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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Paulina Chiziane – Prémio Camões 2021

 


O Prémio Camões, o mais prestigiante dos prémios atribuídos a escritores lusófonos, foi hoje, 18 de outubro de 2021, atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane, a primeira mulher a publicar um romance no seu país (em 1990).

O Prémio Camões foi instituído pelos governos de Portugal e do Brasil em 1988 com o objetivo de distinguir autores que contribuem para a projeção,  reconhecimento e enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.

Depois de José Craveirinha, em 1991, e Mia Couto, em 2013, é a terceira vez que o Prémio Camões é atribuído a um autor moçambicano.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955, e cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, à época colonial denominada Lourenço Marques. Na sua juventude, participou ativamente na luta política moçambicana como membro da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), deixando mais tarde de se envolver na atividade partidária e política ativa para se dedicar exclusivamente à escrita e publicação das suas obras.

Paulina Chiziane iniciou a sua carreira literária em 1984, com contos publicados na imprensa moçambicana, estando a temática social e as tradições num país em busca pela paz sempre presentes.

Quando em 1990 publicou o primeiro livro em Moçambique, Balada de Amor ao Vento, tornou-se a primeira mulher romancista a publicar no país. Recusa, contudo, ser considerada como romancista, pois afirma-se acima de tudo uma contadora de histórias que, através da ficção, narra criticamente a história e os traumas do seu país.

No momento da divulgação do Prémio, o júri destacou a importância que a autora dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, numa obra em que toda a cultura, os hábitos e o passado do continente e do país são vistos e pensados criticamente. Traumas históricos, como a guerra civil moçambicana, o colonialismo e o racismo, práticas culturais como o curandeirismo e o sistema poligâmico e o tratamento dado à mulher em Moçambique e em África, são os fios condutores da sua obra.

Em 2014, Paulina Chiziane foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique.

Em Portugal, as suas obras estão publicadas sob a chancela da Editorial Caminho.

Livros de paulina Chiziana na Biblioteca do ECB:


Balada de amor ao vento (1990)



Ventos do apocalipse (1993)


O sétimo juramento (2000)


O alegre canto da perdiz (2008)

Prémios Camões atribuídos:

Ano

Premiado

País

1989

Miguel Torga

Portugal

1990

João Cabral de Melo Neto

Brasil

1991

Craveirinha

Moçambique

1992

Vergílio Ferreira

Portugal

1993

Rachel de Queiroz

Brasil

1994

Jorge Amado

Brasil

1995

José Saramago

Portugal

1996

Eduardo Lourenço

Portugal

1997

Pepetela

Angola

1998

António Cândido

Brasil

1999

Sophia de Mello Breyner Andresen

Portugal

2000

Autran Dourado

Brasil

2001

Eugénio de Andrade

Portugal

2002

Maria Velho da Costa

Portugal

2003

Ruben Fonseca

Brasil

2004

Agustina Bessa-Luís

Portugal

2005

Lygia Fagundes Telles

Brasil

2006

José Luandino Vieira

Portugal/Angola

2007

António Lobo Antunes

Portugal

2008

João Ubaldo Ribeiro

Brasil

2009

Arménio Vieira

Cabo Verde

2010

Ferreira Gullar

Brasil

2011

Manuel António Pina

Portugal

2012

Dalton Trevisan

Brasil

2013

Mia Couto

Moçambique

2014

Alberto da Costa e Silva

Brasil

2015

Hélia Correia

Portugal

2016

Raduan Nassar

Brasil

2017

Manuel Alegre

Portugal

2018

Germano Almeida

Cabo Verde

2019

Chico Buarque

Brasil

2020

Vítor Manuel de Aguiar e Silva

Portugal

2021

Paulina Chiziane

Moçambique



sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Dia Mundial da Música

 

No dia 1 de outubro celebra-se em todo o mundo o Dia Mundial da Música. A data foi instituída em 1975 pelo International Music Council, uma organização não-governamental apoiada pela UNESCO e fundada em 1949, que agrega vários organismos e individualidades do mundo da música. O principal objetivo deste dia não é apenas destacar os benefícios e a importância da arte musical, mas também promover a paz e a amizade entre as nações através da união gerada a partir da música, uma forma de arte universal que atravessa as barreiras e que pode unir as populações com um mesmo propósito.

Nocturno, o romance de Chopin, escrito por Cristina Carvalho e publicado em 2009, é a nossa sugestão para a comemoração deste dia que presta homenagem à música e à história musical existente em todo o mundo.

