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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

 


"Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão."

Artigo 19.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos


Comemora-se hoje o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, data proclamada em 1993, na 26ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO em Paris.

O dia 3 de Maio foi escolhido para assinalar o aniversário da Declaração de Windhoek, declaração aprovada durante um seminário organizado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura) e pelo MISA (Instituto para a Comunicação Social da África Austral) sobre a "Promoção da Independência e do Pluralismo da Imprensa Africana", que se realizou em Windhoek, Namíbia, de 29 de Abril a 3 de Maio de 1991.

O artigo V da Declaração de Windhoek, em harmonia com o artigo 19.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, considera que “a tendência mundial para a democracia e a liberdade de informação e de expressão é um contributo fundamental para a realização das aspirações da humanidade” e que "o estabelecimento, manutenção e promoção de uma imprensa independente, pluralista e livre é essencial para o desenvolvimento e a manutenção da democracia numa nação, e para o desenvolvimento económico", isto é, a Liberdade, a Independência e o Pluralismo dos meios de comunicação social são princípios essenciais para a salvaguarda da Democracia e dos Direitos Humanos.


Com a comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa pretende-se:

  • promover os princípios fundamentais da liberdade de imprensa;
  • sensibilizar os líderes políticos e a comunidade em geral para a defesa da liberdade de imprensa;
  • combater os ataques feitos aos media e impedir as violações à liberdade de imprensa;
  • lembrar os jornalistas que são vítimas de ataques, capturados, torturados ou a quem são impostas limitações no exercer da sua profissão;
  • prestar homenagem a todos os profissionais que faleceram vítimas de ataques terroristas ou que foram assassinados por organizações terroristas no desempenho das suas funções.

Portugal, desde a instauração do regime democrático em abril de 1974, após décadas de censura, é um país onde a liberdade de imprensa é garantida constitucionalmente. De acordo com o Artigo 38º da Constituição da República Portuguesa (sobre Liberdade de imprensa e meios de comunicação social):

1. É garantida a liberdade de imprensa.

2. A liberdade de imprensa implica:

a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respetivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;

b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação e à proteção da independência e do sigilo profissionais, bem como o direito de elegerem conselhos de redação;

c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações, independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias.


No entanto, sabemos que a nível mundial a liberdade de imprensa está cada vez mais ameaçada pela proliferação da desinformação que grassa nas redes sociais, nos media e em outras plataformas de fácil acesso. Além disso, todos os anos vários jornalistas são capturados e mantidos prisioneiros em diversas regiões do mundo, com destaque para os países onde vigoram regimes ditatoriais.

A ONG internacional e independente Repórteres Sem Fronteiras (RSF) desenvolve esforços para proteger os profissionais de comunicação social em todo o mundo e alerta para os perigos a que estão sujeitos no desempenho do seu trabalho. Anualmente, avalia a situação mundial da liberdade de imprensa em 180 países e territórios e dá a conhecer o ranking.

A edição 2021 do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa mostra que o exercício da atividade jornalística está gravemente comprometido em mais de 130 países e que o jornalismo, a principal “vacina contra o vírus da desinformação”, como afirmou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, está total ou parcialmente limitado em 73% dos países avaliados.

No documento da RSF 2021 sublinha-se que houve uma "deterioração dramática" da liberdade de imprensa desde que a pandemia atingiu o planeta, verificando-se que alguns países utilizaram a pandemia do novo coronavírus "para bloquear o acesso dos jornalistas à informação, fontes e reportagens no terreno".

De acordo com os últimos dados, apenas 12 dos 180 países avaliados, ou seja, 7% (eram 8% em 2020), podem orgulhar-se de proporcionar um ambiente favorável à informação, aparecendo a Noruega, pelo quinto ano consecutivo, em primeiro lugar no ranking, seguida da Finlândia, da Suécia e da Dinamarca, confirmando o destaque do "modelo nórdico". No campo oposto, encontramos países como a Índia (142º), o México (143º), a Rússia (150º), ou a China (177º). Os últimos lugares do ranking são ocupados pelo Turquemenistão (178º), a Coreia do Norte (179º) e a Eritreia (180º).

Portugal, em 2021, aparece classificado em 9º lugar, verificando-se a subida de uma posição face aos dados de 2020.


No ano em que se comemoram os 30 anos da Declaração de Windhoek, a ONU escolheu o lema “A informação como um bem comum”, realçando a diferença entre a informação e outros tipos de conteúdos de comunicação, como a desinformação, o discurso de ódio ou o entretenimento. O objetivo é chamar a atenção para o papel da imprensa na produção de notícias como informação verificada de interesse público e como isto depende de um ecossistema mais amplo que transforma a informação num bem comum.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 2021 enfatiza três imperativos para este ecossistema:

  • medidas para garantir a viabilidade económica dos meios de comunicação social;
  • mecanismos para garantir a transparência das empresas da Internet;
  • melhoria das capacidades de literacia mediática e informacional que permitam aos cidadãos reconhecer e valorizar, assim como defender e exigir, a imprensa como parte fundamental da informação como um bem comum.




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