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sábado, 26 de agosto de 2017

Dia Internacional da Igualdade Feminina


A comemoração do Dia Internacional da Igualdade Feminina pretende celebrar a igualdade de género e as conquistas das mulheres na sociedade ao longo da história, num mundo onde a desigualdade continua a ser uma realidade em muitas sociedades.

Se ao longo do século XX as mulheres foram alcançando muitas vitórias, como o direito ao voto, a entrada no mercado de trabalho, no ensino e na vida política, entre outros, hoje são ainda muitas as situações a melhorar, como o fim dos preconceitos e dos estereótipos, a igualdade salarial, o fim da violência ou o fim da discriminação em geral.

A efeméride é comemorada neste dia em alusão à aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembleia Nacional Constituinte de França, a 26 de agosto de 1789.
Na sequência da Revolução iniciada em 14 de julho em Paris, com a tomada da Bastilha, e inspirada nos ideais iluministas, esta Declaração afirmava a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão como direitos naturais e imprescritíveis do homem, numa ambiguidade de género que não deixou algumas mulheres indiferentes. Na verdade, a Declaração não contemplava explicitamente as mulheres, às quais não foram concedidos quaisquer direitos, nomeadamente de acesso a instituições públicas, liberdade profissional, direitos de propriedade ou o direito ao voto (este último apenas alcançado em 1944 pelas mulheres francesas).

Em 1791, a escritora Marie Gouze, conhecida por Olympe de Gouges, escreveu a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” (Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne), decalcada sobre o modelo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.



É o primeiro documento da Revolução Francesa a mencionar a igualdade jurídica das mulheres em comparação com os homens e foi elaborado para ser apresentado e votado na Assembleia Nacional em 28 de outubro de 1791. No entanto, a Convenção rejeitou o projeto e a declaração foi ignorada política e academicamente.


Marie Gouze (Olympe de Gouges)
Pintura de Alexander Kucharsky – Fonte da Imagem: Wikipédia
Olympe de Gouges, pseudónimo de Marie Gouze, nasceu em Montauban, a 7 de maio de 1748, e morreu em Paris, a 3 de novembro de 1793. Foi dramaturga, ativista política, feminista e abolicionista.
Escreveu uma peça de teatro anti-esclavagista, L'Esclavage des Nègres, e algumas obras feministas relacionadas com os temas do direito ao divórcio e às relações sexuais fora do casamento. O início da Revolução Francesa é um momento de esperança para Olympe de Gouges que, no entanto, cedo se desilude por constatar que a “igualdade” da Revolução não incluía as mulheres no que se referia aos direitos.
Em 1791, ano em que escreveu a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, ingressou no Cercle Social, uma associação cujo principal objetivo era a luta pela igualdade dos direitos políticos e jurídicos para as mulheres e que se reunia na casa de Sophie de Condorcet, uma defensora da causa feminista.
Por se envolver ativamente em questões que lhe pareciam injustas, como a condenação à morte de Luis XVI, por ser contra a pena de morte e por se sentir desapontada nas suas expectativas, Olympe de Gouges passou a escrever de forma mais veemente e contundente. No entanto, os Jacobinos não estavam dispostos a aceitar a causa da defesa dos direitos das mulheres: exilaram Sophie de Condorcet e, em 3 de novembro de 1793, guilhotinaram Olympe de Gouges.

Olympe de Gouges ficou esquecida e quase desconhecida até a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” ter sido publicada em 1986 por Benoîte Groult. Desde então, várias homenagens lhe têm sido feitas em França.
Em 6 de março de 2004, foi atribuído o nome Olympe de Gouges a uma praça em Paris. Na sua inauguração, a atriz Véronique Genest leu um excerto da “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. Em 2007, a então candidata à Presidência da Repúblical francesa Ségolène Royal expressou o desejo de que os restos mortais de Gouges fossem movidos para o Panteão. No entanto, como aconteceu a outras vítimas do período da Revolução Francesa conhecido como “o Terror”, a sepultura de Olympe de Gouges numa vala comum impossibilitou a realização deste cerimonial.

Para conhecer a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, clique em 




sábado, 19 de agosto de 2017

Dia Mundial da Fotografia


Fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, o olho e o coração.
Henri Cartier-Bresson

O Dia Mundial da Fotografia comemora-se anualmente a 19 de agosto. Este dia foi definido pelo governo francês, em 1839, para assinalar a invenção do processo fotográfico desenvolvido por Louis Jacques Mandé Daguerre, em 1837. Este processo, a que se deu o nome de daguerreótipo, foi oficialmente apresentado ao mundo, em 1839, na Academia de Ciências da França, em Paris, considerado "um presente grátis para o mundo".


