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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

John Steinbeck - autor do mês de fevereiro

 


John Steinbeck, um dos mais importantes escritores norteamericanos do século XX, nasceu em Salinas, na Califórnia, em 1902, e faleceu em Nova Iorque, a 20 de dezembro de 1968, vítima de ataque cardíaco.

Oriundo de uma família com poucos recursos, embora o pai fosse um político influente, tesoureiro público, e a mãe professora, a economia agrícola da região onde nasceu e a crise social provocada pela Grande Depressão dos anos 30 marcaram a sua escrita, impregnada de uma forte consciência social, destacando, sobretudo, os problemas dos trabalhadores rurais.

Ainda muito jovem, por influência dos pais, leu Dostoievski, Milton, Flaubert e George Eliot. Em 1919 terminou o curso secundário em Salinas, ingressando no ano seguinte na Universidade de Stanford, situada em Palo Alto, Califórnia. Exerceu várias profissões para custear os estudos, mas não chegou a concluir nenhuma licenciatura. Começou a escrever ainda jovem e, em 1925, iniciava uma carreira como repórter no New York Journal American.

Estreou-se na literatura com a publicação de A Taça de Ouro (1929), biografia romanceada do corsário galês Henry Morgan, notabilizado pelos saques realizados no mar espanhol das Caraíbas, durante o século XVII. O pouco sucesso alcançado por esta primeira obra leva-o a regressar à Califórnia.

Apenas em 1935 alcançou o seu primeiro êxito, com O Milagre de São Francisco (Tortilla Flat, na edição original), um retrato das gentes de origem mexicana nos Estados Unidos da América, permitindo-lhe a popularidade deste romance consagrar-se em exclusivo à atividade da escrita.

O êxito seria confirmado, em 1937, com Ratos e Homens, uma novela sobre a amizade, sobre dignidade e sacrifício, mas também uma parábola implacável sobre o ruir do sonho americano, narrando a história de George e Lennie, dois amigos que vagueiam de herdade em herdade na Califórnia da Grande Depressão, numa sobrevivência sustentada por trabalhos precários.

Em 1939, publicaria aquela que, por muitos, é considerada a sua obra-prima, As Vinhas da Ira (The grapes of wrath, no original), um fresco notável sobre os efeitos da Grande Depressão dos anos 30 na vida das famílias de agricultores forçados a entregar as suas terras aos bancos e a partir à procura de outra vida. Em As Vinhas da Ira, acompanhamos a família Joad na sua longa migração de Oklahoma para a Califórnia.

Como já havia feito em Ratos e Homens, Steinbeck concebeu As Vinhas da Ira como uma forma de protesto social, criticando a exploração que percebeu no coração da economia agrícola americana. O livro venderia cerca de 10 000 exemplares por semana, ganhou o Prémio Pulitzer e foi adaptado ao cinema em 1940, pelo realizador John Ford e com Henry Fonda no papel principal.

Durante a Segunda Guerra Mundial foi correspondente na Grã-Bretanha e Mediterrâneo para o New York Herald Tribune. Os artigos que escreveu entre junho e dezembro de 1943, a partir de diferentes campos de batalha, foram depois publicados no livro Correspondente de Guerra, em 1958: dos navios de tropas em Inglaterra ao blitz de Londres, das lutas no Norte de África ao desembarque nas praias italianas, são relatos de um repórter com os pés e o coração no palco da ação, que come e bebe com os soldados atrás das linhas inimigas, que conversa com eles, que se lhes junta quando a luta eclode.

Entre as obras de John Steinbeck, destaca-se ainda o romance A Leste do Paraíso (1952), que nos apresenta algumas das suas personagens mais cativantes e reflete a sua visão da história da formação dos Estados Unidos, onde os solos férteis do vale de Salinas, a sua terra natal, são o cenário de um grande fresco histórico que acompanha os destinos de duas famílias, os Trask e os Hamilton, desde os dias da Guerra Civil Americana ao pós-Primeira Guerra Mundial.

O livro explora os temas da depravação, benevolência, amor, ódio e a luta para a aceitação, a grandeza e a capacidade de autodestruição. Aborda também o tema da culpa e da liberdade, entrelaçados com referências bíblicas e paralelos com o Livro do Génesis, em especial com a história da rivalidade destrutiva entre Caim e Abel (recriados nos irmãos Caleb e Aron Trask). O romance foi adaptado ao cinema por Elia Kazan, em 1955, contando com o mítico James Dean no seu primeiro papel de relevo, o de Cal Trask.

(James Dean, 1931-1955)

Em 1961, John Steinbeck publicou o seu último grande romance, O Inverno do Nosso Descontentamento, e decidiu empreender, com quase sessenta anos de idade, uma viagem de três meses por quarenta estados norte-americanos, numa autocaravana, acompanhado do seu cão Charley. Em 1962, publicou Viagens com o Charley (Travels With Charley in Search of America, no original), recebendo nesse ano o Prémio Nobel da Literatura.



Obras de John Steinbeck no catálogo da Biblioteca do ECB:

Edições traduzidas

A taça de ouro (1929)

Pastagens do céu (1932)

A um deus desconhecido (1933)

O potro vermelho (1933)

O milagre de San Francisco (1935)

Batalha incerta (1936)

Ratos e homens (1937)

As vinhas da ira (1939)

A pérola (1947)

Chama devoradora (1950)

A leste do paraíso (1952)

O breve reinado de Pepino IV (1957)

Correspondente de Guerra (1958)

O inverno do nosso descontentamento (1961)

Viagens com o Charley (1962)


Edições originais

Tortilla flat (1935)

Of mice and men (1937)

The grapes of wrath (1939)

Cannery row (1945)

The pearl (1947)

Sweet Thursday (1954)

Travels with Charley (1962)