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sábado, 1 de fevereiro de 2020

Júlio Verne - autor do mês de fevereiro



Júlio Verne, um dos escritores cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros, nasceu em Nantes, a 8 de fevereiro de 1828, e morreu em Amiens, a 24 de março de 1905.
Filho primogénito do advogado e magistrado Pierre Verne e de Sophie Allote de la Fuÿe, oriunda de uma família burguesa de Nantes, é considerado pelos críticos literários como o precursor da moderna literatura de ficção científica, tendo previsto nos seus livros o aparecimento de novos avanços científicos e tecnológicos, como os submarinos, o helicóptero, máquinas voadoras, naves espaciais ou a viagem à Lua.
A cidade de Nantes, localizada nas margens do rio Loire, na região da Alta Bretanha, oeste da França, com uma longa história como centro portuário e industrial, terá servido de estímulo para o desenvolvimento da imaginação deste autor sobre a vida marítima e viagens a terras distantes.
Aos seis anos começou os estudos com a viúva de um capitão, e aos oito entrou no seminário. Em 1839, apenas com onze anos, começou uma aventura ao embarcar para a Índia como aprendiz de marinheiro, mas foi intercetado pelo pai em Paimboeuf, a quem confessou ter tentado a viagem com a finalidade de comprar um colar de coral [ou de diamantes, as versões não coincidem] para a prima, Carolina Tronson, por quem estava apaixonado.
Em 1844, Júlio Verne estudou retórica e filosofia no Liceu de Nantes, viajando para Paris onde, seguindo os passos do pai, se formou em Direito, em 1864, e onde o pai esperava que seguisse a carreira de advogado. No entanto, começou a interessar-se mais pelo teatro do que pelas leis, tendo escrito alguns libretos de operetas e pequenas histórias de viagens. Durante esse período, conheceu os escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo. Uma das peças de Verne, As palhas rompidas, agrada a Dumas e a peça estreia no Teatro Histórico em 12 de junho de 1850. Sem a ajuda financeira do pai, que não apoiou a sua decisão de seguir uma carreira literária, Júlio Verne começou a dar aulas em Paris, sem parar de escrever.
Entre 1852 e 1854 trabalhou como secretário no Teatro Lírico. Nessa época, publicou alguns textos no periódico Musée des Famílles, entre os quais, “Martin Paz” (1852). Em 1857 trabalhou como agente da Bolsa de Valores e em 1859 casou-se com Honorine de Model, uma viúva, mãe de dois filhos. Em 1861 nasceu Michel Jean Pierre Verne, o único filho do casal.
Entre 1859 e 1861 viajou pela Inglaterra, Escócia, Noruega e Escandinávia. De 1872 a 1886 viveu o apogeu da fama e fortuna, advindas do sucesso literário.
Além das muitas viagens que fez, Júlio Verne terá tido como influências nas suas obras os autores Jonathan Swift, e o livro Viagens de Gulliver, Daniel Defoe e Robinson Crusoe, Edgar Allan Poe e os seus contos macabros.


Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
Robinson Crusoe, de Daniel Defoe

A carreira literária de Júlio Verne começou a destacar-se quando se associou a Pierre-Jules Hetzel, editor experiente que lhe foi apresentado pelo amigo Alexandre Dumas Filho e que trabalhava com grandes nomes da época, como Alfred de Brehat, Victor Hugo, George Sand e Erckmann-Chatrian.


[Pierre-Jules Hetzel, fotografado por Félix Nadar]

Hetzel publicou a primeira grande novela de sucesso de Júlio Verne em 1862, o relato de uma viagem a África em balão, intitulado Cinco semanas em balão. Esta história continha tais detalhes de coordenadas geográficas, culturas, animais, etc., que os leitores se perguntavam se era ficção ou um relato verídico. Na verdade, Júlio Verne nunca tinha estado num balão nem ido a África. Toda a informação sobre a história veio da sua imaginação e capacidade de pesquisa.


O sucesso de Cinco semanas em balão rendeu fama e dinheiro a Júlio Verne. A sua produção literária seguia um ritmo acelerado, a parceria entre Verne e Hetzel duraria cerca de 20 anos e quase todos os anos Hetzel publicava novos livros, quase todos grandes sucessos, como Viagem ao Centro da Terra (1864), Vinte Mil Léguas Submarinas (1870, escrito no regresso de uma viagem aos Estados Unidos, a bordo de um dos iates que adquiriu) ou A Volta ao Mundo em Oitenta Dias (1873).




