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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Dia 16 do Advento - Contos de Natal

 

Embrenhei-me neste assombroso livrinho para acordar o espírito de uma ideia. Que ele não ponha o leitor de mal consigo, com os outros, com o tempo ou comigo. Que ele invada agradavelmente a sua casa e que ninguém sinta o desejo de o pôr de lado. O vosso amigo e servo fiel, C. D. (dezembro de 1843)

Do prefácio do autor a O Natal do Sr. Scrooge

Charles Dickens - Contos de NatalPorto: Edição Público, 2002. Tradução de Lucília Filipe.

Contos de Natal, de Charles Dickens, reúne algumas das melhores histórias que associamos a esta época. Em particular, o título Um Conto de Natal ou O Natal do Sr. Scrooge remete-nos de imediato para a visita dos três espíritos ao velho avarento Ebenezer Scrooge. Escrito em 1843, este conto tem sido muitas vezes recriado em produções ficcionais. Inúmeras vezes adaptado ao teatro, cinema e televisão, poucos serão aqueles que ainda não ouviram falar do fantasma do Natal Passado, do fantasma do Natal Presente, do Fantasma do Natal Futuro e do velho avarento que é visitado por estes espíritos que lhe transmitirão o verdadeiro sentido do Natal.

Este é talvez o mais conhecido conto de Natal e um dos mais conhecidos contos da literatura universal. Nele, todo o sortilégio do Natal é tratado na prosa de um dos melhores escritores sociais de todos os tempos, aquele que foi talvez quem melhor soube apreender e transmitir o espírito do Natal!

Nesta edição, encontramos também o conto Os Sinos de Ano Novo – uma história de duendes sobre uns sinos, que repicavam pela saída do ano velho e pela entrada do ano novo.



Charles Dickens nasceu a 7 de fevereiro de 1812, em Landport, na ilha de Portsea, no sul de Inglaterra, e morreu em Higham, no condado de Kent, sudeste de Inglaterra, a 9 de junho de 1870. É considerado o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana e contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa.

Educado pela mãe, que lhe ensinava diariamente inglês e latim, Charles Dickens passava muito do seu tempo a ler infindavelmente — e, com especial devoção, as novelas picarescas de Tobias Smollett e Henry Fielding. Entre os livros da sua infância, encontravam-se também obras de Daniel Defoe, Oliver Goldsmith, bem como Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes, Gil Blas, do francês Alain-René Lesage, e As Mil e uma noites.

Aos 12 anos, numa altura em que a família passava por sérias dificuldades (o pai chegou a estar preso por dívidas), começou a trabalhar numa fábrica que produzia graxa para os sapatos com betume, consistindo o seu trabalho em colar rótulos nos frascos de graxa. Desta experiência, surgiu-lhe um dos temas que mais desenvolveu nos seus romances, o das más condições de trabalho da classe operária inglesa (presente, por exemplo, em Tempos Difíceis, de 1854).

Quando deixou a fábrica, Dickens foi trabalhar para um escritório de advogados. Não gostou do trabalho nos tribunais e começou a colaborar com jornais como cronista judicial e, depois, fazendo relatos dos debates parlamentares e cobrindo as campanhas eleitorais pela Grã-Bretanha fora.

Em 1833, com 21 anos, Charles Dickens enviou para o Monthly Magazine uma pequena crónica, sem assinatura. Um mês mais tarde, verificou que o seu texto fora publicado e era lido por muita gente.

O sucesso levou-o a redigir uma série de crónicas em linguagem leve e fácil, narrando factos reais e fictícios da classe média londrina. Estas crónicas, publicadas no Morning Chronicle, o jornal londrino de maior circulação na época, eram assinadas com o pseudónimo "Boz". Em 1835 publica Esboço de Boz, em dois volumes.

Em 1836, Charles Dickens publicou The Pickwick Papers (Os Cadernos de Pickwick ou As aventuras extraordinárias do Sr. Pickwick, nas edições portuguesas). Esta publicação, apresentada sob a forma de folhetim, revelou-se um êxito literário, o que constituiu um marco na sua carreira, pois conquistou o reconhecimento do público.

Em 1838, na sequência do sucesso anterior, apresentou para publicação o romance Oliver Twist. Considerado o mais sinistro de todos, nele descreve os infortúnios de um rapaz que mora num orfanato e trabalha numa fábrica, e onde, pela primeira vez, chama a atenção para os males sociais da era vitoriana.

Em 1843, publicava o seu mais famoso livro de Natal, A Christmas Carol (Conto de Natal), e, em 1950, a sua obra-prima David Copperfield, livro que transmite uma poderosa experiência humana e, mais uma vez, combate as instituições inglesas: os maus tratos dispensados às crianças nas escolas, as condições dos operários e a humilhação do encarceramento por dívidas (talvez por isso seja considerado o mais autobiográfico dos seus romances).

Charles Dickens morreu em 1870, na sequência de um acidente vascular cerebral, em Higham, Inglaterra. Está sepultado na Abadia de Westminster, junto de outros ilustres escritores ingleses. Na sua lápide, encontra-se escrito: “Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos, com a sua morte, um dos maiores escritores da Inglaterra desapareceria para o mundo".


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