Louis Daguerre


Boulevard du Temple (Louis Daguerre)


A câmara de Louis Daguerre

Antes de Daguerre, o também francês Joseph Nicéphore Niépce foi o precursor deste processo. Unindo elementos da química e da física, em 1826 criou a heliografia (gravação com o sol), sendo a imagem heliográfica feita com uma placa de estanho derivado de um petróleo fotossensível, podendo ficar cerca de 8 horas em exposição solar. O processo tinha baixa velocidade de captação e pouca qualidade de imagem. Nesse invento, Niépce aliou o princípio da "câmara escura" (utilizada por artistas desde o século XVI, entre eles Leonardo da Vinci) à característica fotossensível dos sais de prata. Após a morte de Niépce, Daguerre aperfeiçoou o invento, rebatizando-o como daguerreótipo.


Joseph Nicéphore Niépce


A 1ª fotografia (Joseph Nicéphore Niépce)



A câmara de Niépce

Outro processo fotográfico, o calótipo, inventado em 1839 pelo britânico William Fox Talbot, fez com que este ano de 1839 fosse considerado o ano da invenção da fotografia. O calótipo (ou talbótipo) foi um processo fotográfico pioneiro, antecessor da atual fotografia, e que consistia na exposição à luz, com o emprego de uma câmara escura, de um negativo em papel sensibilizado com nitrato de prata e ácido gálico. Posteriormente, este é fixado numa solução de hipossulfito de sódio. Quando pronto e seco, positiva-se por contacto direto num papel idêntico.


William Fox Talbot


A foto de Talbot


A invenção da fotografia exerceu uma forte influência sobre as artes plásticas, pois com uma nova forma de obter imagens da realidade, os pintores e escultores passaram a ter muito mais liberdade de criação, por não precisarem de se limitar a fazer uma cópia fiel da realidade. Do impressionismo ao fauvismo ou ao cubismo, do expressionismo ao abstracionismo ou ao surrealismo, a rutura com os cânones artísticos foi acontecendo desde finais do século XIX, consequência também desta nova técnica de captação do real.
Privilegiando a cor ou o preto e branco, com ou sem photoshop e efeitos de luz/sombra, para arquivo privado ou para partilhar nas redes sociais, hoje em dia todos somos, de uma ou de outra forma, fotógrafos em potência. Com o advento da fotografia digital e a proliferação dos telemóveis com câmaras, praticamente todos podemos aventurar-nos na fotografia e levar a imagem para onde quisermos. A fotografia serve para eternizar momentos, para guardar recordações, para registar a história de cada um ou a história de povos e as transformações do mundo. Acima de tudo, a fotografia serve para contar histórias em imagens, sem palavras, para mostrar a nossa visão pessoal do mundo. Ou simplesmente para nos dar prazer enquanto "fotógrafos"...
No dia Mundial da Fotografia decorrem várias iniciativas para celebrar a data, como workshops, maratonas de fotografia, concursos e palestras. O Dia Mundial da Fotografia consiste na celebração da arte de fotografar. Desde o fotógrafo amador ao profissional, neste dia o objetivo é reviver o amor pela fotografia.
Alguns fotógrafos célebres:

Henri Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson – fotógrafo, fotojornalista e desenhador francês (Chanteloup-en-Brie, 22 de agosto de 1908 — Montjustin, 2 de agosto de 2004). Em 1947, juntamente com Robert Capa, Bill Vandivert, George Rodger e David Seymour, fundou a agência fotográfica Magnum, durante uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (o nome desta cooperativa de fotógrafos terá sido retirado da marca de champagne com que se comemorava o evento).
Robert Capa




Robert Capa (pseudónimo de Endre Ernő Friedmann) – fotógrafo húngaro nascido em Budapeste, a 22 de Outubro de 1913, foi um dos mais célebres fotógrafos de guerra que cobriu alguns dos mais importantes conflitos da primeira metade do século XX: a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Sino-Japonesa, a Segunda Guerra Mundial na Europa (em Londres, na Itália, a Batalha da Normandia e a liberação de Paris) e no Norte da África, a Guerra Israelo-Árabe de 1948 e a Primeira Guerra da Indochina, durante a qual morreu, em 25 de maio de 1954, ao pisar uma mina terrestre em Thai-Binh.
Alberto Korda

Alberto Díaz Gutiérrez, conhecido como Alberto Korda (Havana, 14 de setembro de 1928 — Paris, 25 de maio de 2001), foi um fotógrafo cubano que se tornou mundialmente conhecido com a fotografia Guerrillero Heroico, a fotografia que realizou de forma quase acidental de Che Guevara, no dia 5 de março de 1960, e que se tornou uma das mais reproduzidas de todos os tempos.