Pianista e compositor, Frédéric François Chopin, também chamado Fryderyk Franciszek Chopin, nasceu na Polónia, em Żelazowa Wola, a 1 de março de 1810, e morreu em Paris, a 17 de outubro de 1849.

Numa nota prévia incluída no livro, publicado pela Sextante, a escritora esclarece que, apesar de todas as datas e referências corresponderem à verdade histórica, este "não pretende ser, não é, uma rigorosa biografia de Fryderyk Franciszek Szopen ou Frédéric François Chopin ou, simplesmente Fryc", que morreu com apenas 39 anos, mas "viveu intensamente".

Este romance foi desenhado como um piano solitário em que o artista desenha os quadros musicais de melodias e harmonias com timbres, ritmos e tempos diversos, tecido de amores e paixões, que conta a vida de Chopin, desde o seu nascimento, na Polónia, até à sua morte, em Paris. Uma história feita de subtilezas, paixões intensas, escuras intrigas, vivências e amizades sinceras, presenças e saudades. Do universo do compositor, faziam parte, além do compositor Franz Liszt, personagens como o pintor romântico Eugène Delacroix, a escritora George Sand (com quem viveu uma atribulada história de amor), uma escocesa chamada Jane Stirling ("a mulher que mais intensamente o amou", segundo Cristina Carvalho), o violoncelista Auguste Franchomme, "muito conhecido na época", e a condessa polaca Delfina Potocka, entre muitos outras figuras, igualmente retratadas em Nocturno.

Sobre a autora

Cristina Carvalho nasceu em Lisboa, a 10 de novembro de 1949. Filha do professor e poeta Rómulo de Carvalho (António Gedeão) e da escritora Natália Nunes, é autora de cerca de 20 títulos que compõem a sua obra entre o romance e a literatura juvenil, entre a ficção e o ensaio. Alguns dos seus contos forma publicados em várias revistas e jornais, nomeadamente no Jornal de Letras e revista Egoísta.

Durante a sua atividade profissional, contactou com milhares de pessoas e visitou inúmeros países, sendo a Escandinávia e o Oeste português as regiões que mais ama e que mais influência exercem sobre a sua personalidade enquanto “transitório ser humano do sexo feminino, habitante do planeta Terra e, por acaso, escritora”.

Em 1989, publicou o seu primeiro romance, Até Já Não é Adeus.

Em 2009, publicou o romance O Gato de Uppsala, na Sextante Editora, uma história de amor entre dois jovens, Elvis e Agnetta, uma história feliz de iniciação, de descoberta e sonho: a viagem, a pé, desde Uppsala até Estocolmo, movidos pelo desejo de descobrir o mistério do mar e de ver uma das maravilhas do seu tempo – o grande e rico Vasa – navio de guerra mandado construir por Gustavus II Adolphus, rei da Suécia. Quis o destino que, no dia 10 de Agosto de 1628, dia da viagem inaugural, a vida de Elvis e Agnetta fosse salva por um gato.

Em 2016, o seu romance O Olhar e a Alma venceu o Prémio Autores para o Melhor Livro de Ficção Narrativa. Cristina Carvalho reconstitui a biografia de um dos artistas mais desprezados em vida e mitificados na morte que o século XX viu surgir - Amedeo Modigliani, uma vida extraordinária, marcada pela paixão e pelo génio, numa obra que segue o percurso da sua vida, da sua arte e das mulheres que o amaram.


Em 2018, Cristina Carvalho publicou o romance A Saga de Selma Lagerlöf, biografia da escritora sueca que nasceu a 20 de novembro de 1858, em Mårbacka, uma casa de campo senhorial no município de Sunne, na província da Värmland, oeste da Suécia, e morreu a 16 de março de 1940, na mesma casa da família. Em 1909, Selma Lagerlöf venceu o Prémio Nobel de Literatura e foi a primeira mulher a ser membro da Academia Sueca, em 1914. O seu primeiro livro, A Saga de Gösta Berling, foi publicado em 1891.


Já em 2021, o romance biográfico Ingmar Bergman – O Caminho contra o Vento (publicado em 2019) venceu a primeira edição do Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, prémio promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara Municipal de Coimbra. A obra, dedicada ao cineasta sueco, foi distinguida por transportar o leitor para o "vivido quotidiano" e para as "recordações de um velho homem de génio".




