«Quem sobrevive ao outro é sempre
traidor. [...] Sobreviver a alguém, a quem amámos tanto que teríamos sido
capazes de matar por ela, sobreviver a alguém a quem estávamos ligados de tal
maneira que quase morremos por isso, é um dos crimes mais misteriosos e
inqualificáveis da vida.»
In As Velas Ardem até ao Fim
Para
a maior parte dos leitores portugueses, Sándor Márai tornou-se conhecido a
partir da publicação em Portugal do romance As
Velas Ardem até ao Fim. Considerado por leitores e pela crítica como um dos
melhores romances escritos no século XX, apresenta-nos a história de dois homens,
amigos inseparáveis na juventude, que, depois de mais quarenta anos sem se
verem, se sentam a jantar para uma conversa decisiva num pequeno castelo de
caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões
decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin. O esplendor de
então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Um dos homens, Konrád,
o rapaz pobre, descendente de Chopin, que sonhava secretamente com uma carreira
como músico, passou muito tempo no Extremo Oriente; o outro, Henrik, o militar
de sucesso, filho abastado de uma família nobre, pelo contrário permaneceu na
sua propriedade na Hungria. Mas ambos viveram à espera deste momento, e, no
final da vida, vão falar de uma mulher e de um segredo, cuja força ditou uma
separação irreparável.
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