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sábado, 10 de junho de 2017

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades


O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra o dia 10 de Junho de 1580, data da morte de Camões, sendo também o dia dedicado ao Santo Anjo da Guarda de Portugal, também conhecido por Anjo Custódio de Portugal ou por Anjo da Paz, uma das designações atribuídas a São Miguel Arcanjo que representa "Portugal", ou seja, a essência espiritual na figura de um arcanjo que protege a nação portuguesa.
Foi a pedido do rei D. Manuel I de Portugal que, em 1504, o Papa Júlio II instituiu a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já seria antigo em Portugal. Este anjo terá surgido pela primeira vez na Batalha de Ourique, em 1139, e a sua devoção terá dado a vitória às forças de D. Afonso Henriques sobre os muçulmanos, o que lhe permitiu autoproclamar-se rei de Portugal. Esta devoção dos portugueses ao Santo Anjo da Guarda de Portugal quase desapareceu depois do séc. XVII, mas seria restaurada em 1952, quando o Papa Pio XII determinou a sua inclusão no Calendário Litúrgico português para comemorar o dia de Portugal no 10 de junho.
Nas suas Memórias, a Irmã Lúcia referiu que, nas aparições de Fátima, entre maio e outubro de 1917, teria também aparecido por três vezes um anjo aos três pastorinhos, convidando-os à oração e penitência, e afirmando ser o "Anjo da Paz, o Anjo de Portugal".
Durante o Estado Novo, de 1933 até 25 de abril de 1974, o dia 10 de junho era celebrado como o "Dia da Raça".
Após a revolução do 25 de abril de 1974, a celebração do dia passou a prestar homenagem a Portugal, a Camões e às Comunidades Portuguesas, e também à Língua Portuguesa e ao cidadão nacional.
Neste dia o Presidente da República e altas individualidades do Estado participam em cerimónias de comemorações, que decorrem em cidades diferentes todos os anos. Anualmente são também distinguidas e condecoradas individualidades pelo seu trabalho em nome da nação.

Dia de Camões


Camões, por Fernão Gomes (ou Hernán Gómez Román),
pintor português de origem espanhola.

Luís Vaz de Camões (1524-1580), considerado o maior representante do Classicismo Português, foi o autor do poema Os Lusíadas, uma das obras mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
Luís de Camões nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se que por volta de 1524. Era filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressou no Exército da Coroa de Portugal e em 1547 embarcou como soldado para a África, onde perde o olho direito durante um combate em Marrocos.
Em 1552, de volta a Lisboa, frequentou tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa contenda, terá ferido um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente, em 1553, onde participou em várias expedições militares. Em 1570, voltou para Lisboa, já com os manuscritos do poema Os Lusíadas, que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião, de quem recebeu uma pequena pensão pelos serviços prestados à Coroa.
O poema Os Lusíadas funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento Português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Inspirado em A Eneida, de Virgílio, narra factos heroicos da história de Portugal, em particular a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama.
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, inspirado em canções ou trovas populares, e escreve poesias que lembram as cantigas medievais.

A sua produção divide-se em três géneros: o lírico, o teatral e o épico, sintetizado em Os Lusíadas.


“As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
[…]
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte”
A maior parte da obra lírica de Camões é composta por sonetos e redondilhas. Dispersa em manuscritos, foi reunida e publicada postumamente em 1595 com o título de Rimas.

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?”
A sua produção no género teatral resume-se a três obras, todas no género da comédia e no formato de auto: El-Rei Seleuco, Filodemo e Anfitriões.

Luís Vaz de Camões morreu em Lisboa, no dia 10 de junho 1580, em absoluta pobreza.
A identificação de Camões e da sua obra como símbolos da nação portuguesa data provavelmente do início da monarquia dual de Filipe II de Espanha, pois o monarca teria entendido que seria de interesse prestigiá-los como parte de sua política para assegurar a legitimidade do seu reinado sobre os portugueses, o que justifica a sua ordem de imprimir duas traduções em castelhano de Os Lusíadas em 1580, pelas universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, e sem as submeter à censura eclesiástica.
Luís de Camões representava o génio da pátria na sua dimensão mais esplendorosa, significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho. Em 1880, com as comemorações do tricentenário da morte de Camões, os republicanos de Lisboa tentaram invocar a glória das comemorações camonianas, uma das primeiras manifestações das massas republicanas em plena monarquia. No entanto, nos primeiros anos da República foi um feriado exclusivamente municipal..
Durante o Estado Novo (1933-1974), o 10 de Junho como Dia de Camões foi particularmente exaltado e passou a ser festejado a nível nacional.
Dia das Comunidades
Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional do Jamor em 1944. A partir de 1963, o 10 de Junho transformou-se também numa homenagem às Forças Armadas Portuguesas, numa exaltação da guerra e do poder colonial.
Após o 25 de abril de 1974, uma filosofia e ideologia diferentes converteram este dia no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 1978. Desde 2013, a comunidade autónoma da Extremadura espanhola festeja também este dia.
As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas são celebradas por todo o país, mas só as Comemorações Oficiais são presididas pelo Presidente da República, envolvendo diversas cerimónias militares, exposições, concertos, cortejos e desfiles, além de uma cerimónia de condecorações feita pelo Presidente da República.
Desde 1977 dezenas de cidades já receberam as comemorações, oito delas não são capitais de distrito. Todos os anos, o Presidente da República Portuguesa elege uma cidade para ser sede das comemorações oficiais. Em 2016, as comemorações oficiais decorreram pela primeira vez em duas cidades ao mesmo tempo: Lisboa e Paris. Foi também a primeira vez que as comemorações oficiais aconteceram numa cidade fora do país. Em 2017, as comemorações ocorrem em Portugal na cidade do Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e de São Paulo.
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é comemorado um pouco por todo o mundo pelos milhões de luso-descendentes e também pelos cerca de 5 milhões de emigrantes portugueses que vivem fora de Portugal.




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