Foi Hetzel quem apresentou Verne a Félix Nadar, um cientista interessado em navegação aérea e balonismo, de quem se tornou grande amigo e que introduziu Verne no seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o autor provavelmente tirou algumas ideias e a quem homenageia na obra Da Terra à Lua, talvez a mais visionária das suas obras, com o personagem Michel Ardan, anagrama de "Nadar" (nesta obra, muitos encontram coincidências do que foi em 1969 a primeira ida do Homem à Lua, como o nome do astronauta, Michel Ardan, ser semelhante ao Michael de Michael Collins; e Ardan, ao do astronauta Edwin Aldrin).


[Félix Nadar, autorretrato]


O romance (juntamente com The First Men in the Moon, de H. G. Wells) inspirou o primeiro filme de ficção científica, Le Voyage dans la Lune, feito em 1902 por Georges Méliès.


Nos últimos anos, Verne escreveu muitos livros sobre o uso incorreto da tecnologia e os seus impactos ambientais, que se haviam tornado uma das suas principais preocupações.
O último livro que publicou em vida foi O senhor do mundo, no ano de 1904.
A morte do pai em 1871, seguida pela da mãe em 1887 e a do irmão em 1897, mergulharam-no numa profunda melancolia, agravada com o aparecimento de cataratas, em 1902. Escreveu que Paris não voltará a vê-lo, e que, se não trabalha, não se sente vivo. Morreu em 24 de março de 1905, na casa de Amiens. Encontra-se sepultado no Cemitério de La Madeleine, Amiens, em França.
O seu filho Michel editou alguns dos trabalhos deixados incompletos e terá mesmo escrito alguns capítulos que faltavam.
Até hoje, Júlio Verne é considerado o escritor cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.



Algumas das principais obras:
(*) - no catálogo da biblioteca do ECB

O tio Robinson, 1861
Cinco semanas em balão, 1863 (*)
Paris no século XX, 1863 (publicado apenas em 1989)
Aventuras do capitão Hatteras, 1864-1867(*)
Viagem ao centro da terra, 1864 (*)
Da Terra à Lua, 1865 (*)
Os Filhos do Capitão Grant, 1866-1868 (*)
À roda da Lua, 1869
Vinte mil léguas submarinas, 1870 (*)
Os conquistadores, 1870
Uma cidade flutuante, 1871
As aventuras de três russos e de três ingleses, 1872 (*)
A volta ao mundo em oitenta dias, 1872 (*)
A ilha misteriosa, 1873-1875 (*)
Martin Paz, 1874
A galera Chancellor, 1875 (*)
Miguel Strogoff, 1876 (*)
Um drama no México, 1876 (*)
Heitor Servadac, 1874-1876 (*)
As Índias Negras, 1876-1877 (*)
Um herói de quinze anos, 1878 (*)
História das grandes viagens e dos grandes viajantes, 1878
O doutor Ox, 1878 (*)
As atribulações de um chinês na China, 1879 (*)
Os quinhentos milhões da Begum, 1879 (*)
A revolta da Bounty, 1879 (*)
A jangada, 1880 (*)
A casa a vapor, 1880 (*)
Os navegadores do século XVIII, 1880 (*)
Os exploradores do século XIX, 1882 (*)
A escola dos Robinsons, 1882 (*)
O raio verde, 1882 (*)
Dez horas de casa, 1882
Os piratas do arquipélago, 1883 (*)
Kerabán, o cabeçudo, 1883 (*)
A estrela do Sul, 1884 (*)
Um bilhete de lotaria, 1885 (*)
Matias Sandorf, 1885 (*)
O náufrago do Cynthia, 1885 (*)
Robur, o conquistador, 1886 (*)
Norte contra Sul, 1887 (*)
O caminho da França, 1887 (*)
Dois anos de férias, 1888 (*)
Família sem nome, 1888-1889 (*)
César Cascabel, 1890 (*)
A mulher do Capitão Branican, 1891 (*)
A carteira do repórter, 1892 (*)
O castelo dos Cárpatos, 1892 (*)
A esfinge dos gelos, 1895 (*)
Clovis Dardentor, 1896 (*)
Em frente da bandeira, 1896 (*)
O segredo de Wilhelm Storitz, 1898 (revisto em 1901 e publicado apenas em 1985)
O soberbo Orenoco, 1898 (*)
A ilha da hélice 2: Distúrbios no Pacífico, 1898 (*)
A Aldeia Aérea, 1901 (*)
Os irmãos Kip, 1902
Um drama na Livonia, 1904 (*)
O senhor do mundo, 1904
A invasão do mar, 1905 (*)
O farol do cabo do mundo, 1905 (*)
A caça ao meteoro, 1908 (*)
Os náufragos de Jonathan, 1909 (*)
O Eterno Adão, 1910.
A agência Thompson & C.ª, 1910 (*)

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