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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Rosa Lobato de Faria - autora do mês de abril



“Conforta-me pensar que a vida não começa nem acaba aqui.
Um dia regressaremos ao lugar de onde viemos, um lugar de repouso e de paz, um lugar livre de mágoas. Mas quantos lugares de dor teremos de atravessar para alcançá-lo? Quanta tristeza, quanto sofrimento, quanta crueldade no destino do Homem!
E se o mundo é repleto de maravilhas é só para não perdermos de vista a morada original, que nos aguarda ao fim dos nossos doze trabalhos de Hércules, e a que os poetas e os místicos chamam paraíso e eu chamo, simplesmente, amor.
As guerras fazem-se para alcançar a paz, ensinaram-nos durante séculos. [...] O sofrimento serve para alcançar a bem-aventurança, invento eu, para não morrer de desespero.”
Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês



Rosa Lobato de Faria nasceu em Lisboa, no dia 20 de abril de 1932, e faleceu na mesma cidade, a 2 de fevereiro de 2010. Atriz, escritora, romancista, poetisa, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries, estudou Filologia Germânica na Universidade de Coimbra. Depois de ter sido empregada numa loja de eletrodomésticos e de, nos anos 60 do século XX, se ter estreado como locutora na RTP, começou a sua experiência como atriz em 1973, quando o realizador António-Pedro Vasconcelos a convidou para participar no filme Perdido por Cem.
Rosa Lobato de Faria tornou-se conhecida do grande público em 1982, quando se estreou em televisão, integrando o elenco da primeira telenovela portuguesa, Vila Faia, dirigida por Nicolau Breyner. Quase ao mesmo tempo voltou ao cinema, com Lauro António, em Paisagem Sem Barcos (1983). Fez igualmente parte do elenco de filmes como Jogo de Mão, de Monique Rutler (1984), O Vestido Cor de Fogo, de Lauro António (1985), O Barão de Altamira, de Artur Semedo (1986). Sob a direção de João Botelho, participou em Aqui na Terra (1993), Tráfico (1998) e A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América (2003).
Em finais dos anos 1980 colaborou na escrita do guião da série Humor de Perdição, ao lado de Herman José e Miguel Esteves Cardoso, participando também como atriz. A esta primeira experiência seguiram-se diversas séries e telenovelas, como Passerelle (1988), Pisca-Pisca (1989), Nem o Pai Morre Nem a Gente Almoça (1990), Telhados de Vidro (1994) e Tudo ao Molho e Fé em Deus (1995).
Apresentou os programas televisivos "Chá das Cinco" (1992) e "Cartas de Amor" (1993).
Na escrita, Rosa Lobato de Faria começou a ganhar projeção como letrista de canções, depois de obter, em 1992, um primeiro lugar no Festival RTP da Canção com Amor de Água Fresca , interpretada por Dina, a que se seguiram, igualmente com o primeiro lugar, Chamar a Música (1994), interpretada por Sara Tavares, Baunilha e Chocolate (1995), interpretada por Tó Cruz, e Antes do Adeus (1997), interpretada por Célia Lawson. Foi, juntamente com José Carlos Ary dos Santos, a letrista mais bem sucedida no Festival RTP da Canção.
Mas, além de letrista, seria como romancista, poetisa, contista, dramaturga e guionista de novelas e séries que o seu nome apareceria mais vezes referenciado.
Foi nos anos 1990 que Rosa Lobato de Faria começou uma carreira como autora de romances, estreando-se com O Pranto de Lúcifer (1995), seguindo-se, quase ao ritmo de uma publicação por ano, Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999) — galardoado com o Prémio Máxima de Literatura em 2000 —, A Trança de Inês (2001), O Sétimo Véu (2003), Os Linhos da Avó (2004) e A Flor do Sal (2005), A Alma Trocada (2007), A Estrela de Gonçalo Enes (2008) e As Esquinas do Tempo (2008). Vento suão, de 2011, seria publicado a título póstumo.
Em coautoria, participou em Os Novos Mistérios da Estrada de Sintra (2005), Código d' Avintes (2006) e Eça agora: os herdeiros de os Maias (2007).
No conto, publicou livros dedicados às crianças, como A Erva Milagrosa, As quatro Portas do Céu ou Histórias de Muitas Cores.
Como poetisa, o essencial da sua obra está reunido no volume Poemas Escolhidos e Dispersos, de 1997.
Para o teatro, escreveu as peças A Hora do Gato, Sete Anos – Esquemas de um Casamento e A Severa.
A título póstumo foram ainda publicados os livros infantis Balão Azul (2011, o primeiro título da coleção Biblioteca Infantil Rosa Lobato de Faria) e Alma minha gentil (2013).
A 8 de Junho de 2010 foi agraciada a título póstumo com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Obras literárias
(*) no catálogo da Biblioteca do ECB
Romances
1995 – O pranto de Lúcifer (*)
1996 – Os pássaros de seda
1997 – Os três casamentos de Camila S.
1998 – Romance de Cordélia (*)
1999 – O prenúncio das águas (*)
2001 – A trança de Inês (*) [Adaptado ao cinema em 2018 pelo realizador António Ferreira]
2003 – O sétimo véu (*)
2004 – Os linhos da avó (*)
2005 – A flor do sal (*)
2007 – A estrela de Gonçalo Enes (*)
2007 – A alma trocada
2008 – As esquinas do tempo (*)
2011 – Vento suão (Póstumo) (*)
Poesia
1992 – Memórias do corpo: poemas
1997 – Poemas escolhidos e dispersos
Contos
2006 – Asas sobre a cidade: conto de Natal
Literatura infantil
1987 – Histórias de muitas cores (*)
1987 – As pequenas palavras
1995 – Livro do livro
2000 – As quatro portas do céu (*)
2002 – ABC dos bichos em rima infantil
2002 – ABC das flores e dos frutos em rima infantil
2007 – A parábola dos dez porquinhos
2011 – O balão azul (Póstumo)
2013 – Alma minha gentil (Póstumo)
Obras coletivas
2005 – Os Novos Mistérios da Estrada de Sintra
2006 – O Código de Avintes (*)
2007 – Eça agora: os herdeiros de os Maias (*)












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