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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Dia Internacional da Língua Materna


“Uma língua é o lugar donde se vê o mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi o apelo que ia de nós.”
Vergílio Ferreira (1991)
Excerto do texto «A Voz do Mar», lido por Vergílio Ferreira em 1991,
na cerimónia em que lhe é atribuído o Prémio Europália (Bruxelas)
Vergílio António Ferreira (Gouveia, Melo, 28 de janeiro de 1916 — Lisboa, 1 de março de 1996) foi um escritor e professor português.
A sua obra percorre vários géneros, da ficção ao ensaio e diário e pode ser agrupada em dois períodos literários: o Neorrealismo (de 1938 a 1947) e o Existencialismo (de 1953 a 1996). Considera-se que Mudança (1948) é o livro que marca a transição entre os dois períodos.
Foram vários os prémios que recebeu ao longo da vida, destacando-se o Prémio D. Dinis (1981), o Prémio Literário Município de Lisboa (1983), o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1984, 1991), o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1987), o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1993), o Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (1993).

Em 1991 recebe o Prémio Europália, em Bruxelas, pelo conjunto da sua obra. Em 1992 é eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e é-lhe atribuído o Prémio Camões.

Um livro em mirandês na Biblioteca do ECB



Com o livro Cuontas de la Dona Tierra, os autores Maria Helena Henriques, Maria José Moreno e Galopim de Carvalho pretendem partilhar com os mais pequenos o seu saber sobre os mistérios e encantos da natureza, naquilo que ela tem de mais belo. Minerais, correntes de água e animais de todas as espécies são os companheiros ideais para as aventuras dos mais jovens, no magnífico cenário do planeta Terra, com as ilustrações de Mariana Santos.

Numa edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, e fazendo parte da coleção infanto-juvenil “Descobrir as Ciências”, a particularidade deste livro é estar publicado em mirandês (com traduções de Amadeu Ferreira, Alcides Meirinhos, Alfredo Cameirão, Bina Cangueiro, Carlos Ferreira, Duarte Martins, Faustino Antão, Francisco Domingues e Válter Deusdado), o que lhe mereceu uma mensagem do presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Fernando Andresen Guimarães, incluída nesta edição.

O mirandês, segunda língua oficial em Portugal


Em Portugal, existem três línguas oficiais: o português, a língua gestual portuguesa (reconhecida desde 1997) e o mirandês (reconhecido desde 1999).
O mirandês é um idioma pertencente ao grupo asturo-leonês (ocidental) e é falado por cerca de 8500 pessoas, no concelho de Miranda do Douro e nalgumas freguesias dos concelhos de Vimioso, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Bragança. O mirandês tem três subdialetos (central ou normal, setentrional ou raiano, meridional ou sendinês); muitos dos seus falantes são bilingues, trilingues ou até mesmo quadrilingues, falando o mirandês, o português, o castelhano e o galego.
Embora o isolamento desta região transmontana e a sua proximidade com Espanha possam explicar a preservação da língua mirandesa, a pressão do português e do castelhano, o desenvolvimento das regiões e das tecnologias da informação e comunicação num mundo globalizado têm ameaçado o mirandês, pelo que nos últimos anos esta língua tem sido objeto de medidas de defesa e valorização, tais como:
  • ensino em mirandês, como opção, nas escolas do ensino básico do concelho de Miranda do Douro, desde 1986/1987, por autorização ministerial de 9 de Setembro de 1985;
  • publicação de livros sobre e em mirandês, pela Câmara Municipal de Miranda do Douro;
  • realização anual de um festival da canção e de um concurso literário, por iniciativa da Câmara Municipal de Miranda do Douro;
  • uso do mirandês em festas e celebrações da cidade e, ocasionalmente, nos meios de comunicação social;
  • publicação em mirandês de dois volumes da série de banda desenhada Asterix;
  • publicação em mirandês de O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry;
  • tradução de todas as placas toponímicas da cidade de Miranda do Douro, efetuada em 2006 pela Câmara Municipal;
  • estudo por centros de investigação portugueses, como o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, com o projeto "Atlas Linguístico de Portugal", e a Universidade de Coimbra, com o "Inquérito Linguístico Bolêo";
  • criação de uma Wikipédia em mirandês, a Biquipédia;
  • disponibilização de sítios em mirandês, entre eles o Photoblog e o WordPress.


Muitas línguas têm orgulho dos seus pergaminhos antigos, da literatura escrita há centenas de anos e de escritores muito famosos, hoje bandeiras dessas línguas. Mas há outras que não podem ter orgulho de nada disso, como é o caso da língua mirandesa.

Muitas lhénguas ténen proua de ls sous pergaminos antigos, de la lhiteratura screbida hai cientos d'anhos i de scritores hai muito afamados, hoije bandeiras dessas lhénguas. Mas outras hai que nun puoden tener proua de nada desso, cumo ye l causo de la lhéngua mirandesa.







