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terça-feira, 6 de abril de 2021

OS CENSOS VÃO ÀS ESCOLAS

 

Em abril de 2021 começa o XVI Recenseamento Geral da População Portuguesa e o VI Recenseamento Geral da Habitação. Até hoje, efetuaram-se, em Portugal, quinze recenseamentos da população e cinco recenseamentos da habitação, segundo as recomendações internacionais, iniciadas em 1853. A primeira realização simultânea dos dois tipos de recenseamento (população e habitação) aconteceu em 1970.

Os Recenseamentos da População e da Habitação – CENSOS – são as maiores operações estatísticas realizadas em qualquer país do mundo; destinam-se a obter informação sobre toda a população residente, as famílias e o parque habitacional.

Os Princípios e Recomendações da Organização das Nações Unidas entendem os Censos como “processos normalizados de recolha, tratamento, avaliação, análise e difusão de dados, referenciados a um momento temporal específico e respeitantes a todas as unidades estatísticas (indivíduos, agregados, alojamentos e edifícios) de uma zona geográfica bem delimitada, normalmente o país”.

Este ano, a iniciativa “OS CENSOS VÃO ÀS ESCOLAS”, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estatística em colaboração com a Equipa do ALEA (Área Local de Estatística Aplicada), tem como objetivos:

  • Convocar a comunidade educativa para a divulgação da importância em responder aos Censos 2021.
  • Dar a conhecer aos alunos dos diversos graus de ensino o que são, para que servem e como se fazem os Censos;
  • Mobilizar e incentivar os alunos e familiares na resposta aos Censos 2021 pela Internet e em segurança.

A resposta aos Censos 2021 pela Internet inicia-se no dia 19 de abril.

Para conhecer este projeto, clique em

https://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=censos21&xpid=CENSOS21&xlang=pt#censos_estao


Para saber mais sobre os Censos, clique em:

https://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=censos21_sobre_censos&xpid=CENSOS21&xlang=pt



sexta-feira, 2 de abril de 2021

Dia Internacional do Livro Infantil

 


(Cartaz  do ilustrador Bernardo P. Carvalho)

No dia 2 de abril, comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional do Livro Infantil, data escolhida em 1967, por iniciativa do Conselho Internacional sobre Literatura para os Jovens (IBBY), para assinalar o nascimento de Hans Christian Andersen, um dos mais conhecidos autores de livros para os mais pequenos. Esta comemoração tem sido alargada a todas as instituições que chamam a atenção para a importância da leitura e dos livros para a infância e em Portugal as iniciativas são da responsabilidade da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.


Hans Christian Andersen nasceu no dia 2 de abril de 1805, na cidade de Odense, Dinamarca.

Crescendo num lar humilde, mas, mesmo sem saber ler e escrever, foi o seu pai que fomentou no pequeno Hans Christian a imaginação e a criatividade, contando-lhe histórias, apresentando-lhe obras como As Mil e Uma Noites e fabricando-lhe um teatrinho de marionetas. Muitas das histórias que viria a escrever ficaram marcadas pela infância pobre e pelas dificuldades do quotidiano

Aos onze anos, a morte do pai obrigou-o a abandonar a escola, começando a trabalhar como aprendiz de tecelão e, mais tarde, para um alfaiate. Aos catorze anos, mudou-se para Copenhaga para procurar emprego como ator, começando a trabalhar no Teatro Real da Dinamarca, até que a sua voz mudou com o avançar da puberdade. Um colega do teatro aconselhou-o a escrever poesia. Começou a dedicar-se à escrita e, em 1822, publicou o seu primeiro conto, O Fantasma da Tumba de Palnatoke, começando uma carreira dedicada à escrita de contos infantis, que terminaria em 1872, ano em ficou gravemente ferido ao cair da sua própria cama. Com a saúde cada vez mais debilitada, Hans Christian Andersen morreu a 4 de agosto de 1875, em Copenhaga.

Apesar de ter escrito diversos romances para adultos, livros de poesia e relatos de viagens, foram os contos de fadas que tornaram Hans Christian Andersen famoso, especialmente numa altura em que eram muito raros livros destinados especificamente a crianças.

Para alguns estudiosos, Hans Christian Andersen foi a "primeira voz autenticamente romântica a contar histórias para as crianças", nas quais procurava passar padrões de comportamento que deveriam ser adotados pela sociedade, apontando os confrontos entre "poderosos" e "desprotegidos", "fortes" e "fracos", "exploradores" e "explorados", demonstrando a ideia de que todos os homens deveriam ter direitos iguais.

Foi graças ao contributo de Hans Christian Andersen para a literatura juvenil que, em 1967, o Conselho Internacional sobre Literatura para os Jovens (IBBY) decretou a data do seu nascimento como Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil, chamando a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância.

