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quarta-feira, 13 de maio de 2020

Os Maias - uma leitura dos espaços do romance por uma aluna do 11º ano


No 11º ano, estudamos Os Maias, esse esplêndido romance – do melhor que se produziu na prosa narrativa do século XIX – que tantas dores de cabeça causa aos alunos. Mas alguns atrevem-se a ir além da ideia preconcebida, vão entrando no romance. E quase sempre a reação é de surpresa e até de deslumbramento.
Não sei se é o caso da Catarina Henriques, do 11º A, que escreveu o texto que partilhamos aqui. Gosto de pensar que sim.
Foi-lhe pedido, como tarefa a realizar em aula assíncrona de Português, que escrevesse uma pequena exposição, mostrando que certos espaços do romance, no seu conjunto, contam a história do protagonista, Carlos da Maia. Foi este o texto que ela enviou.
Soledade Santos, professora de Português

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A ação d’ Os Maias passa-se na segunda metade do século XIX e apresenta-nos a história de três gerações da família Maia. Carlos Eduardo da Maia, um belo homem, física e intelectualmente, é a personagem principal do romance.
Assim sendo, todos os espaços estão relacionados com esta personagem, desde Santa Olávia até Coimbra, a Lisboa, ao seu consultório e a outros locais que frequenta, passando por Sintra e terminando em Paris, onde passa a residir no final da narrativa.
A infância de Carlos decorre em Santa Olávia, um espaço conotado muito positivamente. É o símbolo da vida e o refúgio em momentos difíceis. Já Coimbra é o local dos estudos de Carlos, do seu contacto com as novas ideias filosóficas e científicas, e o símbolo da boémia estudantil e da amizade. Sintra, por sua vez, onde procura a amada, representa a beleza paradisíaca e os encontros amorosos, mais ou menos clandestinos, da alta burguesia da época.
A vida profissional e social de Carlos passa-se em Lisboa. A cidade representa então a idade adulta e o convívio, sendo o palco dos seus amores e da desgraça da sua família. O Ramalhete, a casa onde reside com o avô, representa as expetativas, os sonhos, os sucessos, mas também a catástrofe que precipita a decadência familiar. Por sua vez, o consultório é o símbolo do diletantismo de Carlos e da sua geração. Representa os seus projetos e o posterior falhanço profissional.
É na Toca, uma quinta discreta nos Olivais, que Carlos vive a sua curta história de amor com Maria Eduarda, sendo a sensualidade de ambos simbolizada por este espaço. É também aqui, ao nível da descrição do espaço, que se encontram várias evidências que pressagiam o destino trágico do casal.
Por fim, ao longo de toda a obra, o estrangeiro surge como símbolo de cultura, de requinte e da educação superior de Carlos, mas também como um recurso para fugir aos problemas e complicações. Assim, depois do incesto e da morte do avô, é em Paris que Carlos da Maia se refugia.
Concluindo, podemos afirmar que o espaço é uma categoria central neste romance.
Catarina Henriques, nº5, 11ºA


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