Guerrillero Heroico

Robert Doisneau




Robert Doisneau (14 de abril de 1912 - 1 de abril de 1994) nasceu na cidade de Gentilly, Val-de-Marne, na França. Era um apaixonado por fotografias de rua, registando a vida social das pessoas que viviam em Paris, mas também trabalhou em fotografias para publicações em revistas. A sua fotografia mais famosa será talvez O Beijo do Hotel de Ville (Paris, 1950).

O Beijo do Hotel de Ville 

Sebastião Salgado



Sebastião Salgado é um fotógrafo brasileiro, nascido em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais. Em 1979, depois de passar pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum. É considerado um fotógrafo "comprometido" com as caudas dos excluídos.
O seu primeiro livro, Outras Américas, sobre os pobres na América Latina, foi publicado em 1986. Da sua colaboração com a ONG Médicos sem Fronteiras nasceu Sahel: O homem em pânico (1986), um livro sobre a seca e a fome na região do Sahel, na África, registadas entre 1984 e 1985. Entre 1986 e 1992, concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome Trabalhadores rurais. De 1993 a 1999, voltou a sua atenção para o fenómeno global das migrações em massa, que resultou nos livros Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000.
Na introdução de Êxodos, escreveu:
"Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…".


Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem colaborado com organizações humanitárias, incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos Sem Fronteiras e a Amnistia Internacional.
Em 2013, publicou, juntamente com a sua mulher Lélia Wanick Salgado, Genesis, resultado de uma expedição de oito anos para redescobrir as montanhas, desertos e oceanos, os animais e os povos que até agora escaparam à marca da sociedade moderna - a terra e a vida de um planeta ainda intocado: das ilhas Galápagos à Antártida e ao Atlântico Sul; da Papua Ocidental ao Sudão; das comunidades de Sumatra, aos vulcões da África Central; do Grand Canyon ao Alasca.
«Cerca de 46% do planeta ainda é como era no tempo da génese [...] Temos que preservar o que existe», lembra Salgado.
Tendo dedicado tanto tempo, energia e paixão para a realização deste trabalho, Sebastião Salgado considera Genesis a sua "carta de amor para o planeta".





[Fotos retiradas de Google Images]







Dia Mundial Humanitário

Neste dia, também designado Dia Mundial da Ajuda Humanitária ou Dia da Memória dos Trabalhadores Humanitários, presta-se tributo e homenagem a todos os voluntários do mundo, bem como aos funcionários e trabalhadores humanitários das Nações Unidas que perderam a vida no exercício das suas missões, trabalhando na promoção da causa humanitária e apoiando as vítimas de conflitos armados. O objetivo da comemoração deste dia é também divulgar as obras realizadas pelas organizações humanitárias espalhadas pelo globo, apesar de todas as dificuldades vividas.

Em 2017, o tema da campanha das Nações Unidas para as comemorações do Dia Mundial Humanitário é #NotATarget: as populações civis não são um alvo, as crianças não são um alvo, os trabalhadores humanitários não são um alvo.



O Dia Mundial Humanitário foi decretado pela Assembleia Geral da ONU em sessão plenária em 11 de dezembro de 2008. O dia 19 de agosto foi escolhido em honra do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, designado como representante especial do Secretário Geral das Nações Unidas para o Iraque, e de outros 21 funcionários e colaboradores da ONU, mortos em Bagdade a 19 de agosto de 2003, durante um ataque contra o Hotel Canal, a sede da ONU no Iraque. Neste ataque, até então o mais violento realizado contra uma missão civil das Nações Unidas e reivindicado pela organização terrorista Al Qaeda, que assumiu que Sérgio Vieira de Mello era o alvo principal do atentado, ficaram ainda feridas mais de 150 pessoas.


