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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Concurso Nacional de Leitura

 


Está lançado o desafio para mais um Concurso Nacional de Leitura.

Os alunos do ECB podem concorrer em duas categorias: 3º ciclo e Secundário.

A obra selecionada para o 3º ciclo é Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís, um conto com alguma marca autobiográfica e através do qual viajamos pelo universo infantil de Lourença, a menina de seis anos e a mais nova de quatro irmãos conhecida na família por “Dentes de Rato”. As relações difíceis com os pais e os irmãos fazem com que desde muito cedo Lourença aprenda a refugiar-se no íntimo da sua imaginação e nada lhe dava mais prazer do que ‘comer maçãs, fechar os olhos e deitar-se na cama’ – a verdadeira rampa de lançamento para os seus sonhos.



Para os alunos do Ensino Secundário, a proposta é Se isto é um homem, do autor italiano Primo Levi. Nesta obra, publicada em 1947, encontramos a história de Primo Levi, cidadão italiano judeu, licenciado em química, que é levado para Auschwitz. Tudo lhe é retirado, tornando-se mais um anónimo prisioneiro do campo de concentração nazi, inclusive o próprio nome é substituído por um número (o número 174517), colocando em causa a noção de identidade. Através de uma descrição objetiva do dia-a-dia de um prisioneiro de Auschwitz, Primo Levi enaltece a força humana e a capacidade de resistência acima de qualquer dor física ou moral, mesmo quando a própria dignidade é posta em causa pois, apesar da rotina difícil de ultrapassar, Levi aprende que a sobrevivência - pela astúcia e organização - é possível, mesmo quando somos privados de qualquer direito moral.



Regulamentos da prova a nível de escola:

15.ª EDIÇÃO DO CNL

FASES DO CONCURSO

Fase Escolar/Municipal

  • 1º momento – Externato Cooperativo da Benedita: 12 de janeiro de 2022, 14h30m – apresentação oral
  • 2º momento – Biblioteca Municipal de Alcobaça, à distância: 21 de fevereiro de 2022

Fase intermunicipal

  • Comunidade Intermunicipal do Oeste

            Prova escrita online: 28 e 29 de março

            Prova oral: 21 de abril de 2022

Fase Nacional

  • Prova escrita de pré-seleção online 10 de maio de 2022; realizada à distância, na biblioteca escolar ou em local a designar
  • Prova de vídeo – a enviar entre 10 e 16 de maio de 2022; realização de um vídeo apresentando um spot a recomendar o livro favorito
  • Prova oral de palco 4 junho de 2022

REGULAMENTO DA PROVA A REALIZAR NO ECB


Destinatários: Alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico

Obra selecionada: Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís


Destinatários: Alunos do Ensino Secundário

Obra selecionadaSe isto é um homem, de Primo Levi


Condições de participação:

  • Inscrever-se no Concurso.
  • Ler a obra selecionada.
  • Respeitar as regras constantes do Regulamento, bem como as decisões do júri.
  • Participar, de modo disciplinado, nas eliminatórias.
  • Entregar ao DT uma autorização do Encarregado de Educação (caso o aluno seja selecionado para as fases seguintes).

Calendarização:

  • Inscrição, junto da professora de Português, até ao dia 10 de dezembro de 2021.
  • Leitura autónoma da obra.
  • Apresentação oral da leitura efetuada (se houver recurso a power point, terá limite máximo de 5 diapositivos): no dia 12 de janeiro de 2022, às 14h30m, em sala a designar.

Normas de participação:

  • Caso o aluno concorrente falte à prova, não poderá realizá-la noutra data.
  • O aluno que perturbe a realização da prova fica impedido de participar no concurso.
  • Cabe ao júri decidir todas as situações omissas neste regulamento.

Júri:

  • O júri da prova de escola é constituído pela coordenadora da Biblioteca e duas professoras de Português.


