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sábado, 26 de setembro de 2020

Dia Europeu das Línguas

 


Em 2001 celebrou-se pela primeira vez o Ano Europeu das Línguas (AEL), por iniciativa conjunta do Conselho da Europa e da Comissão Europeia, visando celebrar e preservar a diversidade linguística como uma riqueza do património comum da Europa. Foi ainda objetivo de AEL-2001 promover o multilinguismo e motivar os cidadãos europeus para a aprendizagem de línguas. Considerando que as competências linguísticas são essenciais para garantir a equidade e a integração, o dia 26 de setembro foi instituído como o Dia Europeu das Línguas (DEL). 

Na União Europeia, existem 24 línguas oficiais e, entre línguas nacionais, regionais e dialetos, são mais de 60 as línguas faladas nos 50 países da Europa, às quais se podem juntar as oriundas de todo o mundo e faladas por todos os que escolheram viver, estudar e trabalhar na Europa, tornando este continente ainda mais rico em termos culturais, sociais, linguísticos.

Num tempo de crescente mobilidade, globalização da economia e tendências económicas em constante mudança, é mais óbvia do que nunca a necessidade de aprender línguas e desenvolver uma competência plurilingue e intercultural.

Este ano, em contexto de combate à pandemia COVID-19, o Dia Europeu das Línguas está a ser assinalado de forma virtual, para proteção de todos.

“Queremos promover o plurilinguismo. Aprender línguas é descobrir novas visões do mundo. Aprender línguas é transformar o inaudível em percetível, o estrangeiro em parceiro. Permite criar bases para a intercompreensão e o compromisso, para valores comuns de cidadania.

Aprender línguas dá acesso à diversidade e à subtileza das artes em todos os seus aspetos. Abre também horizontes académicos e profissionais, dentro ou fora do país de origem. Cria oportunidades.” (*)

(*) Declaração da Presidência e vice-presidência da EUNIC Portugal [EUNIC - European Union National Institutes for Culture, rede constituída pelos Institutos Nacionais de Cultura da União Europeia, da qual O Instituto Camões, I.P., é membro fundador; esta rede foi criada em 2006, com o objetivo de promover a cooperação cultural, através do estabelecimento de parcerias entre os profissionais do setor cultural, educativo e outros, e tendo em vista um maior entendimento da diversidade cultural e linguística europeias]

Mais informações no sítio oficial da União Europeia em Portugal

https://ec.europa.eu/portugal/

https://ec.europa.eu/portugal/events/edlangs-portugal-2020_pt

e no Facebook da EUNIC e da Representação da Comissão Europeia em Portugal

https://www.facebook.com/eunicportugal/


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Lev Tolstói - autor do mês de setembro

 


“Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”

Lev Tolstoi, Anna Karenina.


O escritor russo Liev Nikoláievich Tolstói, mais conhecido em português como Leão, Leon, Leo ou Lev Tolstói, nasceu em 9 de setembro de 1828, em Yasnaya Polyana, uma propriedade familiar localizada a 12 quilómetros do sudoeste de Tula e a 200 quilómetros a sul de Moscovo, no então Império Russo, e morreu a 20 de novembro de 1910, de pneumonia, na estação ferroviária de Astapovo, na cidade russa de Riazan.

Oriundo da aristocracia russa (o pai era o Conde Nikolai Ilyich Tolstoy e a mãe a Condessa Mariya Tolstaya), a participação na Guerra da Crimeia (1853-1856) e as viagens que empreendeu à Europa entre 1857 e 1860 foram muito marcantes para Tolstói. Em Paris, assistiu a uma execução pública, experiência que lhe foi traumática, e conheceu a obra de Victor Hugo. Estes acontecimentos e a visita que fez a Pierre-Joseph Proudhon, exikado na Bélgica, em março de 1861, influenciaram-no política e literariamente e terão contribuído para o transformar num “anarquista pacifista”.

Em 1851, depois de ter abandonado as Faculdades de Direito e de Letras na Universidade de Kazan e ter acumulado dívidas, Tolstói alistou-se no exército, na guarnição do Cáucaso.

As primeiras obras publicadas, Infância, Adolescência e Juventude (1852-1856), que compõem uma trilogia de pendor autobiográfico e que narram a história de um filho de um rico proprietário e a sua lenta perceção do abismo social que o separava dos seus camponeses assalariados, seguidas de Crónicas de Sebastopol (publicadas em 1855 e que retratam a sua experiência na Guerra da Crimeia), conferiram-lhe relevância literária quando ainda era muito jovem. No entanto, foram sobretudo os romances Guerra e Paz (1869) e Anna Karenina (1877) que o tornaram conhecido do grande público.

A obra de Tolstói inclui histórias curtas e várias novelas como A Morte de Ivan Ilitch (1886), Felicidade Conjugal (1859) e Hadji Murad (1912), além de algumas peças e diversos ensaios filosóficos e publicações não ficcionais, como A Confissão, de 1882, que descreve a profunda crise moral que o assolou durante a década de 1870, a que se seguiu o que considerou um despertar espiritual igualmente profundo, ou No que eu acredito, obra de 1884, onde confessou abertamente as suas crenças cristãs.

Através de um estilo ficcional realista, ficamos a conhecer a sociedade aristocrata russa em que viveu, embora sempre se tenha oposto à propriedade privada. A sua defesa do pacifismo (presente, por exemplo, na obra O Reino de Deus está dentro de vós, publicado em 1893) teve uma profunda influência no desenvolvimento do pensamento anarquista cristão e terá influenciado figuras como Gandhi, com quem se correspondeu entre 1909 e 1910.

Em 1862, Tolstói casou-se com Sophia Andreevna Behrs, filha de um médico da corte. Tiveram 13 filhos, oito dos quais chegaram à idade adulta.


Sophia e Lev Tolstói

O casamento, que proporcionou a Tolstói a liberdade e a estrutura familiar necessárias para poder escrever as suas obras, foi sempre atribulado e foi-se deteriorando à medida que o estilo de vida e as crenças de Tolstói se tornavam cada vez mais radicais. Renunciando à vida aristocrática, deixou a sua casa em outubro de 1910, às escondidas de Sophia. Depois de um dia inteiro de viagem, Tolstói morreu de pneumonia na estação ferroviária de Astapovo (o que lembra a morte da personagem principal de Anna Karenina). Segundo algumas fontes, passou as suas últimas horas de vida a pregar o amor e a não-violência aos passageiros do comboio.


Obras de Lev Tolstói na Biblioteca do ECB:








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O demónio branco

Um caso de consciência e a tortura da carne