Todos os anos ocorrem ataques a trabalhadores humanitários. Em 2015, por exemplo, e de acordo com relatórios da AMI (Assistência Médica Internacional), registaram-se 148 ataques, que provocaram 287 vítimas. Destas, 176 trabalhavam para Organizações Não-Governamentais, tendo sido os trabalhadores locais os mais visados, pois a maior capacidade de movimentação por parte de equipas de nacionalidade local em zonas de conflito, assim como um menor investimento e rigor nas medidas de segurança aplicadas a estes elementos, transformam-nos, por negligência, em alvos mais fáceis e vulneráveis. Por este motivo, a ONU chama a atenção para a necessidade de harmonização de políticas, de práticas e de responsabilização, relativamente à segurança dos trabalhadores humanitários enquanto grupo, sem distinção entre nacionalidades e funções, defendendo o investimento na redução da vulnerabilidade dos trabalhadores humanitários locais, agentes fundamentais para garantir a sobrevivência e dignidade das populações que apoiam.

Mensagem de António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, para as comemorações do Dia Mundial Humanitário de 2017:


Ligações úteis para saber mais sobre o Dia Mundial Humanitário e as missões dos trabalhadores humanitários:





Sérgio Vieira de Mello


Sérgio Vieira de Mello nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1948, estudou na Universidade de Paris (Sorbonne), onde obteve a licenciatura e o mestrado para o ensino em filosofia, em 1969 e 1970, respetivamente. Durante os quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello prosseguiu os estudos de filosofia na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne), ao fim dos quais obteve um doutoramento do terceiro ciclo e, em 1985, o doutoramento de estado em letras e ciências humanas, com a tese Civitas Maxima.
Entre 1969 e 2003, foi funcionário da Organização das Nações Unidas.
A maior parte do seu trabalho decorreu no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, ou ACNUR, em português), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: no Bangladesh, durante a guerra da independência, em 1971; no Sudão e em Chipre, após a invasão turca de 1974; em Moçambique, durante a guerra civil que se seguiu à independência do país, em 1975; e ainda no Peru.
Em 1981 foi nomeado conselheiro político sénior das forças da ONU no Líbano, após o que desempenhou diversas funções importantes, no UNHCR, de 1983 a 1991. Foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceânia e diretor da Divisão de Relações Externas.
Entre 1991 e 1996 foi enviado especial do Alto Comissariado ao Camboja, como diretor do repatriamento da Autoridade da ONU de Transição no Camboja (U.N. Transitional Authority in Cambodia, UNTAC), tendo sido o primeiro e único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho. Foi diretor da United Nations Protection Force (UNPROFOR), a primeira força de paz na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, durante as guerras da Jugoslávia. Foi também coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos.
Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, antes de ser enviado para Nova Iorque, em janeiro de 1998, como Secretário-geral-adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
De novembro de 1999 a maio de 2002, exerceu o cargo de administrador de transição da ONU em Timor-Leste, mostrando-se sempre inflexível nas denúncias dos crimes cometidos pela Indonésia. Sérgio Vieira de Mello e a ONU deixaram Timor-Leste em 2002 com um presidente eleito por voto livre, Xanana Gusmão, e uma situação de paz estabilizada.


Em 12 de setembro de 2002, foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Sérgio Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Em maio de 2003, o próprio Kofi Annan nomeou-o como seu representante especial no Iraque, onde acabou por morrer durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um camião-bomba. O hotel era usado como sede da ONU em Bagdade havia mais de uma década.
Para muita gente, Sérgio Vieira de Mello era a personificação daquilo que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.
Sérgio Vieira de Mello foi sepultado no cemitério de Plainpalais (Cimetière des Rois), em Genebra.


Alguns meses após o atentado de Bagdade, a ONU realizou uma homenagem póstuma, entregando o Prémio de Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que foi considerado um dos mais importantes funcionários da organização.
O legado de Sérgio Vieira de Mello está ainda vivo através da Fundação que tem o seu nome e que foi criada em Genebra (Suiça), por iniciativa de um grupo de colegas, amigos e familiares, com o objetivo de prosseguir a sua missão, dedicando-se à promoção do diálogo para a resolução pacífica de conflitos através de:
  • Atribuição anual do Prémio Sérgio Vieira de Mello a pessoas, instituições ou comunidades que, pelo seu trabalho excecional, propiciam a reconciliação dos povos divididos por conflitos.
  • Realização da Conferência Anual em Memória de Sérgio Vieira de Mello, em parceria com o Institut des Hautes Etudes Internationales et du Développement (HEID), por volta do dia 15 de março, data do seu aniversário.
  • Bolsa Sérgio Vieira de Mello atribuída a jovens cujas famílias foram vítimas de crise humanitária decorrente de conflito armado.
  • Apoio a iniciativas e esforços em favor da reconciliação e da coexistência pacífica entre pessoas ou comunidades em conflito.
  • Manifestos em favor dos trabalhadores humanitários, qualquer que seja o seu empregador ou local de atuação.

