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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Concurso Dia Internacional da Matemática



Ganha bilhete para o Rock in Rio

Durante a 40.ª Assembleia Geral, a UNESCO proclamou o dia 14 de março como  o Dia Internacional da Matemática. A primeira celebração oficial terá lugar no dia 14 de março de 2020.
Com o mote "A Matemática está em toda a parte", faz um vídeo original com o máximo de 1 minuto, onde mostras onde está a matemática e a tua CASIO.

Ver regras em:


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A árvore do cidadão



"A turma 8.º A, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, a pedido da professora Vera Jorge, elaborou o cartaz "A Árvore do Cidadão", relacionado com o tema dos Direitos Humanos.
Este trabalho permitiu-nos conhecer melhor o que são os direitos e os deveres dos cidadãos e, como foi uma atividade construída por todos os elementos da turma, permitiu-nos perceber a importância do trabalho colaborativo nas sociedades."
Mariana Costa, n.º 18
8.º A

Trabalhos realizados pelos alunos do 11.º A sobre Evolução
































Lenço dos namorados – uma tradição de amor à portuguesa


A declaração de amor das mulheres do Minho

A origem da tradição dos “lenços dos Namorados”, também conhecidos como "Lenços de Pedidos", “Lenços marcados”, “Lenços bordados” ou “Lenços de amor", remonta provavelmente ao século XVII, quando as Senhoras do Minho bordavam para passar tempo. Ao longo dos tempos, foram sendo adaptados pelas mulheres do povo.
Considerada a mais genuína forma poética e artística utilizada pelas raparigas do Minho em idade de casar, o “Lenço dos Namorados” era uma peça de artesanato, um quadrado fabricado a partir de um pano de linho fino ou de um lenço de algodão que a jovem bordava a seu gosto, e fazia parte do traje típico feminino do Minho, usado por mulheres em idade de casar.
Nos lenços, para além de desenhos, eram bordados versos, numa língua idêntica ao galaico-português.




No início, estes lenços faziam parte do vestuário feminino e tinham apenas uma função decorativa. Com o tempo, passaram a ser usados como um ritual de conquista. Depois de bordado, o lenço acabaria por chegar à posse do rapaz amado e era em conformidade com a atitude de este o usar publicamente, ou não, que se decidia o namoro: se o usasse, geralmente por cima do seu casaco domingueiro, ao pescoço com o nó voltado para a frente, na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau, significava que tinha dado início a uma relação; se o rapaz não usasse o lenço publicamente, era sinal que tinha decidido não dar início à ligação amorosa e o lenço voltaria às mãos da rapariga. Se por acaso ele aceitasse, mas, mais tarde, trocasse de namorada, fazia chegar o lenço à sua antiga pretendida (ou "conversada"), bem como outros objetos que lhe pertencessem, como fotografias ou cartas.




Vai lenço feliz boando
nas azas de um passarinho
se encontrares o meu amor
dale por mim um beijinho

Aqui tens o meu coração
E a chabe pró abrir
Num tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Mulheres Cientistas



No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, prestamos homenagem e apresentamos algumas mulheres que se tornaram grandes cientistas. 



Elizabeth Blackwell
(1821 — 1910)
Física americana que se tornou conhecida por ser a primeira mulher a praticar medicina nos Estados Unidos. Fundou a Universidade Médica da Mulher.




Marie Curie
(1867 — 1934)
Cientista e física polaca naturalizada francesa, conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade. As suas descobertas incluem a teoria da radioatividade (termo que ela mesma cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polónio e o rádio.
Em 1903 recebeu o Prémio Nobel de Física Marie, dividido com o seu marido Pierre Curie e o físico Henri Becquerel, sendo a primeira mulher a ser laureada com um Prémio Nobel. Em 1911, recebeu o Nobel de Química, tornando-se a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prémio duas vezes.




Emmy Noether
(1882 — 1935)
Física e matemática alemã, realizou importantes pesquisas sobre a Teoria dos Anéis e Álgebra Abstrata. Elaborou o Teorema de Noether, que explica as relações entre simetria e as leis de conservação da física teórica.