Alguns dos romances de Cristina Carvalho fazem parte do Plano Nacional de Leitura:

(*) disponível na biblioteca do ECB

Ana de Londres – publicado em 1996 por Edições Relógio d'Água

O Gato de Uppsala - 5ª edição – publicado em 2009 por Sextante/Porto Editora (*)

Nocturno, o romance de Chopin – publicado em 2009 por Sextante/Porto Editora (*)

Lusco-Fusco, breviário dos mundos elementares – publicado em 2011 por Sextante/Porto Editora

Rómulo de Carvalho/António Gedeão – Biografia – publicado em 2012 por Editorial Estampa

Quatro Cantos do Mundo – publicado em 2014 por Editorial Planeta

O Olhar e a Alma, romance de Modigliani – publicado em 2015 por Editorial Planeta

Rebeldia – publicado em 2017 por Editorial Planeta

A Saga de Selma Lagerlöf – publicado em 2018 por Edições Relógio D'Água (*)


Pepetela - autor do mês de outubro

 


“Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura do café, vinda da mãe, misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o inconciliável e é este o meu motor. Num Universo de sim e não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim para quem espera ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raros são os outros, o Mundo é geralmente maniqueísta”.

Pepetela


Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que assina sempre como Pepetela, nasceu em Benguela, em 29 de Outubro de 1941, numa família com raízes entre os colonos de Angola, sendo os seus pais angolanos de nascimento.

“Pepetela” significa Pestana em umbundo (uma língua banta falada pelos ovimbundos, povo originário das montanhas centrais de Angola; é a língua banta mais falada no país, principalmente nas províncias centrais do Bié, do Huambo e de Benguela).

Pepetela realizou os primeiros estudos em Benguela, onde permaneceu até 1956, ano em que partiu para Lubango, para completar o ensino secundário, no Liceu Diogo Cão. Em 1958, foi para Lisboa, com o objetivo de estudar no Instituto Superior Técnico, mudando em 1960 para o curso de Letras na Universidade de Lisboa.

Em Lisboa, integrou a Casa dos Estudantes do Império (CEI), uma instituição criada pelo regime salazarista, em 1944, para albergar os vários estudantes das colónias portuguesas que vinham estudar na metrópole, no intuito de fortalecer a mentalidade imperial e o sentimento da portugalidade entre os estudantes das colónias e que funcionava de maneira semelhante a uma república estudantil. Contrariando os objetivos do regime, a CEI acabou por fomentar a ação política entre os estudantes negros e mestiços presentes na metrópole, vindo alguns a formar o Movimento Anticolonial (MAC), que se colocou num plano político de oposição frontal ao regime colonial português e do qual saíram alguns dos fundadores e dirigentes dos movimentos nacionalistas nas colónias portuguesas, como Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) ou Joaquim Chissano (FRELIMO). A CEI foi fechada pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) a 6 de setembro de 1965.

É na Casa dos Estudantes do Império que Pepetela começa a sua trajetória política e literária. Além de colaborar nas publicações da CEI, será um dos criadores do Centro de Estudos Angolanos, o qual integra enquanto representante do MPLA.

Após o início da luta armada de libertação em Angola, em 1961, seguiu para o exílio em França e mais tarde na Argélia, onde terminará o curso de Sociologia.

Em 1975, após a independência de Angola, Pepetela regressa ao seu país, assumindo o cargo de Vice-Ministro da Educação, sob a liderança do Presidente Agostinho Neto. A partir de 1982, deixou de desempenhar cargos políticos e dedicou-se quase em exclusivo à escrita, sendo também professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade Agostinho Neto em Luanda.

A obra literária de Pepetela, que começou ainda nos tempos do exílio e da guerrilha (embora a maior parte só seja publicada após o seu regresso a Angola), reflete a história de Angola, tanto a mais distante, quanto a mais recente trajetória social e política do país.

O primeiro romance de Pepetela, As Aventuras de Ngunga, foi publicado em 1972, e nele podemos acompanhar o crescimento revolucionário de Ngunga, um jovem guerrilheiro do MPLA.


Entre outros dos seus livros mais importantes encontramos Muana puó (de 1978, obra que analisa a situação angolana através da metáfora das máscaras dos Côkwes, uma etnia de Angola); Mayombe (de 1980, uma narrativa da guerra pela independência, que retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros, escrita a partir da experiência do próprio autor); Iaka (de 1985, um romance histórico que segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de um século).

Na década de 1990, a obra de Pepetela continua a refletir o interesse na história de Angola, mas também examina a situação política do país com um maior sentido de ironia e criticismo. O seu primeiro romance da década, A geração da utopia (de 1992), mostra a realidade e a desilusão de Angola pós-independência, quando a guerra civil e a corrupção no governo levaram ao questionamento dos valores revolucionários.

Em Parábola do cágado velho (1996), uma história de amor num cenário de guerra, vista pelos olhos de um camponês, Pepetela retoma o tema dos mitos e tradições angolanos. A gloriosa família (de 1997) é um romance histórico que examina a história da família Van Dúnem, uma família proeminente de ascendência holandesa.

Pepetela atinge o auge de sua carreira literária em 1997, quando conquista, pela totalidade de sua produção, o Prémio Camões, um dos mais prestigiados e desejados pelos escritores de língua portuguesa. Pepetela foi o autor mais jovem a receber este prémio, o primeiro angolano e o segundo africano a receber esta distinção (depois do escritor moçambicano José Craveirinha, em 1991). Antes disso, recebera o Prémio Nacional de Literatura de Angola pela obra Mayombe. Este reconhecimento consagra-o como um nome significativo da literatura contemporânea em língua portuguesa.

O primeiro livro que publicou nos 2000 foi A Montanha de Água Lilás, de 2000, um livro para crianças que propõe uma reflexão sobre o consumismo e a degradação do meio ambiente e comenta as raízes da injustiça social.

A obra de Pepetela nos anos 2000 critica a atual situação angolana, com textos que contam com um estilo satírico e que incluem a série de romances policiais protagonizada pelo detetive Jaime Bunda que satirizam a vida em Luanda. As suas obras recentes também incluem Predadores (2005), uma crítica áspera das classes dominantes de Angola; O Quase Fim do Mundo (2008), uma alegoria pós-apocalíptica, num tempo em que a vida animal desaparece da Terra, exceto num pequeno recanto do mundo que escapou à hecatombe e se situa numa desgraçada zona da desgraçada África; e O Planalto e a Estepe (2009), a história real de um amor impossível na Angola dos anos 60 aos nossos dias e que examina as ligações entre Angola e outros países ex-comunistas.


Entre as últimas obras publicadas por Pepetela, encontramos A Sul. O Sombreiro, de 2011, um grande romance de aventuras que nos conduz a Angola dos séculos XVI e XVII, quando Portugal vivia sob o domínio filipino; O Tímido e as Mulheres, de 2013, onde acompanhamos o tímido Heitor, um escritor em início de carreira, na Luanda dos dias de hoje, uma narrativa original com um desfecho imprevisível, que retrata os últimos vinte anos da história de Angola a partir da história de dois órfãos vítimas da guerra que dependem do lixo dos restaurantes e se unem para conseguirem subsistir.

Em 2018, no romance Sua Excelência de Corpo Presente, vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa 2020, é pelas memórias de um ditador africano (que, apesar de jazer morto num caixão num enorme salão, aprisionado num corpo sem vida, vê, ouve e pensa, na posse das suas faculdades intelectuais) que conhecemos o percurso que o levou a presidente e os muitos anos como chefe de Estado e os meandros do poder político, o nepotismo que o corrói e os vários abusos permitidos a quem o detém.


A maior parte da obra de Pepetela faz parte do Plano Nacional de Leitura

Obras de Pepetela

(*) disponível na biblioteca do ECB

Romances

1972 - As Aventuras de Ngunga (*)

1978 - Muana Puó (*)

1979 – Mayombe (*)

1985 - O Cão e os Caluandas (*)

1985 – Yaka (*)

1990 – Lueji (*)

1992 - Geração da Utopia (*)

1995 - O Desejo de Kianda (*)

1997 - Parábola do Cágado Velho (*)

1997 - A Gloriosa Família (*)

2000 - A Montanha da Água Lilás (*)

2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto (*)

2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano (*)

2005 – Predadores (*)

2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia (*)

2008 - O Quase Fim do Mundo (*)

2008 - Contos de Morte (*)

2009 - O Planalto e a Estepe (*)

2011 - A Sul. O Sombreiro (*)

2013 - O Tímido e as Mulheres (*)

2016 - Se o Passado Não Tivesse Asas (*)

2018 - Sua Excelência de Corpo Presente (*)

Peças

1978 - A Corda

1980 - A Revolta da Casa dos Ídolos

Crónicas

2011 - Crónicas com Fundo de Guerra (*)

2015 - Crónicas Maldispostas (*)