O mais importante prémio internacional atribuído à literatura infanto-juvenil tem o seu nome. Criado em 1956, e considerado o “pequeno Nobel” da Literatura, o Prémio Hans Christian Andersen é concedido de dois em dois anos pela International Board on Books for Young People (filiada da UNESCO). Desde 1966, o prémio é também atribuído na categoria de ilustração.

Em 1956, a escritora britânica foi a primeira a receber o Prémio Hans Christian Andersen, seguida no ano seguinte pela sueca Astrid Lindgren. A título de curiosidade, em 2010, foi a escritora inglesa J.K. Rowling a merecer esta distinção.

Em 2020, Jacqueline Woodson, dos Estados Unidos, foi a última escritora a receber este prémio, enquanto a suiça Albertine Zullo ganhou o prémio de ilustração.

Todos os anos o IBBY internacional convida um país a dar o mote e a escrever um texto alusivo à literatura para a infância. Este ano, os Estados Unidos são o país convidado e o texto é da autoria da escritora cubano-americana Margarita Engle.


(Margarita Engle)

A música das palavras

Quando lemos, crescem-nos asas na mente

Quando escrevemos, cantam os dedos.

Palavras são batuques e flautas na página

altos trinados, elefantes bramindo,

rios que correm, águas caindo,

pirueta de borboleta

longe no céu!

As palavras convidam à dança – ritmos, rimas, batidas

das asas, do coração, dos cascos no chão, contos velhos e recentes,

fantasias e verdades.

Quer estejas quentinho em casa

ou a atravessar o mundo para uma terra diferente

e uma língua estranha, as histórias e poemas

pertencem-te.

Quando partilhamos palavras, a nossa voz

torna-se a música do futuro,

alegria, amizade e paz,

a melodia

da esperança.

Margarita Engle

(Tradução de Ana Castro)


Em Portugal, e como já é tradição, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) disponibiliza um cartaz para assinalar este dia. Este ano o cartaz é da autoria do ilustrador Bernardo P. Carvalho (vencedor do Prémio Nacional de Ilustração em 2020), que se inspirou nos versos do poema de Margarita Engle, «Quando lemos, crescem-nos asas na mente». Porque cada livro que uma criança espreita com emoção desperta nela sensações únicas e traz-lhe «a melodia da esperança».


Entre os melhores contos de Hans Christian Andersen destacam-se:

O Patinho Feio

A Caixinha de Surpresas

Os Sapatos Vermelhos

O Pequeno Cláudio e o Grande Cláudio

O Soldadinho de Chumbo

A Pequena Sereia

A Princesa e a Ervilha

O Rei Vai Nu

O Abeto de Natal

O Rouxinol

A Vendedora de Fósforos

A Polegarzinha

A Rainha da Neve

A Pastora e o Limpa-chaminés


Na Biblioteca do ECB estão disponíveis várias coletâneas de contos de Hans Christian Andersen.




quinta-feira, 1 de abril de 2021

Luis Sepúlveda - autor do mês de abril

 


Luis Sepúlveda (outubro de 1949 - abril de 2020)

“- Olha, com toda a confusão do morto já quase me esquecia. Trouxe-te dois livros.

Os olhos do velho iluminaram-se.

- De amor?

O dentista fez que sim.

António José Bolívar Proaño lia romances de amor, e em cada uma das suas viagens o dentista abastecia-o de leitura.

- São tristes? – perguntava o velho.

- De chorar rios de lágrimas – garantia o dentista.

- Com pessoas que se amam mesmo?

- Como nunca ninguém amou.”

(O velho que lia romances de amor, págs. 24-25)

Deixou-nos há um ano o escritor chileno que em 1989 surpreendia o mundo com O Velho Que Lia Romances de Amor. Desde então, passaram-se mais de 30 anos e de 25 livros publicados e traduzidos em todo o mundo. E todos, dos mais novos aos mais velhos, aprendemos a ser melhores através dos seus romances ou das suas fábulas que nos chamaram a atenção para temas como o amor, a amizade, a preservação da natureza ou a luta contra as injustiças. Fomos conquistados por uma gaivota e pelo gato que a ensinou a voar, com as rosas de Atacama percorremos paisagens da Lapónia e da Patagónia, num mundo do fim do mundo reencontrámos Moby Dick, enquanto uma outra baleia branca nos levou a uma praia chilena no Sul do Mundo, onde vive o Povo do Mar.




Com milhões de leitores em todo o mundo, foi no Chile, na localidade de Ovalle, a mais de 300 km a norte da capital, Santiago, que a 4 de outubro de 1949 nasceu Luis Sepúlveda, que além de romancista foi realizador, guionista, jornalista e ativista político, filho de um proprietário de um restaurante e militante do Partido Comunista Chileno, e de uma enfermeira de origens mapuche (povo indígena da região centro-sul do Chile e do sudoeste da Argentina).