Ida Noddack
(1896 — 1978)
Química alemã, teve importante papel na descoberta do elemento Rénio. Foi a primeira cientista a propor a ideia de fissão nuclear.




Cecilia Payne-Gaposchkin
(1900 — 1979)
Astrónoma inglesa, descobriu que as estrelas são compostas principalmente de Hidrogénio e Hélio. Estabeleceu uma classificação para os astros de acordo com as suas temperaturas.






Mária Telkes
(1900 — 1995)
Biofísica húngara, realizou pesquisas sobre energia solar. Inventou o gerador e o refrigerador termoelétricos.




Barbara McClintock
(1902 — 1992)
Cientista e citogeneticista americana, recebeu o Prémio Nobel de Fisiologia/ Medicina de 1983 pela descoberta da transposição genética.





Maria Göppert-Mayer
(1906 — 1972)
Física teórica alemã naturalizada americana, ganhou o Prémio Nobel de Física em 1963 pelas suas pesquisas sobre a estrutura do átomo. A seguir a Marie Curie, foi a segunda mulher a ser laureada nesta categoria do Nobel.




Rachel Carson
(1907 — 1967)
Bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista norte-americana, ajudou a lançar a consciência ambiental moderna em todo o mundo e interessou-se pela conservação ambiental, analisando especialmente problemas que ela acreditava serem causados por pesticidas sintéticos.




Rita Levi-Montalcini
(1909 — 2012)
Neurologista italiana que recebeu o Prémio Nobel de Fisiologia/ Medicina de 1986 pela descoberta de uma substância do corpo que estimula e influencia o crescimento de células nervosas, possibilitando ampliar os conhecimentos sobre o mal de Alzheimer e a doença de Huntington.




Gertrude Elion
(1918 — 1999)
Bioquímica e farmacêutica britânica, recebeu o Prémio Nobel de Fisiologia/Medicina de 1988 pela descoberta de novos princípios na criação e aplicação de medicamentos.




Rosalind Franklin
(1920 — 1958)
Biofísica britânica, foi pioneira em pesquisas de biologia molecular. Ficou conhecida pelo seu trabalho sobre a difração dos Raios-X; descobriu o formato helicoidal do DNA.




Mathilde Krim
(1926 — 2018)
Citogeneticista italiana, realizou diversos estudos sobre vírus causadores do cancro. Foi a responsável pela fundação da Aids Medical Foundation em 1982, que se tornou a amFar (The Foundation for Aids Research), a principal instituição de pesquisa sobre a síndrome em todo o mundo.




Jane Goodall
(1934 — presente)
Primatologista e etóloga britânica, conhecida em todo o mundo pelas suas pesquisas sobre chimpanzés. Estudou a vida social e familiar dos chimpanzés (Pan troglodytes) em Gombe, Tanzânia, ao longo de 40 anos.




Christiane Nusslein-Volhard
(1942 — presente)
Bióloga alemã, recebeu o Prémio Nobel de Fisiologia/Medicina de 1995 pelas suas pesquisas sobre genética embrionária.

Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência




O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência foi aprovado pela Assembleia das Nações Unidas em 22 de dezembro de 2015, através da Resolução A/RES/70/212, para promover o acesso integral e igualitário da participação das mulheres e meninas na ciência. Este dia pretende chamar a atenção para o papel fundamental que as mulheres e as meninas desempenham nas comunidades científicas e tecnológicas, em prol do seu acesso e participação plena e igualitária na ciência.