Entretanto, Timor-Leste criou o Prémio de Direitos Humanos "Sérgio Vieira de Mello", destinado a reconhecer e a destacar a atividade de cidadãos timorenses e estrangeiros, de organizações governamentais e não governamentais, na promoção, defesa e divulgação dos Direitos Humanos em Timor-Leste.

Ligações úteis para saber mais sobre Sérgio Vieira de Mello:










sábado, 12 de agosto de 2017

Dia Internacional da Juventude


O Dia Internacional da Juventude é celebrado a 12 de agosto. Este dia foi escolhido durante a Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizada em agosto de 1998, em Lisboa.
A ONU define como jovens todas as pessoas com idades entre os 15 e os 24 anos. Estima-se que existam cerca de 1,2 mil milhões de jovens no mundo, representando 18% da população global. 87% dos jovens vivem em países em desenvolvimento enfrentando desafios trazidos pelo acesso limitado a recursos, cuidados de saúde, educação ou emprego.

Em 2017, a ONU escolheu o tema “Youth Building Peace” para as comemorações do Dia Internacional da Juventude, realçando o contributo das gerações jovens para a prevenção de conflitos, para a inclusão e para a construção da justiça social e de uma paz sustentável.

Programa Mundial de Ação para a Juventude (ONU):






quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Dia Internacional dos Povos Indígenas


Em 9 de agosto de 1982, na primeira reunião do grupo de trabalho das Nações Unidas sobre Povos Indígenas, pela primeira vez um índio chegou à sede da ONU, em Genebra, na Suíça, para reclamar e garantir os seus direitos, até ali marginalizados, e assegurar condições dignas de vida.
Em 1994, para comemorar este feito, a ONU instituiu o dia 9 de agosto como o Dia Internacional dos Povos Indígenas, com o objetivo de promover e proteger os direitos das populações indígenas espalhadas pelo mundo inteiro. É também um agradecimento aos povos indígenas pelo seu contributo para a proteção ambiental e um convite à participação da população em ações educacionais e de divulgação das culturas indígenas.
Em 2007, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Questões como os impactos sofridos por estes povos, o incentivo à preservação da sua cultura pelo mundo, bem como do seu património cultural e histórico começaram a ser amplamente discutidas.

“Os povos e pessoas indígenas são livres e iguais a todos os demais povos e indivíduos e têm o direito de não serem submetidos a nenhuma forma de discriminação no exercício de seus direitos, que esteja fundada, em particular, em sua origem ou identidade indígena.” (Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Artigo 2)

É importante ressalvar, no entanto, que muitos dos direitos destes povos não são ainda devidamente cumpridos em todo o mundo.
Estima-se que existem cerca de 370 milhões de pessoas indígenas no mundo, distribuídas por 90 países. Pobreza, violência e discriminação marcam a vida destes povos. Segundo relatórios da ONU, nos EUA, por exemplo, um índio é 600 vezes mais suscetível de contrair tuberculose do que outro cidadão do país; na Austrália, a esperança de vida dos aborígenes é 20 anos inferior à da restante da população do país; no Brasil, são frequentes os atentados aos territórios indígenas, o que conduz à erradicação de muitas etnias e troncos linguísticos; 50% dos índios adultos do mundo sofrem de diabetes tipo 2.
Mais do que uma celebração, o Dia Internacional dos Povos Indígenas pretende o reconhecimento dos desafios colocados aos índios até aos dias de hoje. Muitas vezes marginalizados, os povos indígenas encontram neste dia uma oportunidade para serem ouvidos.
Muito ainda deve ser feito para garantir condições de vida adequadas a esses povos. A pobreza, a violência e, principalmente, a discriminação devem ser amplamente combatidas. Existe ainda uma carga de muitos séculos de preconceito, violência e indiferença que os povos indígenas suportam. A garantia dos seus direitos, afirmados nos 46 artigos da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, parece muito longe da realidade. Em muitas sociedades, as suas línguas, religiões e tradições culturais são ainda estigmatizadas e rejeitadas.
Em 2107, o tema escolhido pelas Nações Unidas para assinalar o Dia Internacional dos Povos Indígenas é a comemoração do 10º aniversário da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.






Para conhecer esta Declaração, clique em

http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf

(versão em português do Brasil)

domingo, 6 de agosto de 2017

Dia de Hiroshima



A 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, uma cidade portuária no oeste do Japão e uma importante base militar japonesa, acordou para o horror com o lançamento da primeira bomba atómica sobre alvos civis: a bomba atómica de urânio, apelidada de “Little Boy”, saída do bombardeiro B-29 norte-americano “Enola Gay” (nome que prestava homenagem à mãe do piloto do avião).


A 9 de agosto, a aviação norteamericana lançou uma segunda bomba nuclear, desta vez de plutónio (“Fat Man”), sobre a cidade de Nagasaki, também no Japão.
[Nagasaki foi fundada por navegadores portugueses em 1570. No local onde havia uma pequena vila de pescadores, os portugueses criaram um centro comercial que durante muitos anos foi a porta do Japão para o mundo, um porto comercial para os ingleses, holandeses, coreanos e chineses. Apesar de, em 1637, devido a uma grande reação interna, os portugueses terem sido expulsos, a cidade manteve-se como um centro de influência portuguesa e durante várias décadas foi considerada a capital do catolicismo no Japão. Em 2007, as igrejas e outros sítios cristãos da cidade foram inscritos na lista de candidatos a Património Mundial da UNESCO. Em 2016, o realizador norteamericano Martin Scorsese dirigiu a adaptação cinematográfica do livro Silêncio, do escritor japonês Shusaku Endo, que acompanha o drama vivido pelos jesuítas portugueses que, no século XVII, enfrentam a violência e perseguição do governo japonês que deseja expurgar o país de todas as influências externas e os obriga à apostasia.]


Os efeitos das explosões mataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e entre 60 mil e 80 mil em Nagasaki; cerca de metade destas mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia. Durante os meses seguintes, várias pessoas morreram de queimaduras, envenenamento radioativo ou em consequência de outras lesões, que foram agravadas pelos efeitos da radiação. Em ambas as cidades, a maioria dos mortos era civil.
Dos 90 000 edifícios de Hiroshima, restaram 28 000. De 200 médicos na cidade, só 20 sobreviveram.
Os bombardeamentos atómicos destas cidades japonesas foram realizados pelos Estados Unidos contra o Império do Japão na fase final da Segunda Guerra Mundial. A guerra na Europa terminara em 8 de maio de 1945, quando a Alemanha assinou o acordo de rendição, mas a Guerra do Pacífico continuou. Juntamente com o Reino Unido e a China, os Estados Unidos pediram a rendição incondicional das forças armadas japonesas na Declaração de Potsdam, em 26 de julho de 1945, ameaçando uma "destruição rápida e total".
Em 15 de agosto, o Japão anunciou a sua rendição aos Aliados, o que viria a acontecer em 2 de setembro, com a assinatura do acordo de rendição pelo governo japonês, encerrando a Segunda Guerra Mundial.
O papel dos bombardeamentos na rendição do Japão e a sua justificação ética ainda hoje são pontos debatidos entre políticos e académicos e pela opinião pública internacional. Para muitos, o facto de a Guerra estar nos seus momentos finais e, sobretudo, o facto de os Aliados estarem já reunidos na Conferência de Paz de Potsdam, na Alemanha, retira qualquer justificação política ou mesmo militar para esta “agressão” norteamericana.
Não esqueçamos, contudo, que o fim da Segunda Guerra Mundial anunciava já o período que viria a ser conhecido por “Guerra Fria”, período marcado pela oposição político-ideológica entre os Estados Unidos e a União Soviética e pelos afrontamentos militares entre estas duas superpotências e os respetivos aliados, o que leva alguns historiadores a interpretarem o lançamento das duas bombas atómicas sobre o Japão como uma demonstração da força nuclear norteamericana perante os soviéticos.

Todos os anos, no dia 6 de agosto, a população de Hiroshima recorda as vítimas e os sobreviventes da bomba nuclear. Os sinos da cidade tocam às 8h15 (hora do lançamento de “Little Boy”) e a população faz silêncio em memória das vítimas. Também são lançados pombas, símbolos da paz, e são contados relatos de sobreviventes, entre outras iniciativas.