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sábado, 18 de dezembro de 2021

Dia 18 do Advento - Gloria in Excelsis: Histórias portuguesas de Natal


«Possa este conjunto proporcionar aos leitores o prazer e as surpresas que eu mesmo tive ao reler e organizar sequencialmente textos em que eu nunca tinha pensado na perspetiva de uma antologia», (Vasco Graça Moura no prefácio desta antologia)

Gloria in Excelsis: Histórias portuguesas de Natal. Organização de Vasco Graça Moura. Porto: Edição Público, 2003

Nesta antologia, encontramos vinte e oito contos sobre o Natal, escritos por autores portugueses dos séculos XIX e XX, organizados, selecionados e apresentados pelo poeta Vasco Graça Moura.

«[…] podem agora ser traçadas algumas das grandes linhas que caracterizam a história ou o conto de Natal na nossa literatura de ficção: a festividade religiosa (do presépio à missa do Galo) e a sua paralela celebração secular e jubilante quase sempre no plano da família; o contraste mais ou menos chocante entre Graça e desgraça, ou entre grupos e condições sociais; o regresso de alguém que, regra geral, estava ausente havia muito; a evocação do tempo e das vivências do passado; a reconciliação entre os homens; por vezes o sofrimento, a tragédia ou a violência numa quadra que não deveria comportá-los; quase sempre a ruralidade do meio em que a acção decorre (nesta colectânea, todavia, com algumas excepções nítidas); como cenário de fundo, é frequente a contraposição do mau tempo (chuva, frio, neve, ventania) a um ambiente aconchegado e familiar.» (Do Prefácio).

Como é, então, o Natal português? Numa entrevista publicada no jornal Público por altura da primeira edição desta coletânea, em 2003 (patrocinada por este jornal, revertendo parte das vendas para Ajuda de Berço, associação que apoia crianças até aos 3 anos em situações de risco, abandono e exclusão social), Vasco Graça Moura explica que os autores portugueses são "sobretudo sensíveis a um certo clima social, em que convergem a crença, as tradições, a afectividade, as coordenadas culturais ligadas à quadra do Natal, a própria ideia de paz entre os homens que hoje não é necessariamente um valor de matriz religiosa". E diz também que se deparou com algumas surpresas – a principal das quais foi verificar que quase todos os grandes nomes da ficção portuguesa não deixaram de escrever sobre o Natal.

Vasco Graça Moura selecionou textos de José Maria de Andrade Ferreira, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, D. João da Câmara, Abel Botelho, Fialho de Almeida, Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, Vitorino Nemésio, José Régio, José Rodrigues Miguéis, Domingos Monteiro, Miguel Torga, Manuel da Fonseca, Jorge de Sena, Maria Judite de Carvalho, Natália Nunes, José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, Alexandre O'Neill, Altino do Tojal e José Eduardo Agualusa.


Vasco Graça Moura


Poeta, romancista, ensaísta, tradutor, Vasco Graça Moura nasceu na Foz do Douro, Porto, em janeiro de 1942, e morreu em Lisboa, em abril de 2014. Figura incontornável da vida cultural portuguesa, destacou-se também por uma forte intervenção política: foi secretário de Estado de dois Governos provisórios a seguir ao 25 de abril de 1974, desempenhou funções diretivas na RTP, na Imprensa Nacional, na Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e na Fundação Casa de Mateus, foi comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha e diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian.

Juntamente com António Mega Ferreira, foi o autor da proposta de realização da Exposição Mundial de 1998 em Lisboa, que seria considerada pelo Bureau International de Expositions uma das melhores exposições internacionais de sempre.

Em 1999, foi eleito deputado ao Parlamento Europeu.

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, exerceu advocacia entre 1966 e 1983, após o que enveredou definitivamente pela carreira literária, que o haveria de confirmar como um nome central da literatura portuguesa da segunda metade século XX e um dos maiores defensores da língua portuguesa.

Considerado um dos maiores, se não o maior, poeta português contemporâneo, Vasco Graça Moura publicou uma vastíssima obra poética, ensaística e ficcional, e foi um nobilíssimo tradutor e divulgador das literaturas clássicas.

Dos títulos deste autor, podemos salientar os romances Quatro Últimas Canções (1987) e Meu Amor Era de Noite (2001), os livros de poesia Uma Carta no Inverno, que lhe valeu o prémio da APE, e Poemas com Pessoas (ambos de 1997). Foi ainda autor de três ensaios sobre Camões: Luís de Camões: Alguns Desafios (1980), Camões e a Divina Proporção (1985) e Sobre Camões, Gândavo e Outras Personagens (2000).

A sua tradução de A Divina Comédia, de Dante, valeu-lhe em 1995 o Prémio Pessoa, e, em 1998, a medalha de ouro da Comuna de Florença.

Recebeu ainda o Prémio de Poesia do Pen Club (1997), o Grande Prémio de Poesia da APE (1997) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004). Em 2007 foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira e com o prémio de poesia Max Jacob Étranger.

Em Janeiro de 2012, Vasco Graça Moura foi nomeado para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém, substituindo António Mega Ferreira, mantendo-se no cargo até à sua morte, a 27 de Abril de 2014. 

Na biblioteca do ECB, encontram-se disponíveis as seguintes obras de Vasco Graça Moura:

Poesia: 1997-2000 (2002)

Alfreda ou a quimera (romance, 2008)

Por detrás da magnólia (romance, 2008)

As botas do sargento (conto infantil inspirado na obra de Paula Rego, 2008)

Os Lusíadas para gente nova (2012)

A identidade cultural europeia (2013)


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