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terça-feira, 14 de março de 2023

Dia Internacional da Matemática

 O Dia Internacional da Matemática celebra-se todos os anos, desde 2019, no dia 14 de março.

Até 2019, o dia 14 de março era conhecido mundialmente como o Dia do Pi. A data é escrita como 3/14 em alguns países e 3,14 é o valor aproximado de Pi.

O Dia Internacional da Matemática é uma iniciativa da União Internacional de Matemática, organização dedicada à cooperação internacional no domínio da Matemática, e teve o apoio de várias sociedades científicas, incluindo a SPM (Sociedade Portuguesa de Matemática) e a APM (Associação de Professores de Matemática).

Neste ano letivo, a maioria das turmas do 3.º Ciclo desenvolveu um DAC com o tema “Matemática para todos”, envolvendo as disciplinas de Matemática, TIC, EV e Português e como produto final enfeitaram a porta da sua sala de aula.



Para conheceres um pouco da história da Matemática através de uma aplicação interativa, clica no seguinte link: 

https://view.genial.ly/6207d5b7619270001168e2ca/interactive-content-historia-da-matematica-or-g500-ecb

quinta-feira, 2 de março de 2023

Natália Correia – autora do mês de março

 


Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, ilha de São Miguel, a 13 de setembro de 1923, e morreu em Lisboa, a 16 de março de 1993.

No ano em que se comemora o centenário do seu nascimento, recordamos este nome grande da literatura portuguesa, cuja obra percorreu vários géneros: poesia, romance, contos, ensaio, teatro, além da tradução e de colaborações com revistas e jornais nacionais e estrangeiros.

A viver em Lisboa desde os 11 anos, cidade onde inicia os estudos liceais, Natália Correia publicou a sua primeira obra em 1945, o romance infantil Grandes Aventuras de um Pequeno Herói. Depois de um segundo romance, Anoiteceu no Bairro, publicado em 1946, Natália Correia estreia-se na poesia, saindo em 1947, Rio de Nuvens. Afirma-se então como poetisa, como gostava de ser chamada: «...poetisa. Sim, chamar-lhe-ei poetisa. A homenagem que distingue o génio poético feminino com o prémio de lhe masculinizar o estro ultraja uma poesia que quer feminizar o mundo com a magia da sua claridade lunar» (do prefácio que escreveu à obra Diário do Último Ano, autobiografia de Florbela Espanca, publicada em 1981).

Até 1993, ano da sua morte, foram mais de 40 os títulos que deu à estampa, entre os quais se contam, além da poesia e do romance, antologias, ensaios, peças de teatro, o livro de viagens Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (1951) e o diário Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975), publicado em 1978.

Politicamente ativa e comprometida, com uma forte e polémica personalidade, livre de convenções sociais, ainda durante a ditadura do Estado Novo reunia na sua casa uma das mais vibrantes tertúlias de Lisboa, onde compareciam destacadas figuras das artes, das letras e da política (oposicionista), quer portuguesas, quer internacionais. Tomou parte ativa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas à Presidência da República de Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969), liderada por Mário Soares.

Em 1966, foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes. Em 1972, foi processada por ter tido a responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, processo que ficaria conhecido como Três Marias.

Após o 25 de abril, foi eleita Deputada à Assembleia da República nas listas do PSD, em 1980, passando mais tarde a deputada independente ao entrar em conflito com o que considerava serem posições conservadoras do partido em matérias de costumes, acabando por sair do PSD:

Em 1985, deu apoio ao Partido Renovador Democrático, do general Ramalho Eanes, onde acreditou ver uma alternativa de reformismo progressista para o país. Voltou então a ser deputada, por este partido, entre 1987 e 1991.

As suas intervenções ao nível da cultura e do património, e sobretudo na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres não deixavam ninguém indiferente.

Nos anos 80, tornou-se conhecida do grande público através do programa televisivo Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo, o matricismo, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.

Em 1981, Natália Correia foi condecorada como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e em 1991 foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Neste ano, recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos.

Natália Correia morreu em casa, na madrugada de 16 de Março de 1993, vítima de um ataque cardíaco. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo obras de arte e a sua biblioteca privada.

Foi sepultada originalmente no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e posteriormente trasladada para a ilha de São Miguel, nos Açores, em outubro de 2015.

 

Obra publicada

(*) presente no catálogo da Biblioteca do ECB

Poesia

Rio de Nuvens (poesia), 1947

Poemas (poesia), 1955

Dimensão Encontrada (poesia), 1957

Passaporte (poesia), 1958

Comunicação (poema dramático), 1959

Cântico do País Emerso (poesia), 1961

O Vinho e a Lira (Poesia), 1969

Mátria (Poesia), 1967

As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970

Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970

A Mosca Iluminada (Poesia), 1972

O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973

(*) Poemas a Rebate, (poemas censurados de livros anteriores) (poesia), 1975

Epístola aos Iamitas (poesia), 1976

O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979

(*) O Armistício (poesia), 1985

Sonetos Românticos (poesia), 1990; 1991

(*) O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993; 2000

Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993

Ficção

Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945

Anoiteceu no Bairro (romance), 1946; 2004

(*) A Madona (Romance), 1968; 2000

(*) A Ilha de Circe (romance), 1983; 2001

Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987

As Núpcias (romance), 1992

Literatura de viagens

Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951; 2002

Diário

Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975) (Diário), 1978; 2003

Teatro

Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro), em colab. com Manuel de Lima, 1952

O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957

D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999

O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965

O Encoberto (Teatro), 1969; 1977

Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981; 1991

(*) A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983; 1990

Ensaio

Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959

A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962

Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974

Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Mal-Dizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982

Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988; 2003

Antologias

Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade (Antologia), 1965; 2000

(*) Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970; 1998

O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973; 2002

A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973

Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982

A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982

A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000

Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003

A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004