“Corria o ano de 1861. Flaubert
escrevia Salammbô, a iluminação eléctrica
ainda não passava de uma hipótese e Abraham Lincoln, do outro lado do oceano,
combatia uma guerra da qual nunca chegaria a ver o fim. /Hervé Joncour tinha 32
anos. /Comprava e vendia. /Bichos-da-seda.”
Alessandro Baricco – Seda. Miraflores: Difel, 1998. Traduzido
do italiano por Simonetta Neto.
1861. Hervé Joucour vive com a sua mulher Hèlene em Lavilledieu, cidade francesa cuja economia floresce, em meados do século XIX, com o negócio da seda. Hervé Joucour comprava e vendia bichos-da-seda quando estes consistiam ainda em minúsculos ovos. Para adquirir os ovos dos bichos-da-seda, deslocava-se para além do Mediterrâneo, à Síria e ao Egito. Partia todos os anos no início de janeiro e regressava no primeiro domingo de abril. Trabalhava mais duas semanas para confecionar os ovos e vendê-los. O resto do ano descansava.
Quando uma epidemia ataca a produção europeia de ovos de bichos-da-seda, a Hervé é confiada uma perigosa e demorada viagem ao Japão, a milhares de quilómetros da cidade de Lavilledieu.
Chegado a esse país distante e desconhecido, muito fechado a viajantes e a qualquer influência ocidental, Joncour é acolhido no palácio do nobre Hara Kei, amante de pássaros e líder implacável, que se faz sempre acompanhar por uma jovem concubina que irá abalar todas as crenças, ideais e sentimentos de Hervé Joucour. Entre os dois vai surgir um envolvimento secreto, que se desenrola – quase sem palavras – ao longo de subsequentes viagens ao Japão.
Uma mistura de romance, conto, fábula e relato de aventura, Seda é a história de um homem que mergulha num universo de mistério, onde vive uma paixão proibida. Mas é, acima de tudo, um livro a respeito de sensações, descritas na prosa ao mesmo tempo concisa e lírica de um dos mais importantes escritores italianos.
Nesta curta e belíssima narrativa, Alessandro Baricco apresenta-nos um «tecido de silêncios, de gestos quase simbólicos, que encobrem uma paixão vulcânica», uma dramática, dolorosa e comovente história de amor.
Alessandro Baricco nasceu em Turim, em 1958, e a
sua estreia na literatura deu-se em 1991, com o romance Castelos de Raiva.
A criação literária de Baricco é
bastante diversificada, abrangendo peças de teatro, ensaios, coletâneas de
artigos, entre outros.
Seda foi o seu primeiro grande sucesso internacional, traduzido para várias línguas. No entanto, o maior reconhecimento de Alessandro Baricco surgiu com a adaptação do seu monólogo teatral Novecento, de 1994, para o filme A Lenda de 1900, dirigido por Giuseppe Tornatore.
- Castelos de Raiva, Difel, 1996
- Oceano Mar, Difel, 1998
- City, Difel, 2000
- Next, Edições fim de Século, 2003
- Sem Sangue, Dom Quixote, 2003
- Novecentos, Difel, 2006
- Esta História, Dom Quixote, 2008
- A jovem noiva, Quetzal Editores, 2016
- Histórias Inesquecíveis 2, Nuvem de Letras, 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário