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domingo, 1 de novembro de 2020

Autor do mês - Rómulo de Carvalho / António Gedeão ou a simbiose entre ciência e poesia

 


(fotografia de Eduardo Gageiro)


No mês em que se comemora o Dia Mundial da Ciência, em homenagem a Charles Darwin e à data da primeira edição do livro A Origem das Espécies, 24 de novembro de 1859, prestamos tributo a Rómulo de Carvalho, o professor de Ciências Físico-Químicas que para muitos será sempre conhecido e reconhecido como o poeta António Gedeão.

Cientista, poeta, investigador, historiador, escritor, fotógrafo, pintor e ilustrador, Rómulo de Carvalho nasceu em Lisboa, num outro 24 de novembro, mas de 1906, e faleceu em Lisboa, a 19 de fevereiro de 1997, com 90 anos. Além de professor de ciências e de poeta, juntando na mesma pessoa duas sensibilidades diferentes, destacou-se também como divulgador e historiador da ciência, da pedagogia e, em geral, da cultura portuguesa.

Em 1996, foi instituído em Portugal o dia 24 de novembro como Dia Nacional da Cultura Científica, escolhido precisamente para comemorar o nascimento de Rómulo de Carvalho, um dos grandes responsáveis pela promoção do ensino de ciência e da cultura científica em Portugal.

Licenciado em Ciências Físico-Químicas pela Universidade do Porto em 1931, Rómulo de Carvalho formou-se um ano depois em Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da mesma Universidade, iniciando a que foi a sua atividade principal durante 40 anos: professor e pedagogo.

Para Rómulo de Carvalho, ensinar era uma paixão, uma dedicação. Durante muitos anos, concentrou os seus esforços no ensino, dedicando-se, também, à elaboração de manuais escolares, inovadores pelo grafismo e pela forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Assinou com o seu nome numerosos volumes de divulgação da cultura científica, publicados, entre os anos 50 e 70 do século XX, na coleção "Ciência para gente nova" e nos "Cadernos de iniciação científica”. Desenvolveu ainda trabalhos de investigação sobre a história da ciência e do ensino em Portugal.

Na Universidade de Coimbra, o seu nome continua a inspirar cientistas e estudantes através do RÓMULO Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, inaugurado a 24 de Novembro de 2008, Dia Nacional da Cultura Científica e dia do seu nascimento, e dirigido atualmente pelo professor Carlos Fiolhais.

Apesar da intensa atividade científica, Rómulo de Carvalho dedicou-se também à poesia. Em 1956, aos 50 anos, publicou o primeiro livro de poemas, Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato. O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão, que parece não se enquadrar claramente em qualquer movimento literário, revela as suas preocupações com os problemas comuns da sociedade portuguesa.

Vários dos seus poemas foram divulgados através das músicas compostas por José Niza, compiladas no álbum "Fala do Homem Nascido", como Calçada de Carriche (para a voz de Carlos Mendes), Fala do Homem Nascido (cantado por Adriano Correia de Oliveira) ou Lágrima de Preta, simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, além do intemporal Pedra Filosofal, hino à liberdade e ao sonho que Manuel Freire musicou e cantou.

Aos 83 anos, em 1990, Rómulo de Carvalho assumiu a direção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhou até ao fim dos seus dias.

Rómulo de Carvalho deu origem a uma família de cientistas e escritores: o filho, Frederico de Carvalho, é físico nuclear; a filha, Cristina Carvalho, é escritora; a neta, Margarida Gama Carvalho, é bióloga no Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa.

Jaz no Jazigo dos Escritores Portugueses, no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, junto de outros notáveis da literatura portuguesa, como José Cardoso Pires ou Fernando Namora.


Obras de Rómulo de Carvalho na Biblioteca do ECB

  • História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra: desde a fundação (1772) até ao jubileu do professor italiano Giovanni Antonio Dalla Bella (1790)
  • História do ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano
  • História dos balões
  • O texto poético como documento social
  • As origens de Portugal: história contada a uma criança
  • A composição do ar (Cadernos de iniciação científica)
  • As reacções químicas (Cadernos de iniciação científica)
  • Moléculas, átomos e iões (Cadernos de iniciação científica)
  • A estrutura cristalina (Cadernos de iniciação científica)
  • A energia (Cadernos de iniciação científica)
  • A descoberta do mundo físico (Cadernos de iniciação científica)

Obras de António Gedeão na Biblioteca do ECB

  • Poesias completas: (1956-1967)
  • Poesias escolhidas: antologia organizada pelo autor
  • História Breve da Lua


Para conhecer melhor a vida e a obra de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, sugerimos os sítios:

António é meu nome. Biblioteca Nacional

http://purl.pt/12157/1/#ant#rec#rec


Sítio desenvolvido por Ana Carolina Cassoni © 2007

http://www.romulodecarvalho.net/content/view/1/2/


RÓMULO Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra

Rómulo de Carvalho, Alquimista, pelo professor Carlos Fiolhais

https://www.uc.pt/iii/romuloccv/romulo





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