Dia Internacional da Língua Materna


O Dia Internacional da Língua Materna é comemorado em 21 de fevereiro e foi proclamado pela UNESCO em 17 de novembro de 1999 e reconhecido formalmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Na origem desta comemoração está o dia 21 de fevereiro de 1952 que assinala o início da luta do povo do Paquistão Oriental (atualmente o Bangladesh) pelo reconhecimento do bengali ou bangla como língua oficial no território (falada por 98% da população) e não o urdu (língua do Paquistão Ocidental), que em 1948 o governo paquistanês havia declarado como a única língua oficial do país.
Embora apenas em 1971 o Paquistão Oriental tenha conquistado a independência, adotando o nome de Bangladesh, e visto o bengali reconhecido como língua oficial, desde 1952 que neste território se comemora o dia 21 de fevereiro como o Dia do Movimento da Língua.
Em 1999, a UNESCO decretou esta data como o Dia Internacional da Língua Materna com o objetivo de promover o multilinguismo e a diversidade linguística e cultural, e também de proteger e salvaguardar todas as línguas faladas no Mundo, honrando tradições culturais e respeitando a diversidade linguística.
Em 2017, o tema do Dia Internacional da Língua Materna é
"Rumo a futuros sustentáveis através da educação multilíngue".
“On the occasion of this Day, I launch an appeal for the potential of multilingual education to be acknowledged everywhere, in education and administrative systems, in cultural expressions and the media, cyberspace and trade.”
Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO
A UNESCO estima que, das mais de 7000 línguas faladas em todo o globo, metade corre o risco de vir a desaparecer. Irina Bokova, Diretora Geral desta organização, reconhece que “a perda de línguas empobrece a Humanidade”.

Ainda de acordo com a UNESCO, o acesso a uma educação multilíngue, que inclua a aprendizagem da língua materna e também de outras línguas, contribui para a aquisição das competências da leitura, escrita e cálculo. As línguas locais, mesmo quando minoritárias, transmitem valores culturais e conhecimentos, quer modernos, quer tradicionais, estimulam a criatividade e contribuem para uma participação cívica responsável, tornando-se por isso indispensáveis para o desenvolvimento de um futuro sustentável e para a promoção da igualdade e equidade, nomeadamente no que às mulheres diz respeito.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Exposição As Cidades Invisíveis







«As Cidades Invisíveis apresenta-se como uma série de relatos de viagem que Marco Polo faz a Kublai Kan, imperador dos tártaros. [...] A este imperador melancólico, que percebeu que o seu poder ilimitado conta pouco num mundo que caminha em direção à ruína, um viajante visionário fala de cidades impossíveis, por exemplo, uma cidade microscópica que se expande, se expande até que termina formada por muitas cidades concêntricas em expansão, uma cidade teia de aranha suspensa sobre um abismo, ou uma cidade bidimensional como Moriana. [...] Creio que o livro não evoca apenas uma ideia atemporal de cidade, mas que desenvolve, ora implícita ora explicitamente, uma discussão sobre a cidade moderna. [...] Penso ter escrito algo como um último poema de amor às cidades, quando é cada vez mais difícil vivê-las como cidades.»
Italo Calvino
Em As Cidades Invisíveis, o escritor italiano Italo Calvino imagina um diálogo fantástico entre Marco Polo, o maior viajante de todos os tempos, e Kublai Khan, o imperador dos Tártaros, em cuja corte o mercador veneziano terá desempenhado funções diplomáticas. Porque Kublai Khan não pode ver com os seus próprios olhos toda a extensão do seu império, Marco Polo será a sua visão, descrevendo-lhe minuciosamente 55 cidades (imaginárias) por onde teria passado, agrupadas em temas como “as cidades e a memória”, “as cidades e o céu”, “as cidades e os mortos”, “as cidades e o desejo” e todas com nome de mulher (Procópia, Ersília, Olinda, Sofrónia, Tecla, Trude, …).
A partir da leitura de excertos desta obra de Calvino, os alunos do 11º ano do curso de Artes Visuais imaginaram algumas dessas cidades, criando uma técnica mista de representação através da manipulação de mais do que um material.

O resultado do seu trabalho pode ser visto na Exposição que se encontra patente no átrio da Biblioteca.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Dia dos Namorados ou Dia de S. Valentim

Por que é que desde meados do século XIX o dia 14 de fevereiro é comemorado como o Dia dos Namorados no mundo ocidental?

Segundo a tradição cristã, este dia está associado à morte de um bispo romano no século III. O imperador Cláudio II proibiu a realização de casamentos durante as guerras, justificando a proibição com o facto de os solteiros serem melhores guerreiros. No entanto, o bispo Valentim, contrariando a ordem imperial, continuou a celebrar casamentos, razão por que foi preso e condenado à morte. Considerado um mártir pela Igreja, a data da sua morte (14 de fevereiro) passou a associar-se à festa em nome do amor e dos namorados.
Este dia já era assinalado na Roma Antiga pois marcava a véspera da festa anual das Lupercais, celebrada em honra da deusa Juno (mulher de Júpiter e rainha dos deuses, deusa da mulher e casamento) e do deus Pã (também chamado Fauno Luperco – o que protege do lobo –, o deus que terá tomado a forma de uma loba e amamentou os gémeos Rómulo e Remo, lendários fundadores da cidade de Roma).
Em 494 d.C., o Papa Gelásio I proibiu e condenou oficialmente essa festa pagã. Numa tentativa de cristianizá-la, substituiu-a pelo dia dedicado a S. Valentim.
Na Idade Média, dizia-se que o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros. Por isso, os namorados usavam esta ocasião para deixar mensagens de amor à porta dos seus amados.
Na sua forma moderna, a tradição surgiu em 1840, nos Estados Unidos, quando a artista Esther Howland resolveu produzir um postal para comemorar o Dia de S. Valentim e vendeu 5000 dólares em cartões do Dia dos Namorados (os Valentine Cards). A sua fama espalhou-se e Esther Howland passou a ser considerada "The Mother of the American Valentine".

Desde aí, a tradição de enviar cartões continuou a aumentar e, a partir do século XX, transforma-se numa prática em todo o mundo.


(Postal de S. Valentim, de Esther Howland)