Numa sociedade no futuro, todo o pensamento crítico é suprimido
e qualquer opinião individual, livre, qualquer ideia dissidente das oficiais, assim
como todos os livros são proibidos. O personagem central deste romance, Guy Montag, trabalha
como "bombeiro", o que na história significa "queimador de
livros", porque uma das principais tarefas dos bombeiros consistia em
queimar os livros que podiam alimentar o pensamento crítico. O 451 inserido no
título da obra representa, precisamente, a temperatura de combustão do papel em
graus fahrenheit (equivalente a 233 graus Celsius).
Um
grupo de pessoas resolve manter vivas as histórias dos livros memorizando todas
as palavras, tornando-se cada pessoa um livro vivo. No fim do romance, num tom mais
otimista, das cinzas vai nascer uma nova sociedade onde as pessoas que outrora liam
livros de forma oculta começam a revelar-se, explicando aos outros de
onde vieram e de que forma o conhecimento que detêm poderá transformar a vida de
todos de forma positiva.
Ray
Bradbury (1920 — 2012) foi um escritor norte-americano, considerado um dos
grandes mestres da literatura de ficção científica.
Entre os seus livros mais aclamados, destaca-se Fahrenheit 451, escrito na década de
50 do século XX, um clássico que permanece como um dos maiores contributos para
a chamada literatura distópica. Escrito nos anos iniciais da Guerra Fria, o
livro é uma crítica ao que Bradbury viu como uma crescente e disfuncional
sociedade americana. Numa entrevista em 2007, o autor afirmou que o livro
explora os efeitos da televisão, em particular, e dos meios de comunicação
social em geral na aprendizagem da literatura e na prática da leitura.
Ray
Bradbury foi um grande defensor das bibliotecas. Sem dinheiro para estudar ou
comprar livros, foi na biblioteca pública de Waukegan, a sua cidade natal, que
entrou em contacto com autores de ficção científica ou de contos tradicionais
de horror, como H. G. Wells, Jules Verne, Edgar Allan Poe ou Edgar Rice
Burroughs, fundamentais para a sua formação como escritor.
Com Fahrenheit 451, escrito na biblioteca Powell, na Universidade da Califórnia,
numa máquina de escrever alugada, Ray Bradbury afirmou que pretendia manifestar
o seu grande amor pelos livros e pelas bibliotecas, e frequentemente se referia a
Montag como uma alusão a si mesmo.
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