De acordo com dados da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, atualmente, menos de 30% dos pesquisadores em todo o mundo são mulheres e que apenas cerca de 30% de todas as alunas selecionam no ensino superior áreas relacionadas com a ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Na sua mensagem para este dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que 

"A ciência é uma disciplina de cooperação.
No entanto, a ciência tem sido contida por uma lacuna de género.
Meninas e meninos têm um bom desempenho em ciências e matemática, mas apenas uma fração das estudantes no ensino superior optam pelas ciências.
Para enfrentar os desafios do século XXI, precisamos de aproveitar todo o nosso potencial.
Isto requer desmantelar estereótipos de género.
Isto significa apoiar carreiras de mulheres cientistas e pesquisadoras.
Os Princípios de Empoderamento das Mulheres, desenvolvidos pela ONU Mulheres, oferecem orientação para empresas e outras partes.
Neste ano, no qual marcamos o 25º aniversário da Declaração de Pequim e Plataforma para Ação, vamos promover, com urgência renovada, o acesso de meninas e mulheres à educação científica, treino e empregos nessa área.
Neste Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, vamos comprometer-nos a acabar com o desequilíbrio de género na ciência."

(https://www.un.org/en/observances/women-and-girls-in-science-day/Messages)


(foto: ONU Mulheres Vietname/ Pham Quoc Hung)


Na sua declaração para o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência 2020, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, afirmou que “a ciência e a inovação podem trazer benefícios que mudam a vida, especialmente para aqueles que são os mais deixados para trás, como mulheres e meninas que vivem em áreas remotas, idosos e pessoas com deficiência.”


Phumzile Mlambo-Ngcuka (www.onumulheres.org.)

Mlambo-Ngcuka lembrou ainda que “a ciência também será essencial para o trabalho decente e empregos do futuro, inclusive na economia verde, e poderá criar um mercado para as ideias e produtos inovadores das mulheres.”
Para a chefe da ONU Mulheres, é preciso quebrar os estereótipos de género que ligam a ciência à masculinidade e expor as gerações jovens a modelos positivos de engenheiras, astronautas e pesquisadores.


Dia da Internet Mais Segura 2020



O Dia da Internet Segura, assinalado este ano no dia 11 de fevereiro, visa a criação de uma Internet melhor para todos, especialmente para os utilizadores mais jovens.
O tema de 2020 do Dia da Internet Segura é "Juntos por uma Internet melhor".
Considerando que a Internet também abre portas a um conjunto de riscos para os seus utilizadores (especialmente para os mais vulneráveis, como por exemplo as crianças) e para os quais é importante estarmos atentos, tais como o ciberbullying, desinformação e a exposição a conteúdos inapropriados, o Dia da Internet Mais Segura, através de iniciativas organizadas em mais de 150 países, tem como objetivo promover a utilização consciente e responsável, crítica e criativa das tecnologias, especialmente entre as crianças e os jovens, e sensibilizar todos os que com eles trabalham e lidam a desempenharem o seu papel para a criação de uma Internet melhor.

Vamos todos criar, juntos, uma Internet melhor!




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

"O silêncio das lágrimas", sugestão de leitura no Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina



Fauziya Kassindja nasceu em 1977 no Togo, África. Em 1998, publicou Do They Hear You When You Cry? (com tradução portuguesa pela Bertrand Editora, sob o título O silêncio das lágrimas), uma história autobiográfica sobre a sua fuga ao ritual da mutilação genital feminina e a um casamento forçado.
Oriunda de uma família privilegiada económica e culturalmente, com uma infância protegida pelo pai progressista que rejeitava a prática tribal da poligamia e da mutilação genital feminina, a Kakia, Fauziya Kassindja viu a sua vida completamente alterada com a morte do pai, quando tinha 16 anos, e as leis tribais atiraram para as mãos do tio mais velho, muçulmano ortodoxo, o destino da família. O tio retirou Fauziya da escola e forçou-a a casar com um homem de 45 anos que mal conhecia, já possuía três mulheres e insistia no ritual tribal da Kakia – prática realizada sem anestesia e sem antibióticos. No entanto, horas antes da cerimónia, Fauziya conseguiu fugir, ajudada por uma irmã: apanhou um avião para a Alemanha, onde obteve um passaporte falso, e daí conseguiu seguir para os Estados Unidos, onde imediatamente informou as autoridades que os seus documentos eram falsos e que pretendia obter asilo. Ao contrário do que esperava, Fauziya foi detida pelos Serviços da Imigração norte americanos, algemada, agrilhoada e trancada durante dezoito meses em diversas instalações dos serviços prisionais norte-americanos. A família contratou então uma jovem estudante de Direito, Layli Miller Bashir, que se entregou de corpo e alma à defesa deste caso. A 13 de junho de 1996, o asilo foi concedido a Fauziya Kassindja, abrindo o precedente para a concessão, pelos Estados Unidos, de asilo baseado na fuga à mutilação genital feminina.