Se apenas em 1989 publicou o primeiro romance (O Velho Que Lia Romances de Amor), foi ainda muito jovem, quando frequentava o Instituto Nacional, que começou a escrever, por influência de uma professora de História. Em 1969 publicou Crónicas de Pedro Nadie, uma compilação de contos que em 1970 lhe valeu o Prémio Literário da Casa das Américas.

A sua carreira como ativista político começou cedo: aos 15 anos ingressou na Juventude Comunista do Chile, da qual foi expulso em 1968. Em 1973 aderiu ao Partido Socialista Chileno.

No golpe militar do dia 11 de Setembro de 1973, que levou ao poder o ditador general Augusto Pinochet, Luís Sepúlveda encontrava-se no Palácio de La Moneda pois era membro da guarda pessoal do presidente Salvador Allende.

Foi feito prisioneiro e julgado por um tribunal militar em fevereiro de 1975, que o acusou de traição à pátria e conspiração subversiva, entre outros crimes. Escapando à pena de morte, habitual em casos semelhantes, foi condenado a vinte e oito anos de cadeia, entrando no estabelecimento prisional político de Temulo, de onde sairia em 1977, graças à persistência da Amnistia Internacional, que conseguiu que a sua pena fosse substituída por oito anos de exílio na Suécia.

Luis Sepúlveda viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO.

Na Amazónia, conheceu e tornou-se amigo de Chico Mendes, o brasileiro que fez parte do Movimento Ambientalista Mundial, lutou ao lado dos seringueiros da Bacia Amazónica e foi assassinado em 1988 a mando dos grandes fazendeiros locais. Foi a Chico Mendes, “um dos mais lídimos defensores da Amazónia”, que Luis Sepúlveda dedicou O Velho Que Lia Romances de Amor.


“Antonio José Bolívar Proaño tirou a sua dentadura postiça, guardou-a embrulhada no lenço, e, sem parar de amaldiçoar o gringo que estivera na origem da tragédia, o administrador, os garimpeiros, todos os que insultavam a virgindade da sua Amazónia, cortou com um golpe de machete um grosso ramo e, apoiando-se nele, pôs-se a andar na direção de El Idilio [como ironicamente, ou não, se chama o local onde vive], da sua choça, dos seus romances, que falavam do amor com palavras tão bonitas que às vezes lhe faziam esquecer a barbárie humana.” 

(O velho que lia romances de amor, pág. 110)

Em 1979, na Nicarágua, alistou-se na Brigada Internacional Simon Bolívar, a brigada sandinista que lutava contra a ditadura de Anastácio Somoza.

Em 1982, emigrou para Hamburgo, movido pela sua paixão pela literatura alemã. Nos 14 anos em que viveu na Alemanha, colaborou com movimentos ecologistas e, entre 1983 e 1988, foi correspondente da organização ambientalista Greenpeace.

Em 1997, instalou-se em Gijón, em Espanha, na companhia da mulher, a poetisa chilena Carmen Yáñez.


(Luis Sepúlveda e Carmen Yáñez)

A história de amor entre Luis Sepúlveda e Carmen Yáñez começara em 1967, no Chile, quando ambos pertenciam ao movimento político que apoiou a candidatura de Salvador Allende à presidência do Chile. Casaram-se em 1971, mas a prisão e o exílio acabaram por os separar. Na Alemanha, Sepúlveda casou-se pela segunda vez, com Margarita Seven, mas o casamento não durou. Após a separação, Sepúlveda mudou-se para Paris e, em 1996, para Gijón, nas Astúrias. Em 1981 reencontrara Carmen Yáñez, que vivia na Suécia. Mantiveram-se em contacto (a uni-los havia Carlos-Lenin, o filho nascido no Chile). Voltaram a apaixonar-se. Em 1997, passam a viver juntos em Gijón. Em 2004, casaram-se pela segunda vez.

Em Gijón, Luis Sepúlveda fundou e dirigiu o Salão do Livro Ibero-americano, destinado a promover o encontro de escritores, editores e livreiros latino-americanos com os seus homólogos europeus.

Após dezasseis anos de exílio, foi autorizado a regressar ao Chile, depois de Pinochet abandonar o poder.

Entre as suas muitas publicações, encontramos obras como Mundo do Fim do Mundo (1989), Patagonia Express (1995), Diário de um Killer Sentimental (1996), História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar (1996), Encontro de Amor num País em Guerra (1997), As Rosas de Atacama (2000), Hot Line (2002), Uma História Suja (2004) e Os Piores Contos dos Irmãos Grimm (2005), tendo este último sido escrito em parceria com Mario Delgado Aparaín.

Nas obras que se seguiram, O Poder dos Sonhos, em 2006, e Crónicas do Sul, em 2008, encontramos o Chile como tema da narrativa.

Ainda em 2008, Luis Sepúlveda regressou à ficção com A Lâmpada de Aladino, 13 contos cujos temas vão desde a Alexandria de Kavafis, o Carnaval em Ipanema, até à fria e chuvosa cidade de Hamburgo, desde a Patagónia a Santiago do Chile nos anos 60, da recôndita fronteira do Peru à Colômbia ou ao Brasil.

Em 2009, publicou A Sombra do que Fomos, pelo qual recebeu o Prémio Primavera de Romance.

Com Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food, escreveu em 2014 Uma ideia de felicidade, uma conversa tranquila onde se interligam memórias, experiências e histórias de grandes líderes e de heróis do quotidiano, que convidam à reflexão sobre o que é a felicidade e como conquistá-la...

Em 2016, recebeu o Prémio Eduardo Lourenço (prémio que visa galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica), uma honra que definiu como «uma emoção muito especial».

Em Portugal, era presença assídua na Feira do Livro de Lisboa e esteve presente em quase todas as 21 edições do Festival Correntes d’Escritas, na Póvoa do Varzim, a última das quais entre 18 e 23 de fevereiro de 2020.

A 25 de fevereiro de 2020, já nas Astúrias, Luis Sepúlveda e a mulher, Carmen Yáñez, apresentaram os primeiros sintomas de Covid-19, dois dias depois de terem estado no festival literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim. A 29 de fevereiro, receberam a confirmação do diagnóstico, naquele que seria o primeiro caso de infeção nas Astúrias.

‘Lucho’ (como carinhosamente era tratado pela família e amigos) foi internado no Hospital Universitário Central de Astúrias, onde faleceu no dia 16 de abril.

Carmen Yáñez, que sobreviveu e recuperou da doença, escreveu ao marido um poema emotivo, publicado no jornal regional das Astúrias El Comercio.

Éramos tão felizes e não sabíamos

Éramos tão felizes e não sabíamos

Ignorantes da luz que circundava a inocência

éramos tão felizes amor meu

com o calor das nossas mãos juntas

cruzando todos os caminhos

e rindo-nos dos obstáculos de pedra ou granizo

que tentavam parar esse caminho irresponsável da felicidade.

Éramos tão felizes

e não nos inteirávamos da dimensão da vida.

Da invisível ameaça, da larga sombra do medo,

não o sabíamos nós, irreverentes.

Amando-nos com projeções de futuro.

Hoje já não penso mais além da manhã enquanto espero

a tua prova de vida dita por todos.


Obras de Luis Sepúlveda

(*) na Biblioteca do ECB

Cronicas de Pedro Nadie (1969)

O Velho Que Lia Romances de Amor (1989) (*)

Nome de Toureiro (1994) (*)

Patagónia Express (1995) (*)

Mundo do Fim do Mundo (1992) (*)

Encontro de Amor num País em Guerra (1997) (*)

Diário de um Killer Sentimental (1998) (*)

As Rosas de Atacama (2000) (*)

O General e o Juiz (2002)

O Poder dos Sonhos (2004) (*)

Os Piores Contos dos Irmãos Grimm (em coautoria com o escritor uruguaio Mario Delgado Aparaín) (2004)

Uma História Suja (2004)

História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar (2008) (*)

A Lâmpada de Aladino (2008) (*)

A sombra do que fomos (2009) (*)

Histórias daqui e dali (2010) (*)

Crónicas do Sul (2011)

História de um gato e de um rato que se tornaram amigos (2012) (*)

Últimas notícias do sul (com Daniel Mordzinski) (2012) (*)

História do caracol que descobriu a importância da lentidão (2013) (*)

Palavras em tempos de crise (2013) (*)

Uma ideia de felicidade (com Carlo Petrini) (2014)

A venturosa história do Usbeque mudo (2015)

História de um cão chamado Leal (2015)

O fim da história (2016)

História de uma baleia branca (2019) (*)

Filmografia

Como argumentista

1986: Vivir a los 17

2000: Tierra del fuego

2002: Corazón verde

2002: Nowhere

2004: Corazón-bajo

Como realizador

1986: Vivir a los 17

2002: Nowhere

2004: Mano armada

2004: Corazón-bajo

Como editor

2004: Mano armada

2004: Corazón-bajo

Como ator

1998: La Gabbianella e il gatto: Poeta (voz)

2000: Bibo per sempre: Il Barbone

Como director de fotografia

2004: Corazón-bajo

Como produtor

2004: Mano armada

Prémios e distinções

Premio Gabriela Mistral de poesia (1976)

Prémio Rómulo Gallegos de novela (1978)

Premio Tigre Juan de novela (1988)

Premio de relatos cortos «La Felguera» (1990)

Prémio Primavera de Romance (2009)

Prémio Eduardo Lourenço (2016)