor).
Inadaptado socialmente e psicologicamente instável, foi neste ambiente que compôs grande parte da sua obra poética e a correspondência com o seu confidente Fernando Pessoa, que conhecera em 1912.
Com Fernando Pessoa e Almada Negreiros integrou o primeiro grupo modernista português, com forte influência das vanguardas culturais europeias, e foi um dos responsáveis pela edição da revista literária Orpheu, um verdadeiro escândalo literário à época, motivo pelo qual apenas saíram dois números (Março e Junho de 1915; o terceiro, embora impresso, não foi publicado).

Colaborou também em diversas publicações periódicas, nomeadamente no semanário Azulejos; na II série da revista Alma Nova e na revista Contemporânea; pode ainda encontrar-se colaboração da sua autoria, embora publicada postumamente, nas revistas Pirâmide e Sudoeste.
Em 1914, Mário Sá-Carneiro viaja para Portugal, devido à deflagração da I Guerra Mundial. Em julho de 1915 regressa a Paris, escrevendo a Pessoa cartas de uma crescente angústia, das quais ressalta não apenas a evolução e maturidade do seu processo de escrita, mas também a imagem lancinante de um homem perdido no «labirinto de si próprio».
Este estado de alma viria a conduzir Mário Sá-Carneiro ao suicídio, perpetrado no Hôtel de Nice, no bairro de Montmartre, em Paris, com o recurso a cinco frascos de arseniato de estricnina.
Numa «carta de despedida» para Fernando Pessoa, revela as razões para se suicidar:
Paris - 31 Março 1916
Meu Querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas "cartas de despedida"... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente, às mil maravilhas: mas não tenho dinheiro. [...]
Mário de Sá-Carneiro
O seu poema Fim foi musicado pelo grupo Trovante no final dos anos 1980.
Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro!
Mário de Sá Carneiro, Paris, 1916
Mais tarde, o poema O Outro foi musicado pela cantora brasileira Adriana Calcanhotto.
O Outro
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Mário de Sá-Carneiro, in Indícios de Oiro, 1914
Contava apenas vinte e cinco anos quando morreu. A carreira literária de Mário de Sá-Carneiro começou em 1912 e terminou em 1916 (o ano da sua morte).
No segundo número da revista Athena, Pessoa dedicou-lhe um texto, apelidando-o de «génio não só da arte como da inovação dela», e dizendo dele que «Morre jovem o que os Deuses amam» (tradução literal de Quem di diligunt adulescens moritur, um aforismo de Plauto):
Génio na arte, não teve Sá-Carneiro nem alegria nem felicidade nesta vida. Só a arte, que fez ou que sentiu, por instantes o turbou de consolação. São assim os que os Deuses fadaram seus. Nem o amor os quer, nem a esperança os busca, nem a glória os acolhe. Ou morrem jovens, ou a si mesmos sobrevivem, íncolas da incompreensão ou da indiferença. Este morreu jovem, porque os Deuses lhe tiveram muito amor.
Mas para Sá-Carneiro, génio não só da arte mas da inovação nela, juntou-se, à indiferença que circunda os génios, o escárnio que persegue os inovadores, profetas, como Cassandra, de verdades que todos têm por mentira. In qua scribebat, barbara terrafuit. Mas, se a terra fora outra, não variara o destino. Hoje, mais que em outro tempo, qualquer privilégio é um castigo. Hoje, mais que nunca, se sofre a própria grandeza. As plebes de todas as classes cobrem, como uma maré morta, as ruínas do que foi grande e os alicerces desertos do que poderia sê-lo. O circo, mais que em Roma que morria, é hoje a vida de todos; porém alargou os seus muros até os confins da terra. A glória é dos gladiadores e dos mimos. Decide supremo qualquer soldado bárbaro, que a guarda impôs imperador. Nada nasce de grande que não nasça maldito, nem cresce de nobre que se não definhe, crescendo. Se assim é, assim seja! Os Deuses o quiseram assim.
Fernando Pessoa, Athena, n.º 2, Lisboa, Novembro, 1924.

Em 1929, Pessoa escreveu o famoso texto que começa com a frase: “Morre jovem o que os Deuses amam, é preceito da sabedoria antiga” e, no décimo aniversário do suicídio do escritor, o poema “Se te queres matar, porque não te queres matar?”, sob a pena de Álvaro de Campos. Em 1935, o ano em que morreu, escreveu um último poema, Sá-Carneiro, para ser publicado “nesse número de Orpheu que há-de ser feito com sóis e estrelas em um mundo novo“:
“Por isso, embora num comboio expresso
Seguisses, e adiante do que eu vou,
No térmitus de tudo, ao fim lá vou
Nessa ida que afinal é regresso.
Porque na enorme gare onde Deus manda
Grandes acolhimentos se darão
Para cada prolixo coração
Que com seu próprio ser vive em demanda.”
Fernando Pessoa, 1935.

Da obra que Mário de Sá-Carneiro publicou em vida, constam:
Amizade (1912) – teatro
Princípio (1912) – novelas
A Confissão de Lúcio (1914) – romance
Dispersão (1914) – poesia
Céu em Fogo (1915) – novelas
Obra póstuma:
Indícios de Oiro (1937) – publicada pela revista Presença, reúne o conjunto dos trabalhos mais significativos do conjunto da sua obra.
Correspondência – Cartas a Fernando Pessoa (2 vols., 1958-1959), Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Luís de Montalvor, Cândida Ramos, Alfredo Guisado e José Pacheco (1977), Correspondência Inédita de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa (1980).
Toda a obra de Mário de Sá-Carneiro pode se consultada no espólio online da Biblioteca Nacional:


Para mais informação, consultar também

http://sacarneiro.sdsu.edu/paginas/envelopes.html