Fauziya Kassindja

A menina do Togo nunca foi cortada. Conseguiu intuir a dor, a humilhação e o sofrimento. Mas só depois de ver a ferida numa amiga, já nos Estados Unidos, percebeu a importância de ter escapado das lâminas, bocados de vidro e facas mal afiadas e ficou a saber que o resto do mundo dera à misteriosa Kakia um nome muito mais violento porque muito mais real: mutilação genital feminina.
Por tradição, a mutilação é feita por mulheres da aldeia que se especializaram no uso de lâminas, bocados de vidro ou facas mal afiadas, que não são desinfetados antes de voltarem a ser usados. Nem há anestesia.
Por ano, morrem milhares de mulheres: esvaem-se em sangue, sucumbem a partos, apodrecem com infeções. Ao contrário de Fauziya, a maior parte das mulheres que são submetidas à mutilação genital têm menos de 14 anos, são iletradas e vivem numa pobreza extrema. Não só não têm forma de a evitar como, muitas vezes e apesar do medo, não querem viver com o estigma de ser diferentes das outras.

O livro O silêncio das lágrimas é escrito em coautoria com Layli Miller Bashir, hoje advogada na cidade de Washington e que entretanto fundou o Centro de Justiça Tahirih, onde dá apoio e assistência às mulheres vítimas de abuso dos seus direitos humanos.


Fauziya Kassindja e Layli Miller Bashir

Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina



No Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, assinalado a 6 de fevereiro, a Organização das Nações Unidas reafirma o seu compromisso em acabar com esta “violação dos direitos humanos.”
A Mutilação Genital Feminina (MGF) refere-se a todos os procedimentos que envolvem a alteração ou ferimento dos órgãos genitais femininos por razões que não sejam médicas. É reconhecida internacionalmente como uma violação dos direitos humanos das meninas e mulheres e constitui uma ameaça para a sua saúde, bem-estar e autoestima, pondo muitas vezes em risco a própria vida.
Esta prática, ainda presente em diversos países e culturas, realiza-se geralmente quando as vítimas são crianças ou jovens, por vontade da família e do grupo social onde vivem ou de onde são originárias (no caso das famílias migrantes). São diversas as razões que motivam a persistência da MGF, podendo destacar-se razões sociais, estéticas, religiosas, sexuais e económicas (as pessoas que executam este ritual auferem rendimentos que garantem o seu sustento).
As Nações Unidas estimam que, no mundo inteiro, pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres tenham sido vítimas de MGF e que a cada ano há quase 4 milhões de meninas a mais em risco, vítimas de “um dos atos mais desumanos de violência baseada em género no mundo.”
Na União Europeia, 500 mil mulheres já terão sido excisadas e 180 mil estão em risco a cada ano que passa.

Este ano, o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, por iniciativa da ONU e das suas agências, como a OMS, a UNICEF ou o Fundo das Nações Unidas para a População, apela à mobilização dos jovens para a eliminação de práticas prejudiciais, incluindo a MGF. Estas agências.
Na sua mensagem especial para este dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, chama precisamente a atenção para o poder que as gerações jovens têm em fazer ouvir as suas vozes contra esta prática
(cf. https://www.un.org/sg/en/content/sg/statement/2020-02-06/secretary-generals-message-the-international-day-of-zero-tolerance-for-female-genital-mutilation).

