menu

quinta-feira, 1 de março de 2018

Autor do mês de março – Alexandre Herculano


Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa, no dia 28 de Março de 1810, e morreu na Quinta de Vale de Lobos, Santarém, em 18 de Setembro de 1877. Encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, para onde foi transladado em 6 de Novembro de 1978.
As invasões francesas (1807-1811), o consequente domínio inglês e a difusão das ideias liberais, vindas sobretudo de França e que conduziriam à Revolução de 1820, marcaram a sua infância e juventude, assim como toda a sua vida literária.
Se hoje é recordado e estudado principlamente como escritor, historiador, ensaísta e poeta do romantismo português, a sua vida passou também pelo combate político, destacando-se na luta contra o absolutismo e envolvendo-se nas guerras que opuseram liberais a miguelistas. Em 1831, participou na revolta de 21 de Agosto protagonizada pelo Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo de D. Miguel, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a exilar-se, primeiro em Inglaterra e, mais tarde em França; em 1832, de regresso a Portugal, junta-se ao exército liberal e participa na expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832, na praia do Mindelo.
Identificando-se com a ala esquerda do Partido Cartista (defensor da Carta Constitucional de 1826, promulgada por D. Pedro IV), foi eleito deputado às Cortes pelo Partido Cartista em 1840, mas demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a atividade parlamentar. Foi preceptor do futuro Rei D. Pedro V e um dos fundadores do Partido Progressista Histórico, em 1856.
Nomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto, aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a revista O Panorama (1837-1868), revista de caráter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II.
Recebeu uma formação de índole essencialmente clássica (Latim, Lógica e Retórica) e literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária. Com os estudos de Diplomática, empreendidos aos 18 anos na Torre do Tombo, aprendeu os rudimentos da investigação histórica. Em 1839, o convite de D. Fernando para dirigir as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, permitiu-lhe prosseguir trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro volumes da História de Portugal, publicados entre 1846-1853.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal, na senda do que haviam feito Walter Scott (1771-1832), poeta e romancista escocês que escreveu, entre outros, Ivanhoe, ou o francês Vitor Hugo (1802-1885), autor do romance histórico Nossa Senhora de Paris e que lhe terá servido também de modelo.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo no nosso país, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Em 1838, publicou o seu primeiro livro de poesia, A Harpa do Crente, e vê levada à cena, em Lisboa, a peça O Fronteiro de África ou três noites aziagas.



Em 1843 publicou O Bobo e, entre 1844 e 1848, O Monasticon, obra que integra aquele que é considerado a obra maior do romance histórico em Portugal no século XIX, Eurico o Presbítero, além de O Monge de Cister.



Em 1846, publica o primeiro volume de uma das suas obras mais notáveis, História de Portugal, obra que introduz a historiografia científica em Portugal. O prestígio que lhe advém desta publicação leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efetivo em 1852 e a encarregá-lo da recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (coleção de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projeto que empreende em 1853 e 1854, e que começará a ser publicado em 1856. Publica ainda História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, entre 1854-1859.



Na obra Lendas e Narrativas, publicada em 1851 e composta por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas, Alexandre Herculano abordou vários períodos da história da Península Ibérica, sendo evidente a sua preferência pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa e escolha comum entre os românticos.



Também em 1851, publicou O Pároco de Aldeia.
Entre 1836 e 1860, publicou dez Opúsculos, dedicados ao que chamou Questões Públicas, Controvérsias e Estudos Históricos, Literatura.
Em 1867, após o seu casamento com D. Mariana Meira, e desiludido com a vida pública, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale de Lobos (Azoia de Baixo, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual. Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a trabalhar nos Portugaliae Monumenta Historica, em 1871 interveio contra o encerramento das Conferências do Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos Opúsculos e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária

Em Vale de Lobos viria a morrer de pneumonia, em 13 de Setembro de 1877.


Sem comentários:

Enviar um comentário