O regulamento geral do concurso deve ser consultado em:

https://pnl2027.gov.pt/np4/file/3096/Regulamento_do_CNL__15.edi__o_2021_2022_.pdf f

Benedita, 30 de novembro de 2021

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Correntes de convecção - uma experiência realizada pelos alunos do 10º B


 

Divulgamos um vídeo de uma atividade experimental que a turma do 10º B, sob a orientação da professora Zélia Fialho, realizou numa aula de Biologia e Geologia.

Esta atividade experimental correspondeu à simulação das correntes de convecção que ocorrem no manto terrestre (astenosfera), através da realização de um "candeeiro de lava", utilizando óleo vegetal, corante alimentar, água e um comprimido efervescente.

Estas correntes são fluxos de material quente e, por isso, menos denso, que provém de zonas do interior Terra, que ascende em direção à superfície. Por outro lado, material menos quente e, por isso, mais denso imerge no interior do planeta. Deste modo, as correntes de convecção permitem explicar a subida de material quente de origem mais ou menos profunda nas zonas de rifte, sendo este mecanismo o motor dos movimentos das placas tectónicas.

Interpretação da experiência: o óleo é menos denso do que a água e nunca se mistura com ela, ficando sempre por cima. O comprimido efervescente reage com a água, libertando pequenas bolhas de dióxido de carbono. Essas bolhas, menos densas que o óleo, ligam-se às bolhas de água colorida e sobem até à superfície. Quando as bolhas coloridas rebentam, a água volta a descer para o fundo da garrafa, pois é menos densa do que o óleo.

Em defesa do passado

Escrito no contexto de uma prova de avaliação de Português – em que aos alunos se pedia uma opinião fundamentada sobre o desejo de corte radical com o passado por parte de alguns artistas modernistas – este texto, a que a autora deu o sugestivo título “Em defesa do passado”, constitui não apenas um belo exemplo de escrita académica, mas, e acima de tudo, uma reflexão lúcida e muito bem fundamentada. Em tempos dúbios de revisionismos históricos, é com prazer que aqui divulgamos o que pensa e escreve uma das nossas alunas.

Em defesa do passado

Certos momentos do passado da Humanidade trazem desconforto ao ser relembrados, isto é um facto. No entanto, é da minha opinião que aceitemos as nossas falhas passadas e que construamos um mundo melhor com essa consciência. Há quem defenda suprimir o passado, de modo a começar de novo. Eu discordo.

Em primeiro lugar, considero que o passado forma o presente. Isto é, as ações que realizamos no presente são consequência ou de ações passadas ou daquilo que vimos, lemos ou ouvimos sobre o passado. Assim, temos a oportunidade de aprender com os erros dos nossos antepassados, evitando repeti-los. Um excelente exemplo desta ideia é o holocausto da Segunda Guerra Mundial. De um modo geral, reconhecemos agora que foi algo absolutamente imoral, que não devemos repetir. Então, se ignorássemos o passado, tornaríamos admissível um novo genocídio?

Em segundo lugar, sabemos que o conhecimento se constrói ao longo de gerações, por meio de constante pesquisa, debate e refutação. Esta ideia pode ser ilustrada pela pesquisa sobre o funcionamento da mente humana, tópico debatido até à atualidade. Inicialmente considerada dádiva divina, o nosso conhecimento sobre a consciência humana evoluiu ao longo do tempo, com nomes como Freud e Damásio entre os mais célebres. Caso eliminássemos conhecimentos anteriores, como alguns apoiam, o desenvolvimento da ciência, tecnologia e filosofia seria impossível, estagnando o nosso progresso enquanto sociedade.

Em suma, defendo que o reconhecimento do nosso passado coletivo, favorável ou não, é essencial para o desenvolvimento da sociedade, e que deixá-lo de parte impossibilitaria a projeção de um futuro melhor.

Margarida Sardinha | 12ºB

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

José Saramago - autor do mês de novembro

 

A 16 de novembro de 2022 assinala-se o centenário do nascimento de José Saramago. Antecipando as comemorações que irão decorrer a partir de novembro de 2021, a biblioteca do ECB presta homenagem à sua figura como cidadão e escritor e volta a eleger como autor do mês o até agora único português galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, considerado como responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Segundo a Academia Sueca, o prémio foi-lhe atribuído "... pela sua capacidade de tornar compreensível uma realidade fugidia, com parábolas sustentadas pela imaginação, pela compaixão e pela ironia".

Foi autor de 18 romances (dois deles, Claraboia e Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, publicados postumamente), cinco peças de teatro, três livros de poesia, além de vários livros de contos e de viagem, crónicas, diários e memórias.

De acordo com os responsáveis pelo programa oficial das comemorações deste centenário, “a efeméride constituirá uma oportunidade privilegiada para a consolidação da presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro”. (https://www.josesaramago.org/centenario/)

https://www.josesaramago.org/

José Saramago nasceu na aldeia da Azinhaga do Ribatejo, uma freguesia  do concelho da Golegã, Santarém, a 16 de novembro de 1922,

"[...] numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa." (Autobiografia, in https://www.josesaramago.org/biografia/)

Em 1924, a família muda-se para Lisboa, onde o pai irá trabalhar na Polícia de Segurança Pública. Em 1929 é inscrito na escola primária da Rua Martens Ferrão, mudando-se em 1930 para a escola primária do Largo do Leão. Em 1932 matricula-se no Liceu Gil Vicente, onde inicia estudos secundários, frequentando dois cursos (liceal e técnico). A falta de recursos económicos da família obriga-o, em 1935, a transferir-se para a Escola Industrial de Afonso Domingues, onde estudará até 1940.

"Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico.

Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante. Terminado o curso, trabalhei durante cerca de dois anos como serralheiro mecânico numa oficina de reparação de automóveis." (Autobiografia, in https://www.josesaramago.org/biografia/)

Após a conclusão dos estudos de Serralharia Mecânica na Escola Industrial de Afonso Domingues, consegue o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa.

À noite frequenta a biblioteca municipal do Palácio das Galveias, "lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre", nas palavras do próprio Saramago.

"E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou." (Autobiografia, in https://www.josesaramago.org/biografia/)

Depois de, em 1942, ir trabalhar para os serviços administrativos dos Hospitais Civis de Lisboa, em 1943 é na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria de Cerâmica que o encontramos, sendo afastado em 1949 em consequência do seu apoio à campanha eleitoral de Norton de Matos, o candidato da oposição à Presidência da República.

Em 1944, casa-se com a pintora Ilda Reis e em 1947 nasce a sua única filha, Violante.

Em 1947, publica o seu primeiro livro, intitulado A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado.


Na segunda metade dos anos cinquenta e até 1953 escreve numerosos poemas, contos – alguns dos quais são publicados em revistas e jornais – e esboça a redação de pelo menos quatro romances, dos quais apenas conclui um.

Em 1950, começa a trabalhar na Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Previdente, fazendo cálculos de subsídios e de pensões.

Em 1953, termina o romance Clarabóia, que será publicado apenas após a sua morte.

No final dos anos 50 torna-se responsável pela produção na editora Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor e de crítico literário. Em 1959 abandona a Companhia Previdente para trabalhar exclusivamente na editora Estúdios Cor, continuando a sua atividade de tradutor.

Depois de 19 anos de ausência do mundo literário português, regressa à escrita em 1966 com a edição do seu primeiro livro de poesia, Os Poemas Possíveis.


Entre 1967 e 1968 colabora como crítico literário na revista Seara Nova, escrevendo sobre livros de Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Júlio Moreira, Alice Sampaio, Augusto Abelaira, Urbano Tavares Rodrigues, José Cardoso Pires, José Rentes Carvalho, Nelson de Matos, Manuel Campos Pereira, entre outros.

Em 1970, surge novo livro de poesia, Provavelmente Alegria.


Em 1971 deixa a editora Estúdios Cor, assumindo funções de editorialista no Diário de Lisboa. Entretanto, ainda em 1971 publica a coletânea Deste Mundo e do Outro, a que se seguirá, em 1973, A Bagagem do Viajante, reunindo as crónicas que escreveu para o jornal A Capital.

Em 1975, publica o poema longo O Ano de 1993. É também em 1975 que publica no Diário de Notícias o "Primeiro e Segundo Poema dos Mortos". Nomeado diretor-adjunto deste jornal, será mais tarde afastado, por acusações de radicalismo marxista. Os momentos de crise que entretanto vive levam-no à decisão de se dedicar exclusivamente à escrita e à tradução, atividade de onde provêm os seus únicos rendimentos.

No princípio de 1976 instala-se no Lavre, antiga freguesia do município de Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Desta estadia nasce o romance Levantado do Chão, que será publicado em 1980 e que marca o início do estilo saramaguiano, um modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca.


Em dezembro de 1977 publica o romance Manual de Pintura e Caligrafia e em 1978 a coletânea de contos Objecto Quase.

Em 1979 publica a peça de teatro A Noite, com a qual recebe o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos.

Em 1980 publica a peça de teatro Que Farei com Este Livro?, pergunta que, segundo Saramago teria feito Camões ao contemplar o seu poema Os Lusíadas por fim impresso. A peça foi representada nesse ano no Teatro de Almada.


O Círculo de Leitores encarrega-o de escrever um livro de viagens sobre Portugal e em 1981 é publicada Viagem a Portugal.


A década de 80 foi quase inteiramente dedicada ao romance: Memorial do Convento, obra que o consagra internacionalmente (1982); O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984); A Jangada de Pedra (1986), adaptado ao cinema em 2002 pelo cineasta holandês George Sluizer; História do Cerco de Lisboa (1989).


Em 1987 publica peça de teatro A Segunda Vida de Francisco de Assis, a qual será posteriormente levada à cena no Teatro Aberto.

Em 1988 casa-se com a jornalista Pilar del Río.



O Evangelho Segundo Jesus Cristo
, publicado em 1991, vê a sua candidatura ao Prémio Literário Europeu vetada pelo governo português em 1992.


Na sequência da desilusão que este veto provoca, em 1993 transfere a sua residência para a ilha de Lanzarote, nas Canárias.

Ainda em 1993, publica a sua quarta peça de teatro, In Nomine Dei, de que seria extraído o libreto da ópera Divara, com música do compositor italiano Azio Corghi, estreada em Münster (Alemanha).

Em 1994, dá início à publicação dos Cadernos de Lanzarote, um conjunto de cinco diários escritos entre 1993 e 1998, onde narra episódios do seu quotidiano, faz críticas literárias, reflexões filosóficas e trata de outros temas. Segundo o autor, o lema que regeu este relato diarístico foi "Contar os dias pelos dedos e encontrar a mão cheia." (Revista Blimunda n.º 77, outubro de 2018, pág. 20). Em outubro de 2018, já após a morte de Saramago, será lançado o sexto caderno, encontrado por Pilar del Rio num computador antigo.


Em 1995, ano em que recebe o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, publica Ensaio sobre a Cegueira, que será adaptado ao cinema em 2008 pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles.


Em 1997 publica o romance
Todos os Nomes e o Conto da Ilha Desconhecida.


Já no século XXI, publica A Caverna (2000), o conto infantil A Maior Flor do Mundo (2001), O Homem Duplicado (2002, adaptado ao cinema em 2013 pelo realizador canadiano Denis Villeneuve), Ensaio sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), As Pequenas Memórias (2006), A viagem do elefante (2008), Caim (2009).



José Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, junto à Fundação que tem o seu nome, em Lisboa, em 18 de junho de 2011.


Postumamente, foram publicados Clarabóia (concluído em 1953 e publicado em 2011) e Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas (2014), romance incompleto que José Saramago estava a escrever em 2010 e do qual deixou escritas trinta páginas. Fernando Gómez Aguilera, escritor espanhol e curador da Fundação José Saramago, e Roberto Saviano, escritor e jornalista italiano, situam e comentam as últimas palavras de José Saramago, sublinhadas pela força das ilustrações de Günter Grass.


Pesquisa realizada em

Cronologia biográfica – https://www.josesaramago.org/timeline/

Vieira, Joaquim – José Saramago - Rota de Vida. Uma biografia. Lisboa, Livros Horizonte: 2018