Já em 2019, António Guterres destacava que a MGF “está enraizada nas desigualdades de género e nos desequilíbrios de poder” e, por sua vez, contribui para mantê-las, porque limita as oportunidades de mulheres e meninas de realizar seus direitos e seu pleno potencial.” 
(https://news.un.org/pt/story/2019/02/1658551)

As agências da ONU, que trabalham em 17 países africanos para garantir que mulheres e meninas não sofram mais com este procedimento, alertam para o facto de a MGF ser uma “violação dos direitos das mulheres à saúde sexual e reprodutiva, integridade física, não-discriminação e liberdade de tratamento cruel ou degradante”, uma prática nefasta que constitui uma “violação da ética médica.”
A mutilação genital feminina leva a consequências físicas, psicológicas e sociais a longo prazo.

A OMS revela que os custos totais do tratamento dos impactos da MGF na saúde ascenderiam a 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) por ano, a nível mundial. Além dos custos económicos, a MGF representa vários riscos para as mulheres e meninas sujeitas a este procedimento, seja imediatamente após o corte – como infeções, hemorragias ou traumas psicológicos – ou a nível crónico através de problemas que podem ocorrer ao longo da vida.
As mulheres sujeitas à MGF têm mais probabilidades de risco de vida durante o parto, além de poderem vir a sofrer de distúrbios ao nível da saúde mental.
Devido a este procedimento, estas mulheres e meninas ficam em risco de ter dores ou problemas quando menstruam, urinam ou têm relações sexuais.
Com a assinatura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, os países firmaram o compromisso de erradicar o procedimento até 2030. Essa meta faz parte do ODS 5, sobre igualdade de género, e envolve também o fim do casamento infantil. Promover o fim da prática depende do diálogo com as comunidades, focando nos direitos humanos e na igualdade de género.

Portugal

Em Portugal, a Mutilação Genital Feminina nunca teve grande expressão. A cada ano, a identificação em território nacional de mulheres ou crianças sujeitas a essa prática andou sempre por volta da meia centena, com altos e baixos pouco pronunciáveis, subindo e descendo sem uma tendência certa.
No nosso país, a MGF é crime autónomo desde 2015, conforme artigo 144º A do Código Penal, cuja pena aplicável é de prisão de dois a dez anos. A legislação portuguesa permite a adoção de medidas que protejam as meninas ou mulheres que estejam em risco de serem levadas para outros países de forma a serem submetidas à prática da MGF.
Em 2019, registaram-se Portugal 129 casos de mutilação genital feminina, número que duplicou em relação ao ano anterior (64 casos em 2018), representando uma subida de 101%. No entanto, mais do que um aumento da prática, terá havido uma maior capacidade de deteção de casos (novos e antigos) por profissionais de saúde, educação, forças de segurança e segurança social, que durante o último ano tiveram formação específica no âmbito do projeto "Práticas Saudáveis – Fim à Mutilação Genital Feminina", coordenado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e que visou desencobrir a dimensão do fenómeno com trabalho de proximidade nas zonas de maior prevalência e formação de profissionais de saúde, educação, forças de segurança e segurança social.
“O trabalho de prevenção da MGF em Portugal ganhou muita força nos últimos anos. O nosso Código Penal reconhece esta prática como crime desde 2015, mas sabemos que a criminalização não basta e por isso temos envolvido todos os setores da sociedade no trabalho de terreno – hospitais, escolas, autarquias, líderes religiosos, entre outros", explicou ao jornal Expresso a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que garante "existirem cada vez mais pessoas conscientes e empenhadas neste desígnio coletivo". (in https://expresso.pt/sociedade/2020-02-06-Portugal-registou-129-casos-de-mutilacao-genital-em-2019)
A formação e sensibilização para a erradicação da MGF estende-se ainda a professores, técnicos da Segurança Social, elementos das forças de segurança, funcionários das autarquias visadas ou lideranças religiosas, num total de mais de 5600 pessoas abrangidas em 2019.
Para reforçar essa vertente formativa, hoje, 6 de fevereiro de 2020, vai também ser apresentada mais uma pós-graduação